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Valderico Reis

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A campanha eleitoral de Ilhéus corria a solta em 2004, com as candidaturas de Valderico Reis, Soane Nazaré de Andrade, Ruy Carvalho, Ângela Sousa, Roland Lavigne, Correia e Magno Lavigne à prefeitura ilheense. Com base eleitoral mais privilegiada junto aos bairros carentes, onde costumava frequentar bares e botecos famosos pela cerveja gelada e comida pesada (sarapatel, mocotó, dentre outras iguarias), Valderico Reis se sentia nas nuvens e não admitia perder da campanha.

Além de ser bem recebido nesses locais, nos quais era frequentador assíduo – ao contrário dos outros candidatos –, se sentia em casa e era tratado pelos moradores como um membro da família. Bebia cerveja, pagava cachaça para todo mundo, e provava de verdadeiros banquetes durante as caminhadas e nos comícios esses bairros viviam uma verdadeira apoteose.

Valderico Reis era empresário do setor de transportes urbanos e interestaduais e se tornou inimigo figadal do prefeito Jabes Ribeiro, por motivos que aqui não merece uma avaliação mais abalizada. E foram justamente as discussões entre os dois que fizeram Valderico lançar sua candidatura a prefeito, com a finalidade de derrotar o candidato apoiado pelo prefeito Jabes Ribeiro.

Mas para Valderico isso só não bastava, era preciso falar mal de seu inimigo – o prefeito Jabes Ribeiro – e garantir o voto com as promessas de campanha, que jurava ser o primeiro prefeito a cumpri-las, na íntegra, pois era um empresário de sucesso. No discurso, se apresentava como o único candidato que não precisava do dinheiro da Prefeitura, e todo o salário (subsídio) recebido seria doado para a construção de creches, escolas e instituições sociais.

E quando falava que era um empresário de sucesso e não dependia do dinheiro da prefeitura, os eleitores iam ao delírio. Finalmente Ilhéus teria um prefeito que governaria com o povo. E a cada caminhada pelos bairros periféricos e morros Valderico desfiava seu corolário de realizações, que daqui pra frente beneficiaria, sobretudo os mais pobres, gente simples, assim como ele, que falava a língua do povo.

A educação seria tratada como nunca e não ficaria um só aluno fora da sala de aula, recebendo merenda de qualidade e ensino durante todo o dia, com matérias profissionalizantes, para que o jovem aprendesse uma ocupação de verdade. A partir do início do seu governo construiria creches para que os pais pudessem trabalhar o dia inteiro, enquanto os filhos ficariam sob os cuidados da prefeitura.

E as camadas mais pobres da população poderiam ter certeza que Valderico Reis iria a Brasília buscar recursos para construir casas populares, livrando-os dos pesados alugueis. Para isso já teria conversado com deputados e senadores para tirar Ilhéus do atraso, das ruas esburacadas e cheia de lama. Até o final do seu mandato Ilhéus inteira teria asfalto de primeira em todas as ruas.

A saúde era outro segmento que Valderico Reis prometia privilegiar, pois sabia dar valor, por ter origem humilde. Num desses comícios, mais exatamente no bairro Nossa Senhora das Vitórias, iniciou falando do descaso do governo municipal com os moradores, relegados ao abandono, mostrando que não existia esgoto no local, o lixo não era recolhido e nem posto de saúde existia.

Por si só, o bairro carecia de tudo que Valderico prometia fazer para o bem-estar da população. A cada promessa, gritos de apoiado, salva de palmas, o povo entrava em delírio. Não restavam dúvidas que era o candidato ideal para governar Ilhéus. Lá pras tantas, empolgado com a atenção dos moradores, ao ver umas senhoras de idade, resolveu fazer ampliar as promessas, e disse:

– Quando eu for prefeito vou implantar cirurgia plástica nos postos de saúde e todas as mulheres vão ter direito a ficar com os peitos durinhos – exclamou.

E para demonstrar que estava falando a verdade, pegou nos seios de uma mocinha que estava ao seu lado e se saiu com mais essa:

– Não estou mentido não, todas vocês vão ficar como essa menina aqui, ó! – e continuou com o discurso, embora não tirasse a mão do corpo da mocinha, para delírio da plateia.

No fundo do palanque os marqueteiros Valdomiro Júnior e Vander Prata comemoravam a vitória da campanha. Não deu outra, Valderico Reis ganhou a eleição disparado. Quanto às promessas…deixa pra depois…


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Sem nenhuma dúvida, é ela, a reforma política, a maior tapeação do Parlamento brasileiro, das duas Casas Legislativas do Congresso Nacional : Câmara dos Deputados e Senado da República.

Só é lembrada em ano de eleição. Mas tudo com muita demagogia e um festival de cinismo. Depois é só enrolação, conversa pra boi dormir, como diz a sabedoria popular.

Se é um tema que não interessa aos senhores políticos, deixando de fora as pouquíssimas exceções, é o da importante e imprescindível reforma política. Não querem acabar com a podridão, com o cheiro fétido que exala das artimanhas do movediço e traiçoeiro mundo da política.

Poderia muito bem enumerar todos os absurdos do sistema político-eleitoral brasileiro. É de ficar assombrado com a sabedoria, esperteza e a malandragem. Um jeitinho pra lá, outro pra cá, para acomodar os interesses dos parlamentares.

É preciso criar critérios para a indicação de suplente de senador. Não tem cabimento o que vem acontecendo. Ninguém diz nada. O corporativismo fala mais alto e desafia quem ousa em enfrentá-lo.

Vejamos o exemplo do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Partido Progressista (PP), legenda mais influente do Centrão, agrupamento partidário adepto fervoroso do toma lá, dá cá, e muito eficiente na missão de tornar o chefe do Palácio do Planalto de plantão como refém, obviamente o dominado mais ilustre.

Vale lembrar que a arma principal do Centrão, o seu instrumento de chantagem, o seu meio de usufruir das benesses inerentes ao poder, é a ameaça de abertura de um pedido de impeachment. Outro detalhe é que o presidente da República não pode deixar sua popularidade cair, sob pena do Centrão deixá-lo no meio do caminho, como aconteceu com a coitada da Dilma Rousseff (PT).

Quem vai assumir o lugar de Nogueira no Senado, com sua nomeação para a Casa Civil do governo Bolsonaro, é sua mãe, a empresária Eliane Nogueira, 72 anos.

É por esses e muitos outros motivos que a reforma política é sempre deixada no esquecimento, na sarjeta. Só lembram dela em época eleitoreira, para fazer demagogia. Depois jogam na lata do lixo.

Pois é. E assim caminha a humanidade. Ou melhor, a política brasileira com os senhores “homens públicos” pensando só em arrumar o próprio quintal, seguindo a “vida de murici”, que cada qual cuide de si.

Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, Amém, diria o saudoso jornalista Eduardo Anunciação, hoje em um lugar chamado de eternidade.

Cadê a reforma política? Nem o posto Ipiranga sabe a resposta. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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O Itabunense gosta de trabalhar, da boa música e do bom futebol // Foto de Pedro Augusto

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Nesta quarta-feira – 28 de julho – Itabuna completa 111 anos de emancipação político-administrativa e, mesmo maltratada que foi durante esse período de pandemia, comemora. Mas quem irá contrariá-la? Para uma cidade cosmopolita como Itabuna pouco importa a dificuldade sofrida, as intervenções desastrosas que tentaram frear o seu costumeiro desenvolvimento. Sabe superá-las.

Itabuna nasceu para brilhar! Se atualmente não nos mostra mais o espetáculo feérico com suas luzes de neon e acrílico nas fachadas das lojas da avenida do Cinquentenário, é porque se tornou mais discreta com o passar dos anos. Saudosistas – como eu – por certo gostariam de ver suas vitrines decoradas com a moda mais recente, exibindo com orgulho as cores de sua bandeira na ornamentação.

Isso deve ser coisa do passado! Ou não. Quem sabe ainda se recupera dos meses de fechamento, medidas tomadas para conter o temível vírus que ceifou muitas vidas nessa sua passagem desenfreada. Não é a primeira vez que Itabuna sofre um revés dessa magnitude e se recupera seguindo fielmente aquela letra do samba de Paulo Vanzolini: “Levanta sacode a poeira e dá a volta por cima”.

Se voltarmos um pouco na história, Itabuna – ainda distrito de Ilhéus – já possuía sua Associação Comercial, instituição atuante e que lutou bravamente para a transformação da vila em cidade, luta finalmente vitoriosa em 1910. Fundada em 1908, a Associação Comercial nasceu pioneira no Sul da Bahia e sua coirmã de Ilhéus foi criada apenas quatro anos depois – em novembro de 1912.

No comércio, o pioneirismo tomou o mesmo caminho pioneiro com o Clube de Diretores Lojistas – posteriormente Câmara de Dirigentes Lojistas – entidade fundada em 1963, seguindo o exemplo do Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. A entidade não se restringiu às promoções em datas importantes como Natal, Dia da Cidade, Dia das Mães, Dia dos Pais e inovou com os concursos de vitrines em todas as datas comemorativas.

As grandes lojas nacionais abriam suas filiais em Itabuna e se notabilizavam pelo volume de vendas e cada espaço da avenida do Cinquentenário era disputado pelas tradicionais redes varejistas, que “brigavam” em pé de igualdade com as lojas locais. Os lançamentos das badaladas grifes eram realizadas simultaneamente com as grandes capitais brasileiras. Os long plays nacionais e internacionais tocavam em nossas três emissoras de rádio no mesmo dia em que estreavam em Rio e São Paulo.

Não sei se o itabunense era e ainda o é exibido, mas dançava nos clubes e boates ao som de bandas de sucesso e cantores contratados a peso de ouro, mesmo tendo à disposição músicos de primeira qualidade na banda Lord (show, ritmos e hoje Lordão). Chegavam aos clubes em carrões do tipo Aero Willys, Simca Chambord, Esplanadas, Galaxy e LTD Laudau, Opalas, vendidos pelas concessionárias que ganhavam prêmios como campeões de venda em todo o Brasil.

Era a época de ouro do cacau, das enormes fazendas de gado, de nossas casas bancárias e bancos comerciais locais, que movimentavam a economia regional junto com as grandes exportadoras de cacau, todas sediadas em Itabuna. É verdade que sofremos bastante com a chegada da vassoura de bruxa, mas lembramos da expertise anterior de ultrapassar as barreiras com outras doenças que atacavam o cacau, inclusive a pior delas, a oscilação de preço comandada pelo mercado internacional.

O Itabunense gosta de trabalhar, da boa música e do bom futebol. Não esconde que passou alguns anos longe do sucesso nos gramados, e, aos poucos, ensaia o retorno. E não poderia ser diferente, até para homenagear os craques de nossa seleção amadora hexacampeã, bem como os atletas do Rio Banco, de Itabuna, que em 1920, ao marcar o primeiro gol contra o Ypiranga, de Ilhéus, em jogo não terminou. Os ilheenses declararam guerra e sequestraram até o “trem de ferro” que logo retornaria a Itabuna.

O Itabunense não se abate e muitas vezes reclama com altivez dos que maltratam a sua cidade, levando-os ao ostracismo político com a mesma intensidade que os distinguiu e os elegeu. E segue a vida. É justamente esse comportamento que faz com que a cidade consiga superar grande parte das dificuldades, transformando-as em pautas de interesse econômico e social, por meio da geração de emprego e renda.

E como lembrar é preciso, na última década do século passado (nem tão distante) a economia de Itabuna despencou, fruto da colaboração do poder público municipal, chegando a fechar quase todas concessionárias de veículos. Cinco anos depois, todas elas estavam de volta e realizando bons negócios, numa demonstração de sua vocação natural para o comércio, indústria e os serviços.

Itabuna é a cidade do primeiro shopping center, do grande polo da educação, do centro de excelência da saúde, do comércio e serviços automotivos, das indústrias, dos serviços econômicos, administrativos e contábeis e do direito. Como num passe de mágica, as dificuldades da pandemia fez surgir a indústria e comércio informal de alimentação, com todas as vantagens e conforto do delivery, sem que alguém tivesse qualquer formação ou treinamento formal.

É Itabuna o maior palco para os artistas da música, que se apresentam com frequência nas centenas de barzinhos noturnos espalhados no centro e nos diversos bairros. É Itabuna o point dos botecos especializados, onde o cliente tem cadeira cativa; das cervejas artesanais de qualidade, produzidas pelos amigos ou conhecidos do dia a dia, gente nossa que faz acontecer sem firulas.

É a mais cosmopolita das cidades baianas. E não poderia ser diferente por ser uma cidade para onde convergiram pessoas de todas as nações, etnias e religiões, na mais perfeita harmonia. O judeu é o maior amigo do árabe; o negro, o branco e o amarelo são simples cores de uma paleta ou aquarela para que os artistas expressem seus sentimentos. Existem os dissonantes, paciência, estes também fazem parte da natureza humana.


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

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Vou até deixar de lado o forte rugido do leão contra a soberba do lulopetismo baiano, adepto fervoroso de que o PT deve passar mais oito anos no comando do Palácio de Ondina.

Os lulominions querem Wagner eleito para o terceiro mandato como governador da Boa Terra. Se elegendo, será candidato à reeleição. Que coisa, hein! O engraçado é que o PT se queixava do domínio do PSDB no Estado de São Paulo. Agora faz a mesma coisa na Bahia. Não quer “largar o osso”, como diz a sabedoria popular.

Os dois integrantes mais rebeldes da base aliada, entusiasmados seguidores de que é hora do PT ceder, são João Leão (PP) e Angelo Coronel, respectivamente vice-governador e senador pelo PSD.

João e o Coronel, em toda entrevista, não perdem a oportunidade de dizer que o PT precisa calçar as sandálias da humildade e reconhecer que chegou o momento de recuar e aceitar um nome para encabeçar a majoritária de outra agremiação partidária.

O PT só enxerga o PT, o próprio umbigo. O petista-mor, ex-presidente Lula, assim que deixou a prisão, onde passou 580 dias, declarou que “o PT é partido de receber apoio e não de apoiar”.

E mais: ao sair da cadeia, se libertando do calvário, Lula condicionou as alianças com o PT à defesa do movimento “Lula Inocente”, que substituiu o “Lula Livre”. Lembro que o governador Rui Costa se posicionou contrário a vincular qualquer acordo político a tais exigências, o que terminou deixando o chefe irritado. Afinal, era uma afronta, um desafio ao “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Leão e o Coronel parecem acreditar naquele ditado do povo que diz que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

Ledo engano. O lulopetismo só enxerga o seu lado. Os incomodados que procurem outro caminho, uma lavagem de roupa.

O que chama mais atenção nessa composição da chapa majoritária é o cruzar dos braços do PSB, aceitando ser uma mera peça decorativa na sucessão estadual. A legenda socialista sequer é citada nas articulações. A preocupação do petismo com a sigla é zero. É como se o PSB estivesse dominado.

O ano eleitoral de 2022 vai ser marcado por muito teatro, ingratidão, cinismo e traição. 


Marco Wense é Analista Político

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Brasília, onde se resolve tudo no jeitinho

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Casuísmos não faltam à administração pública no Brasil. E não é coisa de agora, já nasceu colocando um absurdo no registro de nascimento: a famosa carta enviada pelo escrivão Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel, em que pedia benesses para seus familiares por participar do descobrimento deste Brasil varonil. Embora eu pessoalmente não tenha ciência do resultado, acredito que o pleito tenha sido deferido, pois era costume à época.

Naquele tempo, tudo podia desde que o rei, Sua Majestade, concedesse os benefícios reais a qualquer dos súditos, por relevantes serviços prestados ao Reino ou mesmo à Coroa. Afinal, como dizia o Rei Luiz XIV, o brilhante Rei Sol, “L’État c’est moi”, ou “o Estado sou eu”, pois exercia o poder absoluto sobre o reino da França por 72 longos anos de deslumbramento.

Mas vamos nos ater no Brasil, que copiou ou transferiu os costumes reinantes da Corte de Portugal, mesmo antes de Dom João VI desembarcar em Salvador e no Rio de Janeiro, distribuindo concessões por onde passasse e a quem lhe pedisse. Além dos benefícios financeiros, com sinecuras tantas, ainda existiam os títulos de nobreza dados desde aos mordomos e outros cuidadores reais, até aos ricos bajuladores do poder.

Com a proclamação da República, pensavam alguns que os usos e costumes mudariam, conforme a etimologia do nome res publica, coisa de todos, do povo, o que acabou não acontecendo, na realidade. República instalada, tinham os que queriam a república ditatorial, que foram defenestrados, e os que preferiam a república democrática, engrossados pelos que apoiavam a monarquia e que não queriam perder as benesses.

Nos costumes de hoje, aquela turma de antes levava a sua mesada – e olhe que ainda não tínhamos criado o mensalão – para emprestar o apoio ao governante de plantão, já sob o argumento da governabilidade. E assim passaram os anos e governos nas esferas federal, estadual e municipal, diferenciando-os apenas no índice de poder e de concessões aos amigos e colaboradores.

Sem qualquer constrangimento, muda-se de partido como quem muda de camisa, com a explicação na ponta da língua, desde que a reciprocidade seja entregue por meios diversos, desde em cédulas em vigor no Brasil ou em países estrangeiros. Podiam, e ainda podem, ser esses pagamentos feitos na base do escambo: voto no seu interesse e recebo favor nos mesmos moldes.

Daí é que acredito tenha sido criada a emenda parlamentar, na qual o beneficiado não é o popular, alguém do povo, mas o próprio político, com uma obra que, coincidentemente, passe pela porteira de sua fazenda, o asfaltamento da rua onde more. Fatos apontam, também, para a informação privilegiada de determinada vultosa obra, onde quem compartilha o segredo passa a comprar léguas e mais léguas de terra.

Como nos mostrou o mensalão e o petrolão, outros meios mais sofisticados foram criados para esconder dos fuxiqueiros, a exemplo do apoio de terceiros, com as riquíssimas colaborações nas campanhas eleitorais. Eu beneficio você, que também me beneficia, pois já recebeu o benefício dado de forma bastante desinteressada do meu amigo e que passa a ser seu amigo.

Assim ficou tudo mais fácil, pois as leis passaram a ser feitas de acordo com os interesses de nosso grupo, beneficiando aqueles que compartilham não só nossas ideias e redes sociais, mas a nossa esperteza. E tudo se resolve entre quatro paredes, como a rodovia litorânea que de repente cisma em se desviar para o interior, sob qualquer desculpa técnica que mereça ser dada.

Há outro jeitinho nas leis para os que gostam de enveredar por caminhos mais fáceis e que alguns chamam de tortuosos, com a singela finalidade de escapar das garras da lei, não importando de que lado possa estar. Se já tivemos a chamada Lei Fleury, nada nos impede que possamos ter a lei que quisermos. Ora, o congresso sempre dá um jeitinho para aprovar a reeleição de uns e cassar a de outros, como quer FHC.

Os fins justificam os meios, não podemos é deixar de honrar os pedidos de nossos amigos mais chegados. Ora, casuísmo é apenas a submissão de um pensamento e o apoio a um chegado. Como se diz: O amigo tem de ser amigo do amigo, do contrário, não é amigo do amigo. E o que o brasileiro mais preza é ser amigos dos amigos! E olha que a res publica deveria ser de todos…


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

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Dr. Mangabeira foi candidato a prefeito de Itabuna duas vezes

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A saída do Dr. Mangabeira do processo eleitoral vai fortalecer os chamados “profissionais” do mundo da política, afastando assim os que as velhas raposas chamam de “amadores”.

Ser amador é não seguir os ensinamentos do maquiavelismo, do vale tudo para conquistar o poder. É não rezar na cartilha de que os fins justificam os meios. É não fazer o toma lá, dá cá. É não ser demagogo e mentiroso. É dizer não aos acordos espúrios.

Mangabeira, que foi duas vezes candidato a prefeito de Itabuna pelo PDT, hoje suplente de deputado federal, sempre fez campanha assentado na ética, sem mentir, sem enganar o eleitor. Bancou seu caminho político com dinheiro do próprio bolso.

Com Mangabeira fora do processo político, quem ganha são os velhos conhecidos de sempre. Quem perde é a sociedade. O tchau de Mangabeira para a política vai fazer com que os “amadores” se afastem dela como o diabo da cruz, deixando os “profissionais” do jeito que eles querem, sem adversários de mãos limpas.

Os “profissionais” da política, com a maioria esmagadora aumentando suas contas bancárias a cada mandato, fazem festa, comemoram efusivamente quando os “amadores” recuam.

A saída de Mangabeira da política partidária inibe o surgimento de novas lideranças.

Os mesmos de sempre vão continuar dando as cartas, o que é lamentável.


Marco Wense é Analista Político

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O dinheiro público vem sendo tratado como se fosse algo privado, que se gasta sem precisar dar satisfação, que quando questionado tem a seguinte resposta : “o dinheiro é meu, faço com ele o que quiser, não é da sua conta”.

Os senhores parlamentares, deixando de lado as honrosas exceções, infelizmente pouquíssimas, arrumaram um jeitinho para gastar o dinheiro do cidadão e da cidadã, do eleitor-contribuinte sem precisar prestar contas.

Que coisa, hein! Sai o tal do “orçamento secreto” e entra a tal das “emendas em cheque branco”. Os recursos enviados para os governos estaduais e prefeituras podem ser usados em qualquer área e sem nenhuma fiscalização federal.

Pois é. Se gasta como quer e sem definição de critérios e prioridades. É do jeito que o diabo gosta, como diz a sabedoria popular. No comentário de hoje, é o diabo da impunidade, cada vez mais ousado e desafiador, se alimentando do que mais gosta: o dinheiro dos cofres públicos.

As emendas em “cheque branco”, que em 2020 chegaram a R$ 621milhões, saltaram para quase R$ 2 bilhões em 2021. Por trás de toda essa dinheirama, o objetivo de afastar a possibilidade de abertura de um pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Em vez do cafuné ser com os dedos, se faz com a liberação de recursos.

E tem mais: o Congresso Nacional retirou o poder de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) para esses recursos. Repito: tudo como o diabo da impunidade gosta.

E tem mais: Os senhores parlamentares das duas Casas Legislativas, o Senado da República e a Câmara dos Deputados, diminuíram as verbas do imprescindível Censo Demográfico em quase R$ 2 bilhões. Ou seja, tiraram dinheiro do Censo para fazer o toma lá, dá cá.

O Censo Demográfico é de uma importância gigantesca. Através dele se faz um retrato de como vive os brasileiros, ajudando assim a definir as políticas públicas para melhorar a vida das pessoas.

E o pior é que quando um governo chega ao ponto de ficar refém do Centrão, a esperança de um futuro melhor vai para a sarjeta.

O dinheiro nosso, do povo brasileiro, precisa ser tratado com mais respeito e lisura. Que os senhores políticos, falo dos malandros, tenham vergonha na cara.

PS – Duas manchetes do Estadão chamaram à atenção hoje. Uma relacionada ao mundo político, a outra à economia. A da política: “Ministro da Defesa faz ameaça e condiciona eleição de 2022 ao voto impresso”. A da economia: “Custo de materiais de construção tem alta recorde e afeta reformas e construtoras”. Ambas preocupantes. 


Marco Wense é Analista Político

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Apesar dos mais de 540 mil mortos em decorrência do Coronavírus por todo o Brasil, e cerca de 60 mortos em Ibicaraí, sábado (18.julho), cheguei à conclusão de que o povo brasileiro se acostumou com a pandemia, com a desgraça alheia, com a dor e o sofrimento do próximo, com a morte de parentes, amigos e conhecidos. Ontem tive essa triste constatação.

Saí a noite com minha esposa para levar minha filha na casa de uma amiga e durante o caminho pensei em contar as pessoas sem máscaras por todo o trajeto, em menos de um minuto percebi que seria mais fácil contar as pessoas com máscaras, pois a avenida São Vicente de Paula estava lotada de jovens sem a devida proteção.

Por cada esquina que passava o susto era maior com tamanha irresponsabilidade dessa geração que se diz o futuro desse Brasil. Foram centenas de jovens, todos sem máscaras, desfilando pelos quatro cantos da cidade como se não existisse um ‘vírus à solta matando de forma impiedosa’.

Quando passei pela praça Henrique Sampaio comentei com Fátima – em tom irônico – que a pandemia tinha acabado e não tinham nos avisado, pois a praça estava lotada de jovens sem máscaras e descumprindo os protocolos exigidos pela OMS.

Tenho visto diariamente pessoas culpando o governo nas esferas Federal, Estadual e Municipal pelas mortes, mas o que percebo é que governo ou governante não faz milagre. Muito tem sido feito e a vacina tem chegado e as pessoas estão sendo vacinadas. A engrenagem está funcionando e o país está sendo vacinado. O problema é que temos 220 milhões de pessoas e uma logística complicada pelo tamanho continental do Brasil.

Você que é jovem precisa ter um pouco de paciência, pois esse ano todos nós seremos vacinados e a vida voltará ao normal. Essa necessidade de ir para as ruas ‘hoje’ como se o mundo fosse acabar ‘amanhã’ só traz uma certeza: o mundo pode acabar para algum parente seu nos próximos dias, pois você pode até pegar o vírus e sentir uma ‘gripezinha’, agora o seu PAI ou a sua MÃE com alguma COMORBIDADE corre o risco pegar o ‘SEU VÍRUS’ e MORRER! PENSE NISSO! 


Arnold Coelho
Esperando a 2ª dose

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Por enquanto, só três postulantes, identificados como de Itabuna, estão dispostos a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados: o ex-prefeito Capitão Azevedo, o atual vice-prefeito Enderson Guinho e o ex-candidato a prefeito Isaac Nery.

Os dois primeiros do DEM. O outro, que é médico, é do Republicanos. Enderson e Isaac são prefeituráveis. Serão adversários de Augusto Castro (PSD) na sucessão de 2024, quando o alcaide vai tentar quebrar o tabu do segundo mandato consecutivo, já que nenhum chefe do Executivo conseguiu se reeleger na história política do município.

Em comum entre os três, o fato de serem de legendas de oposição ao governo Rui Costa (PT). Em relação à sucessão presidencial, o Republicanos, partido sob a batuta do deputado federal Márcio Marinho, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, deve apoiar o desejo de Bolsonaro de permanecer por mais quatro anos na Presidência da República.

ACM Neto, que preside o DEM nacional, assentado em pesquisas que apontam uma crescente rejeição ao presidente Bolsonaro, principalmente no Nordeste, e mais especificamente na Bahia, vem se afastando do bolsonarismo.

A votação de Enderson Guinho e Isaac Nery, em Itabuna, é que vai consolidar a condição de prefeiturável. Acima de 10 mil votos já é um forte incentivo.

Nos bastidores, as pessoas mais próximas de Augusto Castro, que enxergam a política lá na frente, sabem que uma eventual vitória de ACM Neto na disputa pelo Palácio de Ondina torna a candidatura do vice-prefeito irreversível.

Ora, se Enderson Guinho se dizia prefeiturável quando era vereador pelo PDT, imagine agora no controle do DEM e sendo elogiado pelo demista-mor. Vale lembrar que foi eleito vice-prefeito pelo Cidadania.

No mais, esperar o ano eleitoral de 2022 para uma melhor avaliação. Adianto que o prefeito Augusto Castro está com um olho no padre, outro na missa.

PS (1) – Geraldo Simões, também ex-prefeito de Itabuna, vem sendo incentivado pelo deputado estadual Rosemberg Pinto a sair candidato ao Parlamento federal. A intenção de Rosemberg, que é o líder do governador Rui Costa na Assembleia Legislativa, é ter a ala geraldista do PT de Itabuna apoiando sua reeleição. Simões, que anda empolgado com a candidatura do senador Jaques Wagner ao governo da Bahia, não deu nenhuma pista se vai ou não acatar a sugestão de Rosemberg.

PS (2) – Wenceslau Júnior, do PCdoB, que foi vice-prefeito no governo de Claudevane Leite, pode ser outro candidato a deputado federal representando Itabuna. 


Marco Wense é Analista Político

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Imperdível a coluna da jornalista Eliane Catanhêde na edição do Estadão de hoje, 16 de julho de 2021, sobre a nota das Forças Armadas ao senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid-19.

O título, por si só, já chama atenção, provoca uma incontida vontade de ler : “É hora de a cúpula militar concordar com Aziz : os bons das FA devem estar envergonhados”, obviamente se referindo aos militares que estão sendo denunciados no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Veja abaixo, “ipsis litteris”, o que diz a jornalista.

“É hora de o ministro da Defesa e os comandantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército jogarem fora a nota desaforada contra o senador Omar Aziz, presidente da CPI, para concordar plenamente com ele : “Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados”. Se não estão, deveriam…”.

Pois é. A honrosa e imprescindível instituição das Forças Armadas não pode ter sua imagem abalada em decorrência de um governo que jogou as promessas de campanha do então candidato Jair Messias Bolsonaro na sarjeta, mais especificamente duas: o combate à corrupção e uma política sem o toma lá, dá cá.

O que se presencia, infelizmente, descartando logo a política nojenta do quanto pior, melhor, são denúncias e mais denúncias de desvios de dinheiro público e um presidente da República cada vez mais refém do conhecidíssimo Centrão, que fica chantageando o chefe do Palácio do Planalto com uma eventual abertura de um pedido de impeachment.

Vale lembrar que cabe ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP, principal legenda do Centrão, a prerrogativa de desengavetar os pedidos de afastamento, que já passam de 100, e dar início ao processamento do remédio amargo do impeachment.

O país passa por um turbilhão de problemas e uma preocupante desarmonia entre os Poderes da República. Como não bastasse, vem a maior autoridade do Poder Executivo, que deveria dar o bom exemplo, e ameaça não ter eleições em 2022.

No mais, torcer para que os homens públicos tenham juízo. E o presidente da República juízo em dobro. 


Marco Wense é Analista Político

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