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Estamos caminhando para a triste marca de 500 mil mortes, meio milhão de vidas ceifadas pela cruel e devastadora Covid-19, com as vacinas chegando em conta-gotas, a passos de cágado.
Cidades de 17 estados suspenderam a segunda dose da Coronavac, o que vai provocar um atraso no cronograma da vacinação. O ministério da Saúde promete entregar uma nova remessa a partir dos próximos dias.
Esse lote, no entanto, não será suficiente para que os municípios cumpram o agendamento da segunda dose do imunizante. O problema vai continuar, mais especificamente com a Coronavac, que é a mais usada no Plano Nacional de Imunização.
A briguinha política entre o presidente Bolsonaro (sem partido) e João Doria (PSDB), governador de São Paulo, contribuiu para chegarmos a essa situação, com as pessoas procurando os locais de vacinação e tendo como respostas “acabou”, “não tem mais”. E quando chega? “Não temos previsão”, “Não temos nenhuma informação”.
Por birra política, já que o imunizante é fabricado por uma farmacêutica chinesa em parceria com o instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, obviamente cumprindo ordem do chefe do Palácio do Planalto, desistiu da aquisição da vacina em duas oportunidades.
A demissão de Pazuello causou uma certa preocupação nas Forças Armadas, principalmente no Exército. Pazuello é um general. O receio era que sua saída da pasta arranhasse a imagem da honrosa instituição, cuja precípua função é a de defender a soberania do país. Com efeito, muitos generais não concordam com a militarização do governo Bolsonaro.
O jornalista Igor Gielow tem toda razão quando diz, na coluna de hoje da Folha de São Paulo, que “com as Forças Armadas de volta ao centro do palco, o governo Jair Bolsonaro acentuou a crise de identidade dos militares como atores políticos no Brasil”.
Todo esse imbróglio, essa disputa política entre Bolsonaro e Doria, ambos de olho no pleito de 2022, deu no que deu: falta de vacinas, o que faz com que as pessoas fiquem assombradas e desperançosas em relação ao amanhã.
Os mais religiosos, independente do segmento e da Igreja a que pertencem, quando se defrontam com esse triste cenário, costumam dizer que “só Deus na causa”.
Marco Wense é Analista Político
*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br