Depois de jogar a toalha, se dizendo arrependido pelas críticas que fez ao STF, mais especificamente aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Barroso, o presidente Jair Messias Bolsonaro dar sinais de que só espera a poeira assentar para voltar a ser o Bolsonaro original.
Ao ser questionado sobre o recuo aos ataques à instância máxima do Poder Judiciário, respondeu com um “deixa acalmar”, deixando nas entrelinhas que a qualquer momento vai reiniciar o confronto com as instituições, que é só uma questão de tempo.
Possa ser que esse “deixar acalmar” seja apenas uma estratégia para não afugentar a ala bolsonarista mais radical, que hoje se sente traída pelo “mito”. O problema é que o leite já foi derramado e não tem mais como retornar ao vasilhame.
Os bolsominions de raiz, os mais, digamos, ideologicamente bolsonaristas, caracterizados como de extrema direita, estão revoltados com a jogada de toalha do chefe do Palácio do Planalto, que além de pedir arrego ao ministro Moraes, através de uma carta elaborada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), ainda fez elogios ao integrante da Alta Corte.
Só faltou um outro ex-presidente da República para ajudá-lo em outra missiva para Luís Barroso, hoje no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com efeito, fez um duríssimo pronunciamento contra Bolsonaro.
A expectativa agora fica por conta das próximas pesquisas, que devem apontar não só uma queda nas intenções de voto como um aumento na já preocupante rejeição a Bolsonaro, o que pode trazer à tona a discussão de que sua ida para o segundo turno não é mais uma invencionice da oposição.
O que se observou ontem foi uma grande revolta dos bolsominions, muitos já declarando que não vão mais votar no “mito”, incluindo aí uma parte significativa dos caminhoneiros. Muitos deles achando que foi apulhalado pelas costas, que o diga Zé Trovão.
A pergunta que não pode deixar de finalizar o comentário de hoje : O bolsonarismo terá coragem de convocar um novo ato em defesa do presidente de plantão?
O representante-mor da “nova” política deixou o bolsonarismo órfão, a ver navios, decepcionado com seu líder.
Marco Wense é Analista Político