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Os senadores: Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD)

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Dos três senadores que representam a Bahia no Congresso Nacional, só Otto Alencar não deixou nenhuma dúvida sobre sua posição em relação à CPI da Covid-19. O presidente estadual do PSD vem tendo uma atuação combativa na Comissão Parlamentar de Inquérito.

Os outros dois senadores, Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD), caminham em direção oposta a de Otto, deixando o eleitor na incerteza sobre o posicionamento de ambos em relação à CPI, que tem como precípua função apurar as responsabilidades das autoridades diante da terrível crise sanitária e humana.

O ex-governador Jaques Wagner, pré-candidato a um terceiro mandato como chefe do Palácio de Ondina no pleito de 2022, foi contra a instalação da CPI. O detalhe que chama mais atenção é que Wagner ainda não deu uma explicação pública sobre sua decisão, fugindo do assunto como o diabo da cruz.

É evidente que Wagner vai ser questionado durante a campanha eleitoral. Seus adversários na disputa pelo comando do governo do Estado vão querer saber por que o petista ficou contra a CPI, recusou a ser signatário da petição para sua instalação no Senado da República.

Obviamente que Wagner, com toda sua experiência, tido como um articulador político ágil e perspicaz, não iria tomar uma decisão dessa envergadura sem primeiro conversar com o ex-presidente Lula, que até as freiras do convento das Carmelitas sabem que trabalha nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, contra o impeachment de Bolsonaro.

Ora, não é interessante para o lulopetismo ter outro adversário no segundo turno que não seja Bolsonaro. O raciocínio é o mesmo pelo outro lado. Ou seja, o bolsonarismo quer também Lula no segundo round eleitoral. Tanto Lula como Bolsonaro perdem para Ciro Gomes, presidenciável do PDT, que é o nome mais viável da terceira via, do movimento “Nem Lula, Nem Bolsonaro”, que já corresponde a 60% do eleitorado que não querem os extremos, nem o “mito” da esquerda e, muito menos, o “mito” da direita, nem a volta de um passado marcado por escândalos de corrupção e nem um governo que despreza, desdenha o mundo da ciência, muitas vezes debochadamente.

O senador Angelo Coronel não assinou a nota da CPI da Covid-19 sobre o pronunciamento de ontem, quarta-feira, 2, em cadeia de rádio e TV, do presidente Jair Messias Bolsonaro, que o fez em decorrência não só do bom trabalho da CPI, que vai de vento em popa, com depoimentos firmes e explosivos, como dos protestos nas ruas contra o negacionismo, que é o maior parceiro da pandemia.

Não tem como fugir das obviedades e dos inquestionáveis argumentos da nota da CPI sobre a “inflexão” de Bolsonaro. “Veio com um atraso de 432 dias, desde 24 de março do ano passado, quando o presidente classificou a Covid como uma “gripezinha”, também em um pronunciamento em rede nacional de TV”, diz um trecho da nota.

Para os parlamentares que assinaram o documento, o atraso de 432 dias é “desumano” e “indefensável”. A nota lembra que “o governo não se empenhou na compra de 130 milhões de doses da CoronaVac e da Pfizer, o que seria suficiente para imunizar cerca de metade da população vacinável do Brasil”. O governo deixou de comprar as vacinas em 2020. A coronaVac por birra política com o governador de São Paulo João Doria (PSDB) e ideológica com a China.

Os senhores senadores signatários da nota são da opinião de que “embora o pronunciamento do presidente sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais”. Lamenta a perda de tantas vidas e dores que “poderiam ter sido evitadas”.

Além de Jaques Wagner, tem agora Angelo Coronel precisando tornar público os motivos que fizeram com que não assinasse a nota da CPI da Covid-19.

Vale lembrar que a pandemia do cruel, devastador e impiedoso novo coronavírus, reforçado na sua crueldade pelas novas variantes, caminha a passos largos para triste marca de 600 mil óbitos, vidas humanas sendo ceifadas pela terrível covid-19, que tem como maior aliado o negacionismo, o desdém com o mundo científico. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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