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O Partido do Democratas (DEM), presidido nacionalmente por ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e pré-candidato a governador da Bahia no pleito de 2022, voltou a ser o DEM de verdade.

O “novo” DEM não conseguiu derrotar o DEM autêntico, o DEM do toma lá, dá cá. A imagem de um DEM diferente, até mesmo buscando se aproximar das forças de centro-esquerda, durou pouco. Foi só uma tapeação, um disfarce.

A eleição na Câmara dos Deputados mostrou que o demismo continua o mesmo, o que fez lembrar a música de Caetano Veloso. Basta só trocar o trio elétrico por cargos. Ou seja, “atrás de cargos só não vai quem já morreu”.

Se o desabafo de que o DEM estava voltando aos velhos tempos, caminhando a passos largos para ser novamente “partido da boquinha”, partisse de outra pessoa, a repercussão seria maior. Mas como veio de Rodrigo Maia, que sempre fez política na base do fisiologismo, ficou tudo como dantes no quartel de Abrantes.

ACM Neto, que se dizia traído pelo ex-alcaide de Feira de Santana, José Ronaldo, então candidato na sucessão estadual de 2018, que apoiou Bolsonaro em detrimento de Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, agora está sendo chamado de traidor por Rodrigo Maia, ex-presidente do Parlamento federal e o maior derrotado no processo eleitoral da Casa Legislativa. Vale lembrar que Neto foi o coordenador da campanha do tucano ao Palácio do Planalto.

Maia, em conversas reservadas, diz que ACM Neto teria combinado com ele apoiar Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo mais cobiçado cargo do Poder Legislativo. Deu no que deu: ninguém sabe em quem o ex-gestor de Salvador votou, se no emedebista ou no pepista Arthur Lira. O presidente Bolsonaro não mediu esforços para eleger o líder do Centrão. O toma lá, dá cá, foi o mais robusto da história da República brasileira, envolvendo emendas parlamentares, verbas extras e ministérios, como, por exemplo, o da Educação, que pode ser oferecido ao DEM como contrapartida pelos votos da legenda a Lira.

Rodrigo Maia, que era carne e unha com ACM Neto, anda dizendo que vai buscar outro abrigo partidário, que o DEM é uma página virada na sua vida pública. O bom relacionamento político com Neto é coisa do passado, de priscas eras, como diria o saudoso jornalista Eduardo Anunciação, hoje em um lugar chamado de eternidade.

O DEM voltou a ser o que era, apegado ao governo de plantão, usufruindo das benesses inerentes ao poder. O “novo” DEM, agora fazendo parceria com o Centrão, era uma mentirinha.

Qual seria o ditado popular mais apropriado para o último parágrafo do comentário de hoje? Sem nenhuma dúvida, o de que “mentira tem perna curta”.

PS – Com a vitória de Arthur Lira (PP-AL), o presidente Jair Messias Bolsonaro se torna refém do toma lá, dá cá. Qualquer pedido do Centrão, não é mais uma reivindicação e sim uma ordem para ser imediatamente atendida, sob pena de um dos pedidos de impeachment sair da gaveta. Foi o que ocorreu com a então presidente Dilma Rousseff. Na época, a Câmara dos Deputados era comandada por Eduardo Cunha (MDB), o guru de Lira.

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Marco Wense
Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Acontece amanhã, primeiro dia do mês de fevereiro, o pleito para o comando da Câmara dos Deputados. Na disputa, o cargo mais cobiçado do Poder Legislativo : ser presidente da Casa e, como consequência, o terceiro na linha sucessória do Palácio do Planalto em caso de impedimento do presidente da República de plantão e do vice.

Não vou aqui entrar no pega-pega entre Baleia Rossi (MDB-SP), candidato da oposição, e Arthur Lira (PP-AL), que tem o explícito apoio do presidente Bolsonaro. A vitória do pepista é dada como favas contadas.

O que vem chamando atenção é o confronto entre o discurso de que o governo não tem dinheiro para prorrogar o auxílio emergencial e os milhões e milhões de reais para os senhores parlamentares, obviamente para segurar o voto no candidato do governo.

Segundo o Estadão, a planilha do governo registra um repasse de R$ 3 bilhões a 285 deputados e senadores na véspera das eleições para os novos chefes do Legislativo nacional. A dinheirama surgiu como um passe de mágica, um piscar de olhos.

O senador da Bahia, Angelo Coronel (PSD), que preside a CPMI para investigar notícias falsas, foi agraciado com R$ 40 milhões para a realização de obras nos seus redutos eleitorais, o que deixa bem claro em quem o Coronel vai votar.

É do jogo, do vale tudo pelo poder. Se o presidente Bolsonaro apoiasse Baleia Rossi, o deputado estaria de boca fechada. Rossi é do MDB, antigo PMDB, a legenda mais pragmática da República, a que mais entende de toma lá, dá cá. O telhado do emedebista é também de vidro.

Enquanto defrontamos com um derrame de dinheiro, um estudo da FGV aponta que, neste janeiro, 12,8 % dos brasileiros passaram a viver com menos de R$ 246 ao mês. Isso mesmo: duzentos e quarenta e seis reais. E mais: a projeção da honrosa instituição diz que “27 milhões de pessoas estão nessa condição neste começo de ano”.

E olhe que não estou falando da miséria absoluta, da extrema pobreza, de quem vem morrendo de fome porque não tem nem o dinheiro do pão, os que vivem como se não fossem seres humanos.

O fim do imprescindível auxílio emergencial pode provocar uma revolta incontrolável, com consequências imprevisíveis. Não tenho nenhuma dúvida que os supermercados serão os primeiros alvos dos que vão precisar se alimentar para não se despedir da vida dessa maneira.

A continuação do auxílio emergencial é medida de urgência. Do contrário, o caos social e o “salve-se quem puder”.

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Marco Wense
Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

"A queda da popularidade do presidente e o povo na rua são indispensáveis para oxigenar o impeachment", disse Marco Wense

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A eleição para o cargo mais cobiçado do Poder Legislativo, sem nenhuma dúvida o de presidente da Câmara dos Deputados, se torna mais comentada nos meios de comunicação, principalmente nos grandes jornais, quando se tem pedidos de impeachment contra o chefe do Palácio do Planalto de plantão.

É o que vem ocorrendo nessa disputa entre Baleia Rossi (MDB-SP) e Arthur Lira (PP-AL). O emedebista tem o apoio de partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro. O pepista das legendas que dão sustentação política ao bolsonarismo.

Se não fosse uma enxurrada de pedidos de afastamento do presidente Bolsonaro, o processo eleitoral não chamaria tanta atenção, mesmo sendo o candidato vitorioso o terceiro na linha sucessória da presidência da República em caso de impedimento do titular. O substituto imediato é o vice-presidente.

Tudo caminha para uma derrota de Rossi. O toma lá, dá cá, com a promessa de cargos na administração federal, é um fortíssimo cabo eleitoral de Lira, que já considera sua eleição como favas contadas, em que pese a votação ser secreta, o que significa uma maior possibilidade de traição por parte de deputados insatisfeitos.

A disputa pelo comando do Parlamento costuma deixar sequelas, feridas que podem ficar um bom tempo sem cicatrizar. O DEM, por exemplo, rachou em duas partes : uma apoia Baleia e a outra Lira, o que terminou provocando um inimaginável atrito entre Rodrigo Maia, atual presidente da Casa Legislativa, e o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto, que é o comandante nacional do demismo. Eram carne e unha. Agora não são mais pedaços da mesma laranja. Coisas do movediço e traiçoeiro mundo da política, que tem os amargos ingredientes da ingratidão e decepção.

Maia, que apoia Rossi, chegou a insinuar que Neto estaria fazendo corpo mole, que não estava usando seu poder de influência com os deputados da sigla. Disse para o ex-alcaide que o DEM estava se transformando no “partido da boquinha”, recebendo cargos no governo federal em troca de votos.

É evidente que com Baleia Rossi na presidência da Câmara dos Deputados, os pedidos para afastar Bolsonaro seriam desengavetados e analisados. A chance de um deles ir ao plenário seria três vezes mais que com Arthur Lira.

No entanto, dizer que com Arthur Lira se enterra de vez a possibilidade de um impeachment do presidente Bolsonaro, não corresponde com a verdade. O impeachment depende de apoio popular, do “Fora Bolsonaro” forte, dos “caras pintadas” nas ruas. Se o movimento crescer, Arthur Lira vai ser o primeiro a dar um tchau para o bolsonarismo.

Não poderia deixar de concluir esse comentário de hoje dizendo que Rodrigo Maia passou um bom tempo no comando do Legislativo e, somente agora, no apagar das luzes de sua gestão, se mostra favorável à defenestração do presidente Bolsonaro.

A queda da popularidade do presidente e o povo na rua são indispensáveis para oxigenar o impeachment. O afastamento da maior autoridade da República está muito longe.

O “Fora Bolsonaro” continua tímido, sem força. Contra o movimento ainda tem a falta de entendimento entre os partidos de oposição e suas respectivas lideranças. Diria que o “Fora Bolsonaro” está entubado e, pelo andar da carruagem, sem previsão de alta.

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Marco Wense
Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Como o governo Bolsonaro vai justificar tamanha farra com o dinheiro público?

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Esse escândalo de R$ 1,8 bilhão para os comes e bebes do Palácio do Planalto, com destaque para a compra de R$ 2,2 milhões só de CHICLETES, assim mesmo com todas letras maiúsculas para ajudar os que estão sem óculos, se tiver que ser nominado, seria ‘Mensalão Culinário”, sem dúvida o mais sugestivo.

A minha curiosidade nesse escândalo, que tem ingredientes engraçados e inacreditáveis, fica por conta de como o governo Bolsonaro vai justificar tamanha farra com o dinheiro público, dinheiro meu, seu, nosso, de dona Maria, senhor José, enfim, do cidadão-eleitor-contribuinte, enquanto as pessoas estão morrendo de fome.

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Marco Wense
Analista Político

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"A pequena dor de cabeça de ACM Neto se transformaria em uma forte enxaqueca com a formação de uma chapa com Otto Alencar (PSD), um vice indicado pelo PP do vice-governador João Leão e Rui Costa para o Senado", enfatizou Marco Wense

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O título acima diz respeito à composição da chapa majoritária que vai enfrentar ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, na disputa pelo governo da Bahia no pleito de 2022.

O ex-alcaide soteropolitano vai ter seus problemas para formar sua linha de frente na sucessão estadual, já que o único ponto 100% definido é ele como candidato ao comando do cobiçado Palácio de Ondina. Mas quando comparados com os do outro lado, da base aliada que dar sustentação política ao governo Rui Costa (PT), o céu é de brigadeiro.

O que pode provocar alguma preocupação para o netismo, é a falta de compreensão de que as duas vagas da majoritária, obviamente que me refiro a de vice-governador e senador, devem ser reservadas para receber os insatisfeitos do outro lado, os preteridos na arrumação da chapa governista.

Vale lembrar que José Ronaldo (DEM), ex-gestor de Feira de Santana, salvo engano por três vezes, trabalha nos bastidores para ser o candidato ao Senado da República na chapa encabeçada por ACM Neto. E tem dito que não abre mão de sua pretensão. O MDB, assentado no bom tempo que dispõe no horário eleitoral, vai também reivindicar um lugar na majoritária.

Ainda em relação ao MDB, a legenda, depois das reeleições de Colbert Martins e Herzem Gusmão, respectivamente em Feira de Santana e Vitória da Conquista, derrotando os candidatos do PT no segundo turno, ficou credenciada para indicar um nome para ser o vice de ACM Neto, já que a sigla não tem interesse no Senado.

Digamos que ACM Neto terá uma pequena dor de cabeça e o governador Rui Costa uma grande enxaqueca. Aliás, nem o próprio Rui sabe do seu futuro político, já que vai ter uma conversa definitiva com o ex-presidente Lula sobre o processo eleitoral de 2022. Qualquer outro caminho que não seja uma candidatura ao Senado é arriscado e pode deixá-lo a ver navios, o que não é bom. É aquela velha máxima de que político sem mandato é como peixe fora d’água.

E como fica à composição da majoritária governista, do governo de plantão? Tudo vai depender do senador Jaques Wagner. Se o ex-governador desistir de disputar à sucessão estadual, tudo ficaria resolvido. A pequena dor de cabeça de ACM Neto se transformaria em uma forte enxaqueca com a formação de uma chapa com Otto Alencar (PSD), um vice indicado pelo PP do vice-governador João Leão e Rui Costa para o Senado.

Outro lembrete é que o mandato de Jaques Wagner como senador vai até 2026. Pode muito bem esperar pela companhia de Rui Costa na Casa Legislativa, na chamada Câmara Alta do Congresso Nacional. Outro detalhe é que João Leão ficaria muito satisfeito com essa arrumação: Otto Alencar, um nome indicado por ele para a vice e Rui Costa disputando o Senado. Leão teria ainda seu sonho concretizado: ser governador da Bahia.

É evidente que o PT, mais especificamente e, principalmente, o lulopetismo, para abrir mão da cabeça da majoritária com Jaques Wagner, vai exigir que Otto Alencar assuma o compromisso de apoiar o presidenciável do PT na sucessão de Bolsonaro, que pode até ser Luiz Inácio Lula da Silva se a Lei da Ficha Limpa for sabotada, mais precisamente com o fim da inelegibilidade em decorrência de condenação em segunda instância. Não custa dizer que o maior interessado na candidatura do ex-mandatário-mor do país é o bolsonarismo. O ex-presidente, além de agigantar ainda mais o antipetismo, levaria a disputa pelo maior cargo do Poder Executivo para uma polarização desastrosa para a República. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o PT, com qualquer candidato, se passar para o segundo turno, perde para Bolsonaro. O antipetismo, que foi o mais importante e imprescindível cabo eleitoral da eleição de Bolsonaro, seria mais uma vez o responsável direto pela sua reeleição.

Concluo o comentário de hoje, para não ficar muito longo e cansativo para o caro leitor, dizendo que a grande dúvida da sucessão de Rui Costa é como compor a chapa majoritária governista sem rachar a base aliada, evitando assim uma debandada para o netismo. Essa incerteza, com ingredientes de suspense e, quem sabe, até de surpresas e sobressaltos, vai durar todo o ano de 2021.

PS – Qualquer tentativa do ex-presidente Lula para convencer Rui Costa a permanecer até o último dia como governador, pode acelerar sua saída do PT. Com efeito, o morador mais ilustre do Palácio de Ondina tem conversado com seus próprios botões sobre seu futuro político e a possibilidade de ter um novo abrigo partidário.

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Marco Wense
Analista Político

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