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O PDT do deputado federal Félix Júnior, dirigente-mor da legenda na Bahia, está fora da base de sustentação política do governador Rui Costa (PT). Não tinha como permanecer lá e cá, no governo do Estado e na prefeitura de Salvador.

Quando o assunto é sucessão estadual, só dois caminhos para o PDT: apoiar ACM Neto (DEM) na disputa pelo Palácio de Ondina ou lançar candidatura própria. Esse apoio a Neto seria assentado na contrapartida do ex-prefeito de Salvador ter Ciro Gomes como seu candidato à presidência da República.

O PSB de Lídice da Mata e o PCdoB de Davidson Magalhães estão fora do, digamos, raio de preocupação do PT. São considerados como favas contadas no apoio ao senador Jaques Wagner, que pretende conquistar o terceiro mandato como governador.

O projeto do lulopetismo da Boa Terra, de fazer Wagner o sucessor de Rui Costa, independente da política nacional, só terá sucesso com o PSD do também senador Otto Alencar e o PP do vice-governador João Leão. As duas siglas protagonizam a expressão latina “conditio sine qua non”. Sem elas o caminho de Wagner fica com mais obstáculos.

O problema todo gira em torno da composição da majoritária. E fica mais complicado porque só são três vagas a serem preenchidas : governador, vice e senador. A única certeza é que Jaques Wagner vai encabeçar a chapa.

Existe alguma possibilidade de Wagner abrir mão de ser o principal adversário de ACM Neto? Só enxergo uma: o PSD nacional apoiaria Lula e Otto seria o candidato a governador da base aliada. Wagner ficaria com a promessa de ocupar um importante ministério em um eventual retorno de Lula ao cargo mais cobiçado do Poder Executivo.

E Rui Costa? E João Leão? Tudo seria resolvido com Rui disputando o Senado, Leão assumindo o governo e indicando o vice na majoritária. Fica a dúvida se existe algum empecilho jurídico que impeça o vice-governador de indicar o próprio filho, deputado federal Cacá Leão, para ser o candidato a vice de Otto.

Sei que toda essa arrumação é estranha e de difícil execução. Mas não pode ser totalmente descartada. O mundo da política é movediço e traiçoeiro. Costumo dizer que os menos espertos conseguem dar beliscão em azulejo.

Como não bastasse todo esse emaranhado de incertezas, o deputado Cacá Leão, ao declarar que seu maior desejo é João Leão assumindo o lugar de Rui Costa e sendo candidato à reeleição, coloca mais lenha na fogueira da sucessão estadual.

Definição mesmo, com cada qual cuidando da sobrevivência política, só em 2022. Em 2021, muita especulação, disse-me-disse e pulga atrás da orelha.

PS – O lulopetismo pensava que o PP, sendo a legenda da base aliada com mais espaços no governo Rui Costa – três secretarias, a Bahia Pesca e a Cerb -, estaria satisfeita, não causaria nenhum problema na composição da majoritária. Ledo engano. Com efeito, os lulominions discutiram nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, até a hipótese de convencer João Leão a sair deputado estadual com a promessa de assumir o comando da Assembleia Legislativa (ALBA). O barro não colou na parede, como diz a sabedoria popular. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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João Leão é a bola da vez. O netismo e o lulismo sabem da importância do PP na sucessão estadual

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A evidência do momento, quem mais se destaca nas discussões sobre à sucessão estadual, tanto de um lado como do outro, governismo e oposição, é João Leão, vice-governador e dirigente-mor do PP baiano.

A preocupação com Leão tende a aumentar com a proximidade do pleito de 2022. O dilema fica cada vez mais intenso à medida que o vice não dá nenhuma pista ou indício de qual caminho pretende seguir. Se antes fazia alguma crítica a ACM Neto (DEM), hoje o silêncio passa a ser estratégico, já que uma composição com o ex-gestor soteropolitano, antes considerada difícil, não pode ser descartada.

Com efeito, o único ponto da disputa pelo Palácio de Ondina que não é questionado, dado como favas contadas, 2+2=4, são as candidaturas do senador Jaques Wagner (PT) e de ACM Neto (DEM) ao governo da Bahia. As outras duas vagas na composição da majoritária, a de vice e senador, giram em torno de especulações e disse-me-disse.

João Leão é a bola da vez porque é quem vem travando o andamento dos acordos. O grupo de Neto tem esperança de tê-lo como aliado. Reserva a vaga de senador para quem ele indicar. O de Wagner não confia em Leão no comando do governo do Estado em uma eventual desincompatibilização de Rui Costa para disputar o Senado da República.

João Leão vai passar seis meses como governador, com a caneta na mão. O lulismo, sob a batuta do ex-presidente Lula, teme que a tinta da esferográfica não seja vermelha. Outro detalhe, que não pode passar despercebido, é que o PP, sob o comando do vice-governador, tem 100 prefeitos e 766 vereadores.

Vale lembrar que o PP é a principal sigla do Centrão, hoje aliado do presidente Bolsonaro, que se encontra refém do toma lá, dá cá. O Centrão consegue o que quer porque intimida o chefe do Executivo com o impeachment. O presidente da Câmara dos Deputados, o progressista Arthur Lira, já sugeriu usar “remédio amargo” se o governo seguir errando. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que “remédio amargo” é o afastamento de Bolsonaro. Já são totalizados 116 pedidos de impeachment, 66 na então gestão de Rodrigo Maia e 50 na atual presidência da Casa Legislativa.

Nos bastidores do pepismo, a opinião de que Rui Costa será candidato ao Senado da República é unânime. Na Convenção Nacional dos Progressistas, realizada de forma remota na última quinta-feira (22), para definir o novo Diretório e a Comissão Executiva, João Leão foi saudado pelos convencionais como “o futuro governador da Bahia”.

Leão foi o destaque da convenção. Ciro Nogueira, reeleito presidente nacional da sigla, o escolheu para saudar os convencionais. O Leão político lembrou o leão rei da selva.

Essa desconfiança do PT em João Leão, com a grande maioria dos petistas achando que o hoje aliado pode ser um poderoso adversário amanhã, é que faz o ex-presidente Lula pressionar Rui Costa para que fique no Palácio de Ondina até o último dia de governo.

João Leão é a bola da vez. O netismo e o lulismo sabem da importância do PP na sucessão estadual.

PS – Aqui do sul da Bahia, o nome mais cotado para assumir uma secretaria em um eventual governo João Leão, é o do ex-prefeito de Ilhéus Jabes Ribeiro, atual secretário estadual do PP. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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