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O INFERNO ASTRAL, CENTRÃO E O IMPEACHMENT

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Já há no bolsonarismo uma parcela significativa tomada por um desânimo em relação à reeleição do chefe do Palácio do Planalto.

Vale lembrar que depois da redemocratização todos os presidentes conquistaram o segundo mandato consecutivo. Sem dúvida um incontestável sinal de que o cidadão e a cidadã, pelo menos na sua maioria, ficaram satisfeitos com o primeiro governo.

Além desse baixo astral, o nervosismo no staff bolsonarista vai ficando cada vez mais intenso. A rejeição ao presidente Bolsonaro e a seu governo cresce dia a dia. E o que mais preocupa é o fato de que a grande maioria do eleitorado começa a dizer que o combate à corrupção, promessa de campanha do então candidato, é um ledo engano.

Os escândalos envolvendo compras de vacinas, com pedido de propina de um dólar por dose, terminaram jogando uma pá de cal no segundo mandato consecutivo. E ainda tem a CPI da Covid-19, que a cada reunião descobre mais falcatruas com o dinheiro público.

Para complicar, pesquisa da Manhattan Connection aponta que as legendas de centro estão “em cima do muro” sobre o impeachment de Bolsonaro. O levantamento diz também que dos 513 deputados federais, 119 são a favor do afastamento, 78 contra e 319 preferiram o silêncio. Ora, os que não se manifestaram são adeptos fervorosos do pragmatismo. A qualquer momento podem ir para o lado dos que defendem o impeachment ou se juntar com os que são contrários.

As decisões dos pragmáticos, também podendo ser chamados de oportunistas, são assentadas nas pesquisas de intenções de voto e no índice de rejeição ao presidente de plantão. Sempre foi assim. Não é agora que vai ser diferente. Se as consultas mostrarem que Bolsonaro é uma péssima companhia, esses indecisos parlamentares começam a dar os primeiros passos em direção ao remédio amargo do impeachment.

Portanto, ou há uma melhora na imagem do governo, hoje completamente negativa e comprovadamente destroçada, ou vão deixar a maior autoridade do Poder Executivo a ver navios.

A missão do chamado Centrão, do toma lá, dá cá, é ficar com o candidato com mais chances de conquistar o cargo mais cobiçado da República. É evidente que o rompimento não vai ser agora. Ainda há muitas reivindicações a fazer. E o momento é esse, já que o governo está refém do Centrão e sabe que esse agrupamento é o fiel da balança para desengavetar pelo menos um dos vários pedidos de impeachment.

A situação do bolsonarismo é complicada. E o pior é que o ponto que poderia diferenciar do lulopetismo, o discurso do combate à corrupção, vai se tornando cada vez mais frágil. Não à toa que quase 60% do eleitorado, segundo pesquisa publicada pela revista Veja, não querem Lula e nem Bolsonaro.

O bolsonarismo e o lulopetismo estão cada vez mais parecidos, mais especificamente nos escândalos. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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