Leia em: 2 minutosA situação de João Roma, ministro da Cidadania, é politicamente complicada. Sabe que sua candidatura ao governo da Bahia não tem força suficiente para despolarizar a disputa entre ACM Neto (DEM) e o senador Jaques Wagner (PT).
Roma será forçado a postular o comando do Palácio de Ondina por determinação (ou imposição) do presidente Bolsonaro. Com efeito, o que se comenta nos bastidores é que sua indicação ao ministério foi condicionada a sua candidatura ao cargo mais cobiçado do Poder Executivo estadual.
Bolsonaro precisa de palanques no nordeste, mais especificamente na Bahia, reduto eleitoral mais expressivo da Região, que tem o PT governando por muito tempo. Com o fim do mandato de Rui Costa, que ainda não se decidiu sobre seu futuro político, são 16 anos de lulopetismo no comando da Boa Terra.
Como não bastasse a certeza de que dificilmente criará dificuldades para Neto e Wagner, Roma terá que buscar outro abrigo partidário, já que o Republicanos não abre mão de apoiar o ex-gestor soteropolitano. O PL, agora a legenda do chefe, é o destino natural do ex-netista, que junto com Bruno Reis, atual prefeito de Salvador, são considerados como as duas crias políticas mais importantes de ACM Neto.
Postular um cargo sem nenhuma esperança de que pode ter alguma chance deve ser algo horrível. Para que o desastre político não seja total, a saída é eleger a esposa para o Parlamento federal.
A ausência física da autoridade-mor da República durante as enchentes, que preferiu continuar curtindo suas férias no litoral de Santa Catarina, pra lá e pra cá com seu potente jet ski, oxigenou mais ainda a polarização e o desestímulo de Roma, que em conversas reservadas se mostrou irritado com Bolsonaro.
A caminhada do ex-aliado de carteirinha de ACM Neto é cada vez mais difícil. E do lado de um presidente que amarga uma rejeição beirando a 65% no eleitorado baiano, se torna um tormento.
Os evangélicos da Igreja Universal do Reino de Deus, representados partidariamente pelo Republicanos, sob a batuta do bispo-deputado federal Márcio Marinho, diriam que “só Deus na causa” para tirar alguns obstáculos do caminho de João Roma.
No mais, esperar os 30 dias que antecedem as convenções partidárias para que o cenário fique mais transparente, menos embaçado. O nevoeiro, que hoje encoberta o jogo político, as intenções dos pré-candidatos e suas estratégias, vai dissipar.
Marco Wense é Analista Político
*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br