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No seu primeiro pronunciamento após se tornar elegível, o ex-presidente Lula fez duras críticas ao comportamento das igrejas na pandemia do novo coronavírus. Só faltou dizer que esses templos religiosos são também responsáveis por muitos óbitos.

O petista-mor disse que “muitas mortes poderiam ter sido evitadas, que o papel da igreja é ajudar para orientar as pessoas, não é vender grão de feijão”.

Nas entrelinhas, o líder do lulopetismo acusa os senhores líderes religiosos de ganhar dinheiro aproveitando da gravíssima crise sanitária e humana, que, pelo andar da carruagem, pode alcançar, ainda no primeiro semestre de 2021, a triste marca de 500 vidas ceifadas pela covid 19.

Algumas lideranças do lulopetismo da Bahia acharam que Lula exagerou na dose. Lembraram que o discurso vai criar mais obstáculos na tentativa de reconquistar a confiança do segmento religioso, principalmente em relação aos evangélicos, que começam a se afastar do bolsonarismo. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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ACM Neto (DEM) vs Jaques Wagner (PT)

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A elegibilidade do ex-presidente Lula, em decorrência da atuação desastrosa do ex-juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato, jogando na lata do lixo a imprescindível imparcialidade que deve ter o julgador, mudou o cenário da sucessão do governador Rui Costa (PT). Aí uma afirmação que não tem opinião contrária, que não pode ser contestada. Ninguém, pelo menos em sã consciência, vai de encontro ao óbvio ululante.

O senador Jaques Wagner, cuja pré-candidatura ao Palácio de Ondina estava sendo questionada na própria base aliada, agora vive a certeza de que sua postulação a governar a Bahia pela terceira vez é intocável. O protagonismo das articulações passa a ser de Wagner. O governador Rui Costa, em que pese ser a maior autoridade do Poder Executivo estadual, fica como coadjuvante.

Vale lembrar que a missão do lulopetismo, como já comentei na coluna de ontem, é convencer Rui Costa a permanecer como governador até o último dia do mandato, desistindo da sua pretensão de buscar uma vaga no Senado. A intenção é facilitar o entendimento em torno da composição da chapa majoritária. Como contrapartida pela desistência, a promessa de assumir um ministério em caso de vitória de Lula.

A rebeldia na base aliada, assentada no forte argumento de que o PT está caminhando para 16 anos no poder, e que agora seria aconselhável apoiar um nome de outra legenda, obviamente da base de sustentação política do governo Rui Costa, começa a dar os primeiros sinais de fraqueza, fica politicamente desnutrida.

Com Lula na disputa presidencial, com as pesquisas de intenções de voto mostrando que sua votação no eleitorado baiano pode chegar perto dos 60%, o discurso da renovação vai para o congelador. O senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, já sabe que sua pretensão de sair candidato ao governo do Estado foi defenestrada com a irreversível candidatura de Lula na sucessão de Bolsonaro.

Toda essa euforia, esse alvoroço com a reviravolta, que surpreendeu o lulopetismo, que já não tinha nenhuma esperança que Lula ficasse elegível para o pleito de 2022, é a prova inconteste de que a então pré-candidatura de Fernando Haddad não era levada a sério. Até os próprios companheiros, em conversas reservadas, diziam que o “poste” de Lula estava tendo dificuldades em consolidar seu nome como presidenciável.

E ACM Neto? O democrata, presidente nacional do DEM, ex-prefeito de Salvador, com uma invejável aprovação, com mais de 70% dos soteropolitanos satisfeitos com suas duas gestões no comando do Palácio Thomé de Souza, vive o dilema do isolamento político.

O ex-alcaide pensou que sua condição de comandante do DEM nacional iria contribuir para o fortalecimento de sua pré-candidatura ao governo da Bahia. O tiro terminou saindo pela culatra. Neto só arrumou problemas. Entre eles a perda do apoio do MDB em decorrência de sua posição na eleição da Câmara dos Deputados. Os irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio, que ainda exercem forte influência no emedebismo baiano, estão a um passo de apoiar Jaques Wagner. Lúcio até comemorou a declaração do deputado Rosemberg Pinto, líder do governo Rui Costa na Assembleia Legislativa, de que a legenda é bem vinda. “Não somos mais leprosos”, disse o irreverente e polêmico Lúcio Vieira Lima.

Como não bastasse o “Lula Livre”, ACM Neto, além de se afastar do bolsonsarismo, não deu continuidade nas conversas com o PDT em relação a Ciro Gomes, pré-candidato da sigla na sucessão do Palácio do Planalto. Neto não tem palanque nacional. Sua tábua de salvação passa a ser a filiação de Luciano Huck ao DEM e, como consequência, o nome da legenda na disputa pela presidência da República.

As nuvens da sucessão estadual, antes cinzentas para o senador Jaques Wagner, caminham em direção a ACM Neto. Mas ainda é cedo para o “já ganhou” que começa a tomar conta do staff petista.

“Política é como a nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”, dizia o já falecido José de Magalhães Pinto, ex-governador de Minas e figura de destaque do movimento conspiratório que culminou com o golpe militar de 1964. 

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Marco Wense é Analista Político

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A imagem de apoiadores do presidente Jair ‘Messias’ Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo – principal centro financeiro do país – protestando contra o uso de máscaras só mostra a que ponto o ser humano pode chegar para adorar, idolatrar e seguir cegamente um ‘líder’.

O atual presidente conquistou milhões de fiéis seguidores com o seu discurso fascista, de extrema direita, ao ponto de convencer boa parte dos que o acompanham a não usarem máscaras e duvidarem da vacina. As consequências das falas esdrúxulas do ‘Messias’ foram vistas no protesto da Paulista, com a negação do uso da máscara e da doença.

Vendo esse cenário de tragédia e cegueira coletiva anunciada no Brasil eu lembrei do ‘pastor’ Jim Jones, do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã, que em novembro de 1979 convenceu 918 pessoas a morreram em um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, na Floresta Amazônica, no território da Guiana. Eu particularmente tenho medo dos extremos, independente do lado, o extremismo é perigoso.

Essa semana vi a notícia de uma enfermeira que morreu de Covid por se negar a tomar a vacina e seguir os protocolos exigidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Ano passado, um médico ilheense do Hospital Costa do Cacau morreu tentando curar a Covid com o coquetel (Cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina) indicado pelo presidente. O médico era hipertenso e não resistiu. São muitos casos de seguidores morrendo cegamente, negando seguir o protocolo, enquanto a mãe do presidente já foi vacinada com a vacina chinesa.

A cegueira dessa ‘legião’ de seguidores é algo preocupante. A mudança é compreensível, pois o povo queria algo novo. A população queria o combate à corrupção e uma nova política sem conchavos, sem as famosas compras de votos no ‘Centrão’. Depois de 15 meses de governo o que conseguimos ver é uma grande crise econômica, desemprego em larga escala, inflação e um aumento monstruoso na no valor da cesta básica e nos derivados de petróleo.

O Brasil hoje é motivo de preocupação mundial. Entramos no terceiro mês de 2021, com muita falácia e pouca ação – por parte do presidente e sua equipe – no combate à pandemia. Segundo o comandante dessa Nau chamada Brasil é preciso “diminuir a frescura, com menos mimimi”.

Vale ressaltar que enquanto tem país vacinando milhões de pessoas a cada dia, o Brasil segue a passo de tartaruga, vacinando a ‘conta-gotas’, em um ritmo que levará alguns anos para imunizar toda a população. Com isso os números só crescem. Precisamos de mais ação concreta e menos falácia! 

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Arnold Coelho
Distante dos extremos

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Até quando o silêncio diante dos aumentos dos preços dos combustíveis?

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Se houver o sétimo aumento e nada acontecer, das duas uma: ou o presidente Bolsonaro está passando mel na boca dos caminhoneiros ou esses bravos trabalhadores estão acreditando no “conto da carochinha”. E aí eu incluo os motoristas de táxi, aplicativos, enfim, todos que vivem dessa honrosa atividade.

Até quando o silêncio diante dos aumentos dos preços dos combustíveis?

Com efeito, o ex-ministro da Fazenda do então governo Itamar Franco, Ciro Gomes, já vem há muito tempo dizendo que essa política de reajuste dos preços dos combustíveis está totalmente errada.

Ciro, que é presidenciável pelo PDT, aponta as soluções para por fim nesses aumentos. 

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Marco Wense é Analista Político

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Devolveram os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista-mor sai da condição de inelegível para a de pré-candidato ao Palácio do Planalto no pleito de 2022.

As consequências políticas do “Lula Livre” são muitas. Vou analisar três pontos: eleição presidencial, sucessão estadual da Bahia e o ex-juiz Sérgio Moro.

Começando por Moro, que passou um bom tempo como personagem principal da Operação Lava Jato, é quem vai sair mais ridicularizado de todo esse pega-pega. Até Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, tido como o “az de ouro” do Centrão, cheio de processos na Justiça, resolveu tirar sarro do ex-aliado de Bolsonaro: “Lula pode até merecer. Moro, jamais!”, disse Lira ao ser questionado sobre a decisão monocrática do ministro Edson Fachin (STF).

E para piorar mais ainda a situação do ex-juiz, as provas e os argumentos da sua parcialidade nos julgamentos no âmbito da Lava Jato, que agiu com interesse político, vão aparecer de maneira mais consistentes e inquestionáveis. Vale lembrar que Moro, além de um ex-juiz, é também um ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Bolsonaro. O que se comenta é que o cargo foi uma espécie de contrapartida pela sua atuação na Lava Jato. Não podemos esquecer que o desenrolar da operação e o antipetismo foram os maiores “cabos eleitorais” do então candidato Bolsonaro.

E a sucessão do governador Rui Costa? Lula candidato significa que a candidatura do senador Jaques Wagner ao governo da Bahia fica irreversível 100%. A do ex-alcaide soteropolitano, ACM Neto, presidente nacional do DEM, sofre um abalo considerável. A missão do lulopetismo passa a ser convencer o chefe do Palácio de Ondina a não disputar o Senado, o que significa uma formação da chapa majoritária sem causar nenhum aborrecimento na base aliada, mais especificamente e, principalmente, com o PSD do também senador Otto Alencar, que sairia candidato à reeleição, e o PP do vice-governador João Leão, que indicaria o vice de Wagner. Nessa arrumação, que tornaria Wagner ainda mais forte, Rui Costa ficaria no governo até o último dia do mandato. Seria prometido a Rui um ministério em uma eventual vitória de Lula.

E a sucessão presidencial? Se a eleição caminhar para uma polarização com Bolsonaro e Lula, não tenho a menor dúvida que vai ser o processo sucessório mais enlameado da história da República, de uma baixaria e troca de ofensas jamais presenciadas em uma campanha, não só entre os candidatos, como envolvendo os filhos, obviamente de Lula e Bolsonaro.

O Brasil não merece o extremismo de esquerda e, muito menos, o de direita. Uma eleição com os bolsominions dizendo que Lula é “ladrão” e os lulominions chamando Bolsonaro de “genocida”.

Sobre essa polarização, que a grande maioria dos analistas políticos acha favas contadas, eu penso diferente. O gigantesco e enraizado antipetismo e o cada vez mais crescente antibolsonarismo vão procurar uma opção para se livrar do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, como diz a sabedoria popular.

Não há como pensar no futuro voltando ao passado e nem reelegendo um presidente que não enxerga o amanhã. 

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Marco Wense é Analista Político

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O que mais tenho ouvido nas últimas semanas de autoridades municipais, estaduais e federais, pessoas públicas (atores, cantores, jogadores, personalidades conhecidas), amigos, conhecidos e desconhecidos é a frase FIQUE EM CASA! Vou tentar explicar no bom e velho português para quem é esse recado, pois essa frase virou arma de disputa política-ideológica.

O Brasil (pra variar) adora seguir tendência vinda do lado norte do nosso continente e está – de forma inconsciente – seguindo o caminho da política norte-americana onde ou você é Democrata ou é Republicano. Aqui no Brasil a extrema direita bolsonarista tem tratado toda oposição ao atual governo como petista ou ‘esquerdista’, e com isso o país se dividiu em Direita ou Esquerda, onde o lado ‘D’ recrimina essa frase, dizendo que precisa trabalhar, e o lado ‘E’, usa essa frase com um mantra para salvar vidas.

Na verdade, essa frase não é um apelo para uso político, é um recado para os aposentados (na grande maioria idosos) que adoram sair de casa; jovens que ainda não têm trabalho e estão estudando remotamente, mas adoram sair e circular; donas de casas que vão diversas vezes à rua para comprar qualquer coisa ou bater perna e todo ou qualquer indivíduo que tem o costume de visitar o comércio e botar o papo em dia com os amigos.

A incômoda frase serve também para famílias que viajam nos finais de semana para pegar uma praia ou vão ao shopping e aproveitam para visitar parentes; aqueles ‘gaiatos’ que adoram comemorar qualquer coisa; aquela galera jovem que adora paredão, festas clandestinas e até mesmo os evangélicos que não sabem orar ou conversar com Deus em casa, precisam aglomerar em igrejas. Gente, Deus vai ouvir as suas preces dentro da sua casa. Tenham certeza de que Ele está vendo tudo e vai compreender a sua não ida à igreja.

Quem precisa trabalhar tem saído diariamente para tal. Se as classes citadas acima ficarem em casa, todos os que precisam trabalhar poderão sair e ganhar o seu pão de cada dia. A frase FIQUE EM CASA! Não é para você, TRABALHADOR. Como será o Brasil sem médicos, motoristas, garis, padeiros, profissionais liberais, da construção civil, enfim, como ficará o país se todos ficarem em casa? Ninguém quer parar o Brasil. O que se pede é que só saia de casa quem realmente precisa sair para trabalhar e comprar alimentos ou medicamentos. Falta pouco, minha gente! Como diz aqui na Bahia: ‘Mais longe já teve!’ 

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Arnold Coelho
Trabalhando em casa

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O irreverente e polêmico comentarista político, hoje em um lugar chamado de eternidade, como ele gostava de dizer quando uma pessoa se despedia do planeta Terra, foi um jornalista que marcou a imprensa de Itabuna.

O inesquecível Duda tinha um jeito de analisar os fatos políticos com uma invejável sabedoria. Sua conceituada coluna “Política, Gente, Poder”, no então Diário do Sul, que depois passou a ser Diário Bahia, era leitura obrigatória, principalmente para quem gostava do mundo político.

Tive a honra de receber todo o acervo jornalístico de Duda, meu primo querido. São muitas fotos, artigos que nunca foram publicados e duas atas interessantes: a do Centro Popular de Formação Política de Itabuna e da criação da “Turma da Jaca”. Em outra oportunidade falo desses dois movimentos idealizados por Duda.

Segue abaixo comentários de Eduardo Anunciação enviado para o então site “Política, Gente, Poder”, que criamos. Com efeito, Duda dizia, em tom de brincadeira, mas com uma certa revolta e espantado, que estava se transformando em um “jornalista cibernético”.

“O voto tem inconfidências, sentimentos, mistérios, encantos, mágicas. O voto, enfim, é um armazém de múltiplos sentimentos humanos. Fundamentalmente, o voto não é um ato de justiça. Há quem exaustivamente defenda que o voto é preferência. O intelectual, jornalista, civilista, escritor, sábio Rui Barbosa, perdeu precisamente em 1910 uma eleição para presidente da República para o obscuro marechal Hermes da Fonseca”.

“Na verdade, nenhum homem público, nenhum político simboliza a esperança de uma comunidade, de todos os homens, de uma nação. O comentário tem validade até para aqueles que foram considerados estadistas, como Jesus Cristo, Roosevelt, De Gaulle, Lincoln, Gandhi, entre outros”.

“Fico espantado quando desinformados reacionários, segmentos elitistas defendem o diploma para os políticos, como se a democracia fosse regime exclusivo para doutores. Do político queremos sensibilidade humana, combate as desigualdades, equilíbrio emocional, governar para a maioria sem ter preconceito com as minorias. Do político queremos honestidade, liderança, bom senso. Que validade tem o título de doutor, o diploma, se o político é desonesto, é autoritário, inimigo da democracia?”.

Esse é o Duda, o nosso saudoso e inesquecível Eduardo Anunciação.

PS- Não tenho registro das datas dos comentários, que foram publicados no site “Política, Gente, Poder”. 

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Marco Wense é Analista Político

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Governos e sociedade seguem travando batalhas, aqui e ali, mas a guerra contra a Covid-19 está cada vez mais longe de ser vencida.

Durante a história da humanidade, muitas guerras foram vencidas pela exaustão, seja de recursos, seja da fé.

Sem alternativa, trabalhamos no modo reativo. Emparedados pelo inimigo, cuidamos de abrir espaços montanha adentro, onde possamos internar mais e mais vítimas e dar-lhes uma chance de sobrevida. Mais hospitais, mais leitos, mais UTIs. Até quando isso será possível? Até quando seguiremos dando corda a esse monstro, tal qual fez o Capitão Pollard, a bordo do seu Essex, em perseguição à Moby Dick (e que ao final ainda destruiu a todos)? Quando partiremos para cima da besta desferir o golpe mortal?

Não vejo significativa possibilidade de interrupção da disseminação da Covid19, no curto prazo. A não ser através de um amplo e irrestrito programa de vacinação, para o qual toda e qualquer vacina, custe o que custar, venha de onde vier, deverá ser empregada. Mas nesse caminho há todos os tipos de percalços. Há falta de humildade e sensibilidade humanitária da ANVISA, mais preocupada em não perder seu espaço no clubinho de agências internacionais; há falta de vontade política, de coragem, de garra, para se romper com todas as barreiras, sejam elas quais forem. Não se há de arguir perda de soberania nacional, quando tantos e tantos países, igualmente soberanos aceitam as regras do jogo, para salvar o seu povo.

Já está bastante claro para todos que, no ritmo que vamos, essa ilusão vacinal está a contribuir para uma falsa sensação de segurança. Mais cruel ainda é a traição à esperança do povo, que vai a se consumir diante da emergência e disseminação de mutações com enorme potencial destrutivo.

Atrasar a imunização da população em plena pandemia é um dos maiores crimes humanitários que nosso país está a cometer. A posteridade julgará os seus dirigentes. Tardiamente, no entanto.

A história se repete e é cruel com os fracos. É hora de alguém assumir o timão.

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Fábio Vilas Boas é Secretário de Saúde da Bahia

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A palavra da moda agora para enfrentar o cruel novo coronavírus é “milagre”. Ela não tem ideologia. Falo das “gotas milagrosas” e do “spray milagroso”.

Os milagres não têm nenhuma comprovação científica no tratamento da covid-19, que pelo andar da carruagem, pelo menos aqui no Brasil, em decorrência da irresponsabilidade do governo federal e da falta de entendimento com governadores e prefeitos, principalmente em relação à preocupante falta de vacinas, tende a ficar incontrolável, o que significa mais e mais óbitos.

Pelo campo da esquerda radical, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, uma espécie de símbolo do esquerdismo mundial, tem o “milagre” do Carvativir, remédio que diz ter 100% de eficácia. Que agora está sendo chamado de “spray milagroso”.

Do outro lado, representando a direita intransigente, o presidente Bolsonaro apostando no EXO-CD24, o “spray milagroso” fabricado em Israel.

No meio da disputa entre esquerda versus direita, o cidadão-eleitor-contribuinte, cada vez mais descrente e vivendo à agonia do dia a dia.

Até quando essa idiota e imbecil briguinha ideológica vai continuar, enquanto milhares de seres humanos vão dando adeus ao Planeta Terra?

Até quando os senhores “homens públicos”, deixando de fora os responsáveis, os que honram seu mandato, vão ficar pensando na próxima eleição em detrimento do sofrimento das pessoas?

A ignorância não tem representante oficial e, muito menos, preferência ideológica. Ela pode vim da esquerda, do centro ou da direita.

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Marco Wense é Analista Político

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Felizmente, os caminhoneiros estão tendo uma incrível e histórica paciência com o presidente da República de plantão, com sua desastrosa política de governo em relação aos preços dos combustíveis.

Digo felizmente, porque uma greve da honrosa classe com o avanço da pandemia do novo coronavírus seria terrível, um caos total. Uma situação com consequências imprevisíveis, aterrorizantes.

Já disse aqui que tudo tem um limite do suportável. E essa calma dos caminhoneiros começa a dar sinais de esgotamento. Por muito menos pararam em 2018, no então governo Michel Temer (MDB-SP).

“Chegou a hora de mostrar nossa força de novo”, disse Wallace Landim, apelidado de “Chorão”, um dos principais líderes da categoria, inconformado com o quinto aumento seguido do preço da gasolina e do diesel. Usando uma expressão de Bolsonaro, Landim, que é o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos (Abrava), finalizou sua revolta com ironia: “Acabou pô. Chegou a hora de todos os trabalhadores, os autônomos, dos caminhoneiros se unirem novamente”.

O engraçado nessa sequência dos aumentos é que toda vez que os preços dos combustíveis aumentavam, o presidente Bolsonaro dizia que iria tomar providências. E nada aconteceu. A sabedoria popular costuma dizer que a conversa foi “pra boi dormir”. Será que os dignos e respeitáveis caminhoneiros vão novamente pegar no sono?

Depois desses abusivos aumentos, já há um início de movimentação para que haja uma paralisação. Caminhoneiros bolsonaristas já não defendem o “mito” com tanta empolgação. Estão revoltados, e com toda razão.

Seguindo o que pensa Ciro Gomes (PDT), que tem uma invejável visão sobre a economia no sentido amplo, sendo o único presidenciável que tem um definido projeto para o país, apontando as soluções para cada problema, o presidente Bolsonaro está de parabéns em cobrar mais impostos sobre os bancos, que tem lucros escandalosos, e, a partir dessa medida, diminuir a carga tributária sobre os combustíveis.

Não tem cabimento instituições financeiras abarrotadas de dinheiro, fazendo o que quer com sua clientela, cobrando inúmeras taxas, e o cidadão-eleitor-contribuinte sofrendo, pagando gás de cozinha a R$ 100. E olhe que estou me referindo aos que ainda podem comprar o botijão.

Portanto, meus parabéns ao presidente Bolsonaro. Encerro o comentário aconselhando a maior autoridade do Poder Executivo a ouvir mais as sugestões de Ciro Gomes, ex-ministro da Fazenda do saudoso Itamar Franco e um dos responsáveis pela implantação do Plano Real. 

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Marco Wense é Analista Político

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