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Devolveram os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista-mor sai da condição de inelegível para a de pré-candidato ao Palácio do Planalto no pleito de 2022.
As consequências políticas do “Lula Livre” são muitas. Vou analisar três pontos: eleição presidencial, sucessão estadual da Bahia e o ex-juiz Sérgio Moro.
Começando por Moro, que passou um bom tempo como personagem principal da Operação Lava Jato, é quem vai sair mais ridicularizado de todo esse pega-pega. Até Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, tido como o “az de ouro” do Centrão, cheio de processos na Justiça, resolveu tirar sarro do ex-aliado de Bolsonaro: “Lula pode até merecer. Moro, jamais!”, disse Lira ao ser questionado sobre a decisão monocrática do ministro Edson Fachin (STF).
E para piorar mais ainda a situação do ex-juiz, as provas e os argumentos da sua parcialidade nos julgamentos no âmbito da Lava Jato, que agiu com interesse político, vão aparecer de maneira mais consistentes e inquestionáveis. Vale lembrar que Moro, além de um ex-juiz, é também um ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Bolsonaro. O que se comenta é que o cargo foi uma espécie de contrapartida pela sua atuação na Lava Jato. Não podemos esquecer que o desenrolar da operação e o antipetismo foram os maiores “cabos eleitorais” do então candidato Bolsonaro.
E a sucessão do governador Rui Costa? Lula candidato significa que a candidatura do senador Jaques Wagner ao governo da Bahia fica irreversível 100%. A do ex-alcaide soteropolitano, ACM Neto, presidente nacional do DEM, sofre um abalo considerável. A missão do lulopetismo passa a ser convencer o chefe do Palácio de Ondina a não disputar o Senado, o que significa uma formação da chapa majoritária sem causar nenhum aborrecimento na base aliada, mais especificamente e, principalmente, com o PSD do também senador Otto Alencar, que sairia candidato à reeleição, e o PP do vice-governador João Leão, que indicaria o vice de Wagner. Nessa arrumação, que tornaria Wagner ainda mais forte, Rui Costa ficaria no governo até o último dia do mandato. Seria prometido a Rui um ministério em uma eventual vitória de Lula.
E a sucessão presidencial? Se a eleição caminhar para uma polarização com Bolsonaro e Lula, não tenho a menor dúvida que vai ser o processo sucessório mais enlameado da história da República, de uma baixaria e troca de ofensas jamais presenciadas em uma campanha, não só entre os candidatos, como envolvendo os filhos, obviamente de Lula e Bolsonaro.
O Brasil não merece o extremismo de esquerda e, muito menos, o de direita. Uma eleição com os bolsominions dizendo que Lula é “ladrão” e os lulominions chamando Bolsonaro de “genocida”.
Sobre essa polarização, que a grande maioria dos analistas políticos acha favas contadas, eu penso diferente. O gigantesco e enraizado antipetismo e o cada vez mais crescente antibolsonarismo vão procurar uma opção para se livrar do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, como diz a sabedoria popular.
Não há como pensar no futuro voltando ao passado e nem reelegendo um presidente que não enxerga o amanhã.
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Marco Wense é Analista Político
*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br