Leia em: 3 minutosAugusto Castro (PSD) dormiu. Sonhou. Acordou e assumiu a glamorosa Prefeitura de Itabuna. Logo, passaram-se quase 14 meses (com 29% de tempo da gestão dos 4 anos) e a falta de paciência veio em forma de ataques declarados em entrevistas na última semana. Ora ataques certeiros, ora sem respostas. Até o exato momento, o excelentíssimo não ‘acordou’ para rebatê-los e/ou ainda está digerindo as “broncas” recebidas. Calou-se.
A primeira entrevista que veio para torpedear o ex-carlista Augusto Castro foi do ex-deputado e atual presidente do PL na Bahia, José Carlos Araújo. O Pauta Blog entrevistou o cinquentenário político durante a passagem pelas terras grapiúnas e o curioso é que a intenção não era pautar a avaliação da gestão de Augusto. Mais curioso ainda é que, ao pedir que o ex-parlamentar fizesse as considerações finais, veio o bombardeio em forma de “largou o doce pra valer!”.
Araújo disse tudo o que estava enchendo o coração e lançou: “Eu estou achando que ela [a gestão de Itabuna] está andando com os olhos fechados, não está enxergando o que está acontecendo na cidade. A venda só deixa ele [prefeito Augusto Castro] ver a campanha para eleger a mulher dele como deputada. Prefeito, a campanha está longe!”.
Já o ex-prefeito de Itabuna, Geraldo Simões (PT), também resolveu abrir a caixa de ferramentas. Estrondou dizendo ao Pauta Blog que “essa falta de transparência em nossa cidade é muito grave e cheira mal”. Por ser ex-prefeito, sabe onde meter o dedo para doer e esbravejou contra a gestão de Augusto. Na capital do estado, as declarações ecoaram fortemente.
O líder do governo de Rui Costa (PT) na Alba, Rosemberg Pinto (PT), disse, na rádio Interativa, que “tinha uma expectativa mais positiva porque ajudou na construção do governo e qualquer crítica é no intuito de contribuir e não de destruir”. Pinto não entrou de sola, mas, como quem entende de política, quis deixar claro que o barco não está bem e precisa conversar (pessoalmente) com o piloto municipal. Falou em tom de urgência.
Vamos aos possíveis pontos que levaram o prefeito Augusto Castro a ficar surdo e mudo diante do combo de declarações:
1) Faltam argumentos, ações e ENTREGAS para rebater os medalhões da política;
2) Sabe que responder as entrevistas é um campo minado e pode sofrer fraturas ainda piores;
3) Não teve tempo de ler ou ficar sabendo das entrevistas, afinal, passou dias fora da cidade. O prefeito estava de férias?;
4) Rebater José Carlos Araújo pode fechar as portas caso haja uma eventual vitória de ACM Neto já que o presidente do PL é muito ligado ao ex-prefeito de Salvador. Nesse sentido, é melhor incorporar a humildade, se calar e consentir;
5) O presidente do PSD em Itabuna e atual secretário da gestão, Alcântara Pelegrini, saiu em defesa de Castro e levou uma “voadora” em um grupo de mensagens. Soltaram uma bomba-relógio nas mãos de Pelegrini que, até agora, está manso. Foram tantos adjetivos negativos que muitos ficaram de olhos esbugalhados;
6) O vereador Sivaldo Reis (PL) tomou as dores para dizer que é fidelíssimo ao prefeito e pode levar um revés político nas costas por atropelar o presidente estadual. Só o tempo dirá!;
7) Não respondeu Geraldo Simões por saber que o ex-prefeito (possivelmente) recebeu aval de Salvador ou por temer que mais informações venham à tona. Simões disse tudo o que uma oposição não fez;
8) Já Rosemberg Pinto não tirou uma vírgula das opiniões críticas do colega de partido, Geraldo Simões. Ficou claro que o ruído vindo de Salvador não está bom para o prefeito;
9) Não teve tempo de “planejar” um discurso de duas horas igual ao proferido na abertura dos trabalhados do Legislativo itabunense;
10) Preferiu escalar o grupo político na defesa a ficar “nervosinho” rebatendo declarações;
11) Passou dias fora da cidade para estudar a dança das cadeiras e antecipar as mudanças no secretariado. Vem aí um paliativo ou vai arrancar o mal pela raiz?
Fato é que o prefeito Augusto Castro vive política 24 horas por dia, consequentemente, uma atitude inteligente é renovar o convívio de interlocutores e buscar pessoas que possam, realmente, vitaminá-lo no meio. Se ele “pegar a visão” para enxergar os torpedos como críticas construtivas, pode avançar (e muito ainda).
Só depende do “querer”, aliás, um dos entrevistados declarou de forma certeira que “querer é poder”.
Por enquanto, o grande poder do Chefe do Executivo Municipal é se ausentar do município. A dica é: quem muito diz até logo, pode ir se preparando para o adeus.
O sonho da reeleição, inclusive, já pode ir deixando para depois.
P.S.: A parte dois vem já.
Matheus Vital é editor de Política do Pauta Blog.
E-mail: matheus@pauta.blog.br