"Você será derrotado", declara Sérgio Moro sobre candidatura de Lula à Presidência

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Durante uma entrevista, o ex-presidente Lula (PT) afirmou que Sergio Moro (Podemos) é “canalha” e classificou a Operação Lava Jato como uma “quadrilha”. A rixa entre os dois vem desde a condenação e posterior prisão do petista no âmbito das investigações do caso do triplex do Guarujá.

O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça não demorou muito para se manifestar após as declarações. No Twitter, Moro soltou o verbo que disse que o petista “roubou o Brasil usando o dinheiro do país para financiar ditaduras”.

Moro tem declarado que pretende ser candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de outubro deste ano e, pelo visto, não vai medir esforços nem vocabulário para chegar até lá. Segundo ele, Lula será derrotado no pleito: “Canalha é quem roubou o povo brasileiro durante anos e quem usou nosso dinheiro pra financiar ditaduras. E quadrilha é o nome do grupo que fez isso, colocado por você, Lula, na Petrobras. Você será derrotado. Só ofende pois não tem como explicar a corrupção no seu Governo”. 

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Pré-candidato à presidência da República, o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) convidou, ontem (17.novembro), a deputada federal Professora Dayane Pimentel (PSL) para coordenar sua campanha na Bahia.

Por meio do Instagram, a parlamentar revelou o convite e ratificou a luta contra a corrupção.

“Missão aceita! Sigo na coordenação do projeto que vai resgatar nossa nação. Juntos pelo que acreditamos, pelo nosso país, por ideais, por pautas contra a corrupção. @sf_moro é um ícone de seriedade e legado que faz o Brasil ser respeitado no mundo inteiro. Seguiremos juntos neste projeto. Obrigada pela confiança e pelo reconhecimento, futuro Presidente”, escreveu Dayane.

Pesquisa recente realizada pela Genial/Quaest aponta que Moro, antes de anunciar sua pré-candidatura, já pontuava com 8% do eleitorado no país.

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Mensagem foi interpretada como indireta para Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, que deixaram carreira para ingressar na política

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Nesta 6ª feira (5.novembro), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, se pronunciou nas redes sociais e deu uma suposta indireta para o Procurador da República, Deltan Dallagnol, que pediu exoneração do Ministério Público Federal ontem (4.novembro) para entrar na política.

Segundo o Ministro, faz tempo que ele está alertando a todos sobre os meios de investigar escândalos no país: “Alerto há alguns anos para a politização da persecução penal. A seletividade, os métodos de investigações e vazamentos: tudo convergia para um propósito claro – e político, como hoje se revela. Demonizou-se o poder para apoderar-se dele. A receita estava pronta”.

Assim como o ex-juiz federal Sérgio Moro, Deltan atuou na linha de frente nas investigações da Lava Jato. Agora, vai deixar a carreira para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022.

 

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Devolveram os direitos políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista-mor sai da condição de inelegível para a de pré-candidato ao Palácio do Planalto no pleito de 2022.

As consequências políticas do “Lula Livre” são muitas. Vou analisar três pontos: eleição presidencial, sucessão estadual da Bahia e o ex-juiz Sérgio Moro.

Começando por Moro, que passou um bom tempo como personagem principal da Operação Lava Jato, é quem vai sair mais ridicularizado de todo esse pega-pega. Até Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, tido como o “az de ouro” do Centrão, cheio de processos na Justiça, resolveu tirar sarro do ex-aliado de Bolsonaro: “Lula pode até merecer. Moro, jamais!”, disse Lira ao ser questionado sobre a decisão monocrática do ministro Edson Fachin (STF).

E para piorar mais ainda a situação do ex-juiz, as provas e os argumentos da sua parcialidade nos julgamentos no âmbito da Lava Jato, que agiu com interesse político, vão aparecer de maneira mais consistentes e inquestionáveis. Vale lembrar que Moro, além de um ex-juiz, é também um ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo Bolsonaro. O que se comenta é que o cargo foi uma espécie de contrapartida pela sua atuação na Lava Jato. Não podemos esquecer que o desenrolar da operação e o antipetismo foram os maiores “cabos eleitorais” do então candidato Bolsonaro.

E a sucessão do governador Rui Costa? Lula candidato significa que a candidatura do senador Jaques Wagner ao governo da Bahia fica irreversível 100%. A do ex-alcaide soteropolitano, ACM Neto, presidente nacional do DEM, sofre um abalo considerável. A missão do lulopetismo passa a ser convencer o chefe do Palácio de Ondina a não disputar o Senado, o que significa uma formação da chapa majoritária sem causar nenhum aborrecimento na base aliada, mais especificamente e, principalmente, com o PSD do também senador Otto Alencar, que sairia candidato à reeleição, e o PP do vice-governador João Leão, que indicaria o vice de Wagner. Nessa arrumação, que tornaria Wagner ainda mais forte, Rui Costa ficaria no governo até o último dia do mandato. Seria prometido a Rui um ministério em uma eventual vitória de Lula.

E a sucessão presidencial? Se a eleição caminhar para uma polarização com Bolsonaro e Lula, não tenho a menor dúvida que vai ser o processo sucessório mais enlameado da história da República, de uma baixaria e troca de ofensas jamais presenciadas em uma campanha, não só entre os candidatos, como envolvendo os filhos, obviamente de Lula e Bolsonaro.

O Brasil não merece o extremismo de esquerda e, muito menos, o de direita. Uma eleição com os bolsominions dizendo que Lula é “ladrão” e os lulominions chamando Bolsonaro de “genocida”.

Sobre essa polarização, que a grande maioria dos analistas políticos acha favas contadas, eu penso diferente. O gigantesco e enraizado antipetismo e o cada vez mais crescente antibolsonarismo vão procurar uma opção para se livrar do “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, como diz a sabedoria popular.

Não há como pensar no futuro voltando ao passado e nem reelegendo um presidente que não enxerga o amanhã. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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