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Manuel Leal de Oliveira

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Manuel Leal de Oliveira foi uma figura ímpar do Sul da Bahia. Eclético e desinibido, sempre esteve presente nas mais diversas ocasiões relevantes da política e da economia regional. Morou um tempo na Guanabara e São Paulo. Na capital carioca, trabalhou nos jornais Última Hora e Jornal do Commércio. Após tirar a “sorte grande” na Loteria Federal, volta a Itabuna.

Já em terras grapiúna, Manuel Leal adquire, com os recursos da premiação, uma fazenda em Firmino Alves (ex-Itamirim), onde por muito tempo ocupou cargos e a presidência do Sindicato Rural. Como sindicalista patronal rural, demonstrou prestígio e fez parte da diretoria do outrora Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau-CCPC), chegando a ocupar cargos importantes, como a Secretaria.

Foi sócio de alguns empreendimentos, entre eles uma fábrica de balas e uma indústria de química que fabricava água sanitária e alvejante: a Alvex. Usando sua experiência adquirida na área de marketing dos jornais do Rio de Janeiro, promoveu uma revolução na comunicação de Itabuna, junto com o jornalista Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho, ao promover o lançamento do produto utilizando o teaser.

Manuel Leal possuía verve afiada e uma facilidade incrível de fazer amigos – desafetos também –, tornando uma pessoa importante na sociedade regional. Foi fiscal da Prefeitura de Itabuna e, em seguida, nomeado fiscal do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC), que mais tarde se tornou o Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), após a unificação do sistema.

Vida estabilizada – cacauicultor, empresário, funcionário público –, Manuel Leal sempre teve uma grande paixão: o jornalismo. Ainda estudante do Colégio Divina Providência, fundou o polêmico jornal A Terra, que lhe tornou ainda mais conhecido. Logo depois criou o Tribunal Regional, que fizeram história ao falar abertamente do cotidiano, da economia e da política, sempre com uma linguagem afiada, o que não agradava os poderosos.

Desde estudante que era considerado comunista, embora se relacionasse perfeitamente e com destaque com pessoas das mais diversas classes sociais e ideologias, seus amigos e de sua família. De vez em quando um comunista famoso procurado pela polícia era abrigado em sua casa ou fazenda, com todas as honras e mesuras que merecia, a pedido dos tantos amigos.

Em 1987, junto com o escritor e jornalista Hélio Pólvora, Manuel Leal funda os jornais Cacau Letras e A Região, dois jornais elaborados com esmero e que – de cara – ocuparam o merecido lugar na comunicação estadual. E A Região conseguiu chegar ao clímax, influenciando o pensamento e a política regional. E o jornal passou a ser aguardado aos sábados pelo conteúdo altamente polêmico.

Além de Hélio Pólvora, passaram pelo A Região editores e repórteres da mais alta linhagem do jornalismo sulbaiano, mantendo, sempre, o tom “manuelino” que fez história na comunicação regional. Algumas semanas a tiragem de 5 mil exemplares era insuficiente para atender aos ávidos leitores e a gráfica tinha que se desdobrar para aumentar o número de exemplares.

Lembro-me quando editor de A Região – junto com Daniel Thame – inovar na diagramação do jornal, modificando, inclusive, a primeira página para aproveitar uma grande notícia de última hora. Não raro, jornal na gráfica, nos livrávamos das chamadas da primeira página, substituindo-a por um tijolão de três laudas e uma foto de um fato que não poderia deixar de ser publicado.

Com todas essas atividades, Manuel Leal nunca deixou de ser o fiscal do INSS, fiscalizando empresas das cidades baianas. Numa dessas viagens tinha como motorista o seu fiel escudeiro José Emanoel Aquino, o conhecido “Cambão”. Ao se aproximar do posto da Polícia Rodoviária Federal, em Itamaraju, o policial fez o sinal para o veículo em que viajavam parar para fiscalização.

Assim que o policial se aproximava do carro, Manuel Leal sacou do bolso da camisa uma carteira de couro com as armas da República contendo sua carteira funcional do INSS, e brandiu:

– Fiscal federal do INSS. Estou a serviço! – exclamou.

Tranquilo, o policial rodoviário não se intimidou com a carteirada e retrucou em quente:

– E o senhor quer dizer que eu estou aqui brincando, não é…Favor passar os documentos do veículo e do condutor – pediu.

Como não estava acostumado a ser retrucado com veemência, Manuel continuou a viagem até Medeiros Neto sem dar uma palavra com seu amigo “Cambão”.

Manuel Leal foi assassinado após uma denúncia feita pelo jornal A Região. Hoje o jornal é mantido na forma digital pelo seu filho, o jornalista Marcel Leal. 


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Já há no bolsonarismo uma parcela significativa tomada por um desânimo em relação à reeleição do chefe do Palácio do Planalto.

Vale lembrar que depois da redemocratização todos os presidentes conquistaram o segundo mandato consecutivo. Sem dúvida um incontestável sinal de que o cidadão e a cidadã, pelo menos na sua maioria, ficaram satisfeitos com o primeiro governo.

Além desse baixo astral, o nervosismo no staff bolsonarista vai ficando cada vez mais intenso. A rejeição ao presidente Bolsonaro e a seu governo cresce dia a dia. E o que mais preocupa é o fato de que a grande maioria do eleitorado começa a dizer que o combate à corrupção, promessa de campanha do então candidato, é um ledo engano.

Os escândalos envolvendo compras de vacinas, com pedido de propina de um dólar por dose, terminaram jogando uma pá de cal no segundo mandato consecutivo. E ainda tem a CPI da Covid-19, que a cada reunião descobre mais falcatruas com o dinheiro público.

Para complicar, pesquisa da Manhattan Connection aponta que as legendas de centro estão “em cima do muro” sobre o impeachment de Bolsonaro. O levantamento diz também que dos 513 deputados federais, 119 são a favor do afastamento, 78 contra e 319 preferiram o silêncio. Ora, os que não se manifestaram são adeptos fervorosos do pragmatismo. A qualquer momento podem ir para o lado dos que defendem o impeachment ou se juntar com os que são contrários.

As decisões dos pragmáticos, também podendo ser chamados de oportunistas, são assentadas nas pesquisas de intenções de voto e no índice de rejeição ao presidente de plantão. Sempre foi assim. Não é agora que vai ser diferente. Se as consultas mostrarem que Bolsonaro é uma péssima companhia, esses indecisos parlamentares começam a dar os primeiros passos em direção ao remédio amargo do impeachment.

Portanto, ou há uma melhora na imagem do governo, hoje completamente negativa e comprovadamente destroçada, ou vão deixar a maior autoridade do Poder Executivo a ver navios.

A missão do chamado Centrão, do toma lá, dá cá, é ficar com o candidato com mais chances de conquistar o cargo mais cobiçado da República. É evidente que o rompimento não vai ser agora. Ainda há muitas reivindicações a fazer. E o momento é esse, já que o governo está refém do Centrão e sabe que esse agrupamento é o fiel da balança para desengavetar pelo menos um dos vários pedidos de impeachment.

A situação do bolsonarismo é complicada. E o pior é que o ponto que poderia diferenciar do lulopetismo, o discurso do combate à corrupção, vai se tornando cada vez mais frágil. Não à toa que quase 60% do eleitorado, segundo pesquisa publicada pela revista Veja, não querem Lula e nem Bolsonaro.

O bolsonarismo e o lulopetismo estão cada vez mais parecidos, mais especificamente nos escândalos. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Avenida Soares Lopes, em Ilhéus

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Confesso que me inspirei em crônica do Zé Nazal publicada recentemente no blog do Walmir Rosário sobre o “narrador Dalton Gomes”. O empresário e radialista Paulo Kruschewsky realmente tinha cada uma…

De uma certa feita Paulo Kruschewsky combinou com Jorge Caetano e Seara Costa, seus dedicados repórteres, que “sumiriam” dentro da radio e transmitiriam o clássico entre as seleções de Ilhéus e Vitória da Conquista, diretamente da terra do frio, pela Rádio Sociedade da Bahia. “Apareceriam” somente na segunda feira. Assim combinado. Assim feito.

Entretanto, eles não contavam com o famoso imponderável da época nas transmissões pelo rádio.

Aos 35 minutos do primeiro tempo ocorre um pênalti a favor dos ilheenses. Vai para a cobrança o jogador Deco… e “puf” a Radio Sociedade sai do ar… Paulo olha para Seara e este para Caetano… e o Kruschewsky diz: “O Deco não é de perder pênalti. Vou gritar gol…”

Imaginem o suplício de Paulo Kruschewsky e da equipe até a Sociedade voltar ao ar aos 15 minutos do segundo tempo. E o locutor dizia: “O tempo e o placar na terra do frio: Ilhéus 1, gol de Deco cobrando pênalti aos 35 do primeiro tempo; Vitória da Conquista 0.” E o Paulo exclamou: “Eu não disse… Eu não disse…”

E para a alegria de Paulo Kruschewsky e de sua equipe o jogo terminou 1 a 0. Era tanta a alegria que Paulo nem ligou para que Conquista ficava 250 quilômetros distante e meia hora depois foi comemorar com os torcedores ali mesmo com os ilheenses na avenida Soares Lopes…


Ramiro Aquino é jornalista, radialista e cerimonialista.

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Em relação à sucessão estadual, segmentos do PT mais próximos do senador Jaques Wagner são da opinião de que o governador Rui Costa está “dominado”, que vai dançar de acordo com a música tocada pelo lulopetismo wagnerista. Ledo engano.

O morador mais ilustre do Palácio de Ondina não é uma marionete e, muito menos, um boneco de engonço. A candidatura de Rui Costa ao senado da República é muito mais natural do que a de Wagner para o governo do Estado.

É muita petulância ficar agindo nos bastidores com o objetivo de compor uma chapa majoritária deixando Rui Costa de fora. E o pior é que essa articulação tem o aval da cúpula nacional do PT, obviamente com o conhecimento do ex-presidente Lula.

Com efeito, a composição da chapa defendida pela ala do PT soteropolitana é a mesma que o petista-mor quer: Wagner como candidato a governador, o senador Otto Alencar (PSD) disputando à reeleição e o PP de João Leão indicando a vice. Difícil vai ser convencer Rui Costa a permanecer como governador até o último dia do mandato.

A primeira tentativa para tentar dissuadir Rui a não postular o Senado, vai ser prometer um importante ministério em um eventual retorno de Lula ao cargo mais cobiçado do Poder Executivo. Rui Costa acompanha tudo. É um olho no padre, outro na missa.

Só vai se posicionar de maneira mais incisiva em 2022, ano do pega-pega eleitoral. 


Marco Wense é Analista Político

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O polêmico e inquieto senador Angelo Coronel (PSD) volta a preocupar o lulopetismo com suas declarações sobre a sucessão estadual de 2022.

Toda vez que o Coronel é entrevistado, as atenções do mundo político ficam voltadas para o parlamentar, que diz o que tem vontade de dizer, sem fazer arrodeios e usar subterfúgios. O Coronel vai direto ao assunto. Não tem conversinha mole assentada em evasivas e muito cinismo.

A mais recente rebeldia diz respeito à composição da chapa governista para a disputa do cobiçado Palácio de Ondina. O Coronel, ao propor uma majoritária com o PT fora da cabeça e sem a vaga para o Senado, deixa o lulopetismo irritado, tiririca da vida, cuspindo fogo.

Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, os petistas debocham do Coronel. Alguns até insinuam que o senador não está em boas condições mentais. Tem também os que caem na risada com suas declarações. Para o lulopetismo, a candidatura do também senador Jaques Wagner ao governo da Boa Terra é favas contadas. E a do governador Rui Costa para o Senado da República só depende dele. O resto é oba-oba. Na hora da onça beber água, todos darão suas mãos à palmatória.

Acontece que Angelo Coronel não é uma Lídice da Mata (PSB), que faz o que o PT quer, mesmo tendo sua sobrevivência política ameaçada, como aconteceu na eleição de 2018, quando teve que deixar sua natural candidatura à reeleição para o Senado e correr atrás de uma eleição à Câmara dos Deputados.

PSB e PCdoB são legendas que não entram na pauta do lulopetismo nas discussões sobre a sucessão do governador Rui Costa. São tidas como siglas obedientes, incapazes de qualquer ato que contrarie as articulações do PT. As reivindicações e os interesses legítimos do PSB e do PCdoB são sempre deixados para depois.

Já disse aqui, por mais de duas ou três vezes, que só tem uma maneira do senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, encabeçar a majoritária: o PT fechar um acordo nacional com o PSD em torno da candidatura de Lula ao terceiro mandato presidencial. A causa menor, Wagner candidato, abriria mão para a maior, a candidatura do petista-mor.

O Coronel quer Otto como candidato, João Leão como senador e o PT indicando o vice da chapa. E Rui Costa? E Jaques Wagner? Ambos, pensando na causa maior, a eleição de Lula, acatariam a sugestão do Coronel, evitando assim uma eventual debandada do PP do vice-governador João Leão para o grupo de ACM Neto (DEM).

O lulopetismo não confia em João Leão sentado na cadeira de governador com a desincompatibilização de Rui para disputar o Senado. E o fato de Leão ser do PP, legenda aliada do presidente Bolsonaro, tida como a fiel da balança de um pedido de impeachment, faz com que essa desconfiança fique mais acesa.

No mais, esperar a próxima entrevista do Coronel. Não será nenhum espanto, muito menos uma surpresa, se o “sem papas na língua” vier a defender uma majoritária sem o PT.

PS – Não tem como ACM Neto desistir de disputar a sucessão de Rui Costa. Seria seu antecipado enterro político, sucumbindo de vez suas futuras pretensões políticas. Vale lembrar que Neto desistiu na eleição de 2018. Ser taxado de “fujão” não é uma boa coisa. Outro ponto é que o ex-prefeito de Salvador sabe que a rejeição a Bolsonaro na Bahia é grande e tende a crescer mais ainda, o que faz afastá-lo do bolsonarismo. Neto só tem dois caminhos em relação à sucessão presidencial: ou Mandetta, se sair candidato, obviamente pelo DEM, ou apoiar Ciro Gomes (PDT). Com efeito, o ex-ministro da Saúde, quando questionado sobre a possibilidade de ser vice do pedetista, não consegue disfarçar que pensa na hipótese. 


Marco Wense é Analista Político

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A CEPLAC foi implantada em 1962

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Já não se desenha mais a absorção da CEPLAC pela EMBRAPA. Com a nomeação de um Diretor geral que conhece cacau por ouvir falar e, agora, uma coordenadora de pesquisa com mesmo pedigree, as cores foram fixadas.

E como a região esqueceu do que fora a sua instituição, deve estar eufórica e crendo que doravante a cacauicultura será outra.

Há uns 5 anos atrás alertei para certos detalhes, quando se falava nesta hipótese, como a salvação da lavoura. É de bom alvitre reforçar ainda mais a diferença entre as duas Instituições, que são díspares.

A EMBRAPA possui diversos Centros de produtos, tais como soja, fruticultura e mandioca, arroz e feijão, dentre outros. E adicionalmente, Centros de Recursos como o dos Cerrados, do Semiárido.

O CEPEC (Centro de Pesquisas do Cacau), implantado pela CEPLAC em 1962, com uma outra concepção, abrangendo tanto os produtos como os recursos, haja vista as pesquisas e levantamentos tanto nas disciplinas agronômicas (genética, solos, fitopatologia, fisiologia vegetal, entomologia, engenharia da produção, tecnologia de alimentos) quanto referentes aos recursos naturais (Pedologia, botânica, climatologia, fitogeografia, fotogrametria).

Dessa forma, o CEPEC, além das tecnologias de produtos, executava detalhados trabalhos fitogeográficos, pedológicos e climáticos, além dos acervos importantes como o herbário, os arboretos; de ações ecológicas na Estação Pau-Brasil, em Porto Seguro, bem como a instalação de um fundamental campo de germoplasma, em Belém; ou seja, era um centro sistêmico que não segmentava o problema por disciplina ou produto.

Tudo estava numa mesma unidade de pesquisa, possibilitando uma melhor aplicação das tecnologias geradas, bem como facilitando análise e interpretações com vistas a novas ações de desenvolvimento rural integrado.

Por outro lado, trabalhar com cultivos perenes não é a mesma coisa do que lidar com culturas de ciclo curto. A EMBRAPA nos mostrou isso. Muito bem, nestes, mas sendo muito insuficiente naqueles. Uma simples comparação, evidencia ainda mais, se a gente visualiza a Amazônia.

Lá está a pujança do cacau. Quem implantou? Talvez esteja equivocado, mas na mesma magnitude, desconheço a ação da EMBRAPA em outras lavouras perenes.
Não preciso dizer mais nada. Um bom entendedor há de se reflexionar e, quem sabe, dar razão a um pioneiro; neste 2021 completando 58 anos (janeiro de 1963) quando tive minha carteira profissional assinada. (Maceió, 26/06/2021) 


Luiz Ferreira da Silva é pesquisador aposentado, ex-diretor da CEPLAC/CEPEC

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Podemos dizer que a votação apontada nas pesquisas para João Roma, do Republicanos, sigla ligada a Igreja Universal do Reino de Deus, aqui na Bahia sob a batuta do deputado federal e bispo Márcio Marinho, corresponde a 80% de eleitores bolsonaristas.

Outro fato incontestável é que a pré-candidatura do ministro da Cidadania na sucessão do governador Rui Costa (PT) ainda é uma tentativa de levá-lo a ser vice de ACM Neto, que além de ocupar a primeira posição nas consultas de intenções de voto, é o presidente nacional do Partido do Democratas (DEM).

Roma na chapa majoritária encabeçada pelo ex-prefeito de Salvador, que realizou duas boas gestões no comando do Palácio Thomé de Souza, é o maior desejo do bolsonarismo. Se a missão de reaproximá-los falhar, o plano B entra em ação, que é a candidatura de verdade de Roma ao governo do Estado, o que significa um importante palanque para o segundo mandato de Bolsonaro (reeleição).

De agora em diante, tudo que vier do governo federal para a Bahia será creditado a Roma. Vale lembrar que o programa Bolsa Família, vinculado a pasta da Cidadania, terá um aumento e, obviamente, que será atribuído a um esforço, a uma iniciativa do ex-aliado de Neto.

Outro ponto é que não interessa a cria política do ex-alcaide soteropolitano postular o Senado. Ou a vice de Neto ou sair candidato a governador. Nos bastidores do romismo, é dado como certo, favas contadas, que a vaga para o Senado da República não tem como não ser do grupo político do lulopetismo, seja com Rui Costa ou Otto Alencar, dirigente-mor estadual do PSD, buscando sua reeleição.

O cenário, até mesmo em decorrência de que as eleições vão acontecer em 2022, se encontra envolto por um grande e denso nevoeiro, que só vai começar a dissipar, tornando-o mais transparente, depois das águas de março fechando o verão de 2022, como costumo dizer.

Daqui para o início da efervescência do pleito, na hora da onça beber água, como diz a sabedoria popular, muita água para passar debaixo da ponte do emaranhado jogo político ou, se o caro leitor preferir, muita poeira para assentar no chão da sucessão estadual.

O que salta aos olhos, e aí não se tem nenhuma dúvida, é que João Roma saindo candidato ajuda o petista Jaques Wagner. Assim como qualquer rebeldia na base aliada de Rui Costa, principalmente com o PP do vice-governador João Leão, termina beneficiando ACM Neto.

Dessa, digamos, labiríntica e empolgante disputa pelo cobiçado comando do Palácio de Ondina, só se tem uma única certeza: que o próximo governador não tem como não ser ACM Neto, Jaques Wagner ou até mesmo João Roma. É mais fácil encontrar uma pequenina agulha em um gigantesco palheiro do que aparecer outra opção com viabilidade eleitoral e força política para desbancar o trio.

O traiçoeiro e movediço mundo da política, através de seus representantes, uns dignos outros não, uns com espírito público, mas a grande maioria visando os próprios interesses, costuma dizer que na política tudo é possível. Mas é impossível que o substituto de Rui Costa não saia dessa “lista tríplice” pelo voto popular. 


Marco Wense é Analista Político

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Itabuna tem dois PTs: o augustiano, representado pelo vereador Manoel Porfírio, e o que faz oposição ao governo Augusto Castro, que tem o ex-alcaide Geraldo Simões como figura principal.

Porfírio é o líder do governo municipal na Casa Legislativa, que foi até ameaçado de ser expulso do Partido dos Trabalhadores por ter aceito o convite do chefe do Executivo para falar em nome do governo na Câmara de Vereadores.

Vale lembrar que o prefeito de Itabuna é do PSD, legenda que integra a base aliada do governador Rui Costa e é considerada como a mais importante e imprescindível na sustentação política do lulopetismo da Boa Terra. O presidente estadual da sigla é o senador Otto Alencar.

O comandante-mor do diretório municipal do PT, Jackson Moreira, eleito depois de uma disputa acirrada com a professora Miralva Moutinho, segue a orientação de Simões, que já governou o município por duas vezes.

O oposicionismo do petismo grapiúna é silencioso, não tem microfone, auto-falante e, muito menos, megafone. Com efeito, já tem um bom tempo que não faz uma crítica pública ao governo de plantão. O falatório fica restrito aos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus.

Ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem o motivo desse cruzar de braços. O PT de GS tem como obstáculo os elogios de lideranças do partido ao governo de AC. O senador Jaques Wagner, por exemplo, diz que Augusto está fazendo uma gestão exemplar. Outro que coloca o prefeito nas alturas é o deputado estadual Rosemberg Pinto, que é o líder do governador Rui Costa na Assembleia Legislativa (ALBA).

O PT de GS é ligado a Jaques Wagner, pré-candidato à sucessão do Palácio de Ondina no pleito de 2022. Qualquer posicionamento mais duro em relação ao governo de Augusto pode provocar um atrito com Wagner, que não quer que brigas, disse-me-disse e picuinhas interioranas terminem prejudicando sua pretensão de governar o Estado pela terceira vez.

É essa possibilidade de um, digamos, “puxão de orelha”, que faz o PT ligado a Geraldo Simões recuar das críticas, passando a ser uma espécie de aliado constrangido do inquieto, abusado, rebelde e polêmico vereador Manoel Porfírio.

Outro detalhe é que Rui Costa vem tendo um bom relacionamento político com Augusto, o mesmo que tinha com o então prefeito Fernando Gomes, que chegou a colocar um adesivo do PT no seu peito, obviamente do lado esquerdo. O PT de GS, que é wagnesiano, não quer se indispor com o petista-mor, que é a maior autoridade do Poder Executivo estadual.

O oposicionismo do PT de Geraldo Simões só vai sair dos bastidores se o prefeito Augusto Castro, que já foi do tucanato (PSDB), deputado estadual pela legenda, tomar outro rumo político que não seja o de apoiar o ex-presidente Lula na sucessão de Bolsonaro. Uma espécie de “conditio sine qua non” para manter o silêncio.

O prefeito de Itabuna vai seguir o caminho que Otto Alencar decidir percorrer, que depende de como o lulopetismo vai tratá-lo no emaranhado jogo político, mais especificamente no imbróglio da composição da chapa majoritária. A cúpula nacional do PT, com o consentimento de Lula, quer Otto como vice de Jaques Wagner. Como contrapartida, a promessa de assumir um importante ministério em uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial.

Concluo dizendo que os dois PTs de Itabuna estão hoje desunidos, com cada qual cuidando do seu quintal, dos seus interesses políticos. Amanhã podem até fumar o cachimbo da paz, dar às mãos em nome da causa maior: o terceiro mandato do “sapo barbudo”, como dizia o saudoso e inesquecível Leonel de Moura Brizola, fundador do PDT.


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Augusto Castro há 171 dias como prefeito de Itabuna

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Muitos leitores se queixando da modesta Coluna Wense, dizendo que só de “caju em caju” comenta sobre o título acima, dando preferência à sucessão presidencial e as críticas ao governo Bolsonaro.

Wense, vamos falar sobre Augusto Castro, como ele vai se comportar no pleito de 2022. É o pedido que mais ouço das pessoas que acompanham as análises sobre o movediço e traiçoeiro mundo da política.

Comentar política não é fácil. Afinal, mexe com quem está no poder ou pretende conquistá-lo. Cutuca os que se acham poderosos, que não aceitam qualquer comentário negativo e nem mesmo um bom, oportuno e pertinente conselho. “Tem que ter couro de crocodilo”, dizia o saudoso jornalista Eduardo Anunciação na sua conceituada coluna no Diário Bahia.

Abro um parêntese para dizer, mais uma vez, que não sou nada relacionado aos meios de comunicação. Escrevo porque gosto e sem nenhuma contrapartida. Confesso que não consigo ficar um só dia sem escrever. Tem gente que fica com dor de cabeça em decorrência do stress. Eu quando não escrevo, mesmo que não seja para publicar.

Voltando à política, onde os menos espertos conseguem beliscar azulejo, não tem como deixar o governo Bolsonaro de lado. A última notícia desastrosa é o bloqueio de R$ 5 bilhões de verbas da ciência e tecnologia, o que vai prejudicar os estudos sobre a covid-19. Enquanto isso, se cria um tal de “orçamento secreto” de R$ 3 bilhões para atender o toma lá, dá cá, dos senhores parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional.

O site da Uol Notícias, na edição de ontem, sábado, 19, traz uma matéria sobre a vacina Coronavac e sua eficácia em 97% para casos graves. Mas o que chamou atenção foi a suspeita de que o ministério da Saúde tem um plano para “abandonar o uso da Coronavac no Brasil”.

Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que a questão é política, já que o instituto Butantan é ligado ao governo de São Paulo, que tem o atual chefe do Executivo, João Doria, como pré-candidato do PSDB à presidência da República em 2022. Portanto, a politicagem em detrimento da vida do ser humano. Vale lembrar que atingimos a triste marca de mais de meio milhão de mortos pela cruel, devastadora e impiedosa covid-19.

No tocante ao alcaide Augusto Castro, o gestor só vai tomar uma posição ou emitir qualquer opinião sobre as sucessões estadual e nacional lá para o mês de março ou abril de 2022. Não interessa ao governo municipal ficar criando atritos desnecessários com grupos políticos.

Reafirmo que Augusto vai se comportar de acordo com a orientação do senador Otto Alencar, presidente estadual da sua legenda, o PSD. O parlamentar espera a decisão do lulopetismo sobre o imbróglio na arrumação da chapa majoritária encabeçada pelo petista Jaques Wagner.

Outro problema que, mais cedo ou mais tarde, Augusto terá que enfrentar, diz respeito ao vice-prefeito Enderson Guinho, que foi eleito vereador pelo PDT, depois se filiou ao Cidadania e agora virou demista, aliado de primeira hora de ACM Neto, dirigente-mor nacional do Partido do Democratas (DEM).

É evidente que o discurso agora é de que não há problema nenhum com o vice-prefeito. Não interessa a ambos criar arestas neste momento. Mas lá na frente, na efervescência da campanha, com o vice sendo candidato a deputado federal e pedindo votos dentro da prefeitura para ACM Neto, postulante ao governo da Bahia, os atritos serão inevitáveis. Vale ressaltar que a primeira-dama, Andrea Castro, é candidata à Assembleia Legislativa (ALBA) em dobradinha com Paulo Magalhães, que vai atrás da sua reeleição para à Câmara Federal. O ex-carlista de carteirinha é do mesmo partido do prefeito de Itabuna.

Outro ponto que não pode passar despercebido, e que já causa uma certa preocupação entre os correligionários mais próximos do prefeito, é que uma eventual vitória de ACM Neto na disputa pelo Palácio de Ondina, vai oxigenar a pretensão do vice de ser candidato a prefeito de Itabuna na sucessão de 2024, o que pode prejudicar o sonho de Augusto de quebrar o tabu do segundo mandato consecutivo, já que nenhum chefe do Executivo conseguiu se reeleger na história política de Itabuna.

Concluo dizendo ao caro leitor que vou comentar mais sobre a política municipal. De quatro análises, vou reservar uma para o comportamento de Augusto Castro diante das eleições de 2022.

PS – Assim que soube da intenção do governo federal em boicotar a vacina Coronavac, o diretor do conceituado instituto Butantan, Dimas Covas, em tom de desabafo e revolta, disse que tudo não passava de “um ataque combinado contra a vacina por parte dos negacionistas”. Que coisa, hein! Diante de mais de 500 mil óbitos, a manchete da politicagem nos jornais. Coitado do nosso Brasil. 


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Nas primeiras notícias de que o apresentador de TV Luciano Huck, o ex-juiz Sérgio Moro e o empresário João Amoêdo estavam dispostos a disputar a sucessão de Bolsonaro, o meu comentário foi de que os três desistiriam antes mesmo do início do ano eleitoral de 2022.

Fui severamente criticado, mesmo dizendo os motivos que levariam os agora ex-presidenciáveis a renunciar da empreitada, do longo caminho para chegar ao maior e mais cobiçado cargo do Poder Executivo.

Deu no que deu: Huck se acertou com a Globo para assumir o lugar de Faustão nas tardes de domingo. Moro é uma espécie de consultor da Odebrecht, naturalmente ganhando um bom salário. E Amoêdo, dirigente-mor do Novo, não conseguiu unir a sigla em torno de sua legítima pretensão de comandar o Palácio do Planalto.

Pelo andar da carruagem, a eleição presidencial vai ficar restrita a Lula (PT), Bolsonaro (sem partido), buscando à reeleição, Ciro Gomes (PDT), João Doria pelo PSDB (ou outro candidato do tucanato) e o ex-ministro da Saúde Mandetta (DEM).

Se a chamada terceira via não se entender em torno de um nome, a polarização entre Lula e Bolsonaro fica mais consolidada. O antipetismo e o antibolsonarismo, que representam uma significativa parcela do eleitorado, caminhando para 60%, se espalham entre as outras opções, o que significa um inevitável segundo turno entre Lula e Bolsonaro.

Essa polarização entre um passado marcado por escândalos de corrupção e um presente sem perspectiva de futuro dentro das regras democráticas, respeitando o Estado de direito, que tem a Constituição como escudo contra ímpetos ditatoriais, vai levar a uma campanha sangrenta.

O título da coluna foi inspirado no comentário da sempre bem informada jornalista Eliane Cantanhêde, na edição de ontem, 16, no Estadão. Veja abaixo o que diz Cantanhêde sobre a disputa Lula versus Bolsonaro.

” Será uma campanha sangrenta, com acusações de corrupção, ameaças à democracia e risco de um grande fuzuê depois da abertura das urnas. O que, obviamente, aumenta ainda mais a ansiedade por opções de centro e a responsabilidade dos que merecem ser chamados de líderes”.

O Brasil, que precisa de paz, harmonia e muito diálogo com todos os segmentos não só da sociedade como do mundo da política, não pode ficar nessa encruzilhada de uma polarização entre o “mito” da direita e o “mito” da esquerda. 


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