A Biofábrica da Bahia, fundada em 1997 pelo Governo do Estado, está localizada em Banco do Pedro, distrito de Ilhéus. Trata-se da primeira unidade do mundo destinada à produção contínua, em escala industrial, de genótipos de cacaueiros selecionados, resistentes a doenças e de alta produtividade.
Com um dos mais modernos laboratórios de micropropagação do Brasil, além de um banco de dados e conhecimentos em protocolos técnicos e científicos certificados por órgãos renomados, passou a desenvolver experimentos de melhoramento genético e certificação.
Este Pauta Blog entrevistou o diretor-presidente da Biofábrica, Valdemir José Santos, que explicou sobre o papel do instituto e o olhar social que oportuniza que pequenos produtores consigam produzir mais com técnica e aconselhamento apropriados.
Confira a entrevista completa ⬇️
Pauta Blog – Fale sobre a importância da Biofábrica para a região.
Valdemir José – A missão da Biofábrica é trazer para os pequenos agricultores, indígenas, quilombolas e extrativistas, principalmente que têm dificuldade de acesso às boas tecnologias, material genético, plantas e distribuir através do Governo do Estado. Isso não exclui, também, o atendimento aos grandes e médios porque eles podem, também, ter acesso às mudas em um modelo diferenciado. Isso vai dar aos pequenos agricultores um ganho através de inclusão social porque você produzir, vender e ter renda, é a premissa para a inclusão. A Biofábrica é uma fazenda de 60 hectares que tem uma estrutura de produção de mudas com um suporte genético muito grande, é um material precoce com resistência a algumas doenças. Nós produzimos em torno de quatro milhões de mudas por ano e a expectativa é dobrar esse número com os novos investimentos do Governo do Estado.
Pauta Blog – Como funciona o papel social da Biofábrica?
Valdemir José – A Biofábrica tem um papel social muito grande no Banco do Pedro porque ela acolhe em torno de 80 pessoas daquela comunidade. Ela foi instalada ali estrategicamente, primeiramente para que pudesse oportunizar aquela mão-de-obra dali, que foi capacitada e qualificada. Além disso, está às margens do Rio Almada porque é preciso ter água para fazer a irrigação dessas plantas. Então, foi um ponto estratégico porque a gente trouxe uma possibilidade de ganho para essas pessoas e ficou em um local oportuno para a produção de mudas.
Pauta Blog – A Biofábrica foi criada, inicialmente, apenas para o cacau?
Valdemir José – Quando a Biofábrica foi pensada, foi nesse aspecto do cacau mesmo. No final da década de 80, quando a vassoura-de-bruxa chegou na região, apesar de ter muito material genético com capacidade de enfrentar a vassoura, quando a Ceplac nos deu a autorização de multiplicar esse material de cacau para que pudesse compensar o estrago que a vassoura fez naquele momento, inicialmente, só era cacau mesmo. Na caminhada, nós compreendemos que precisava diversificar a região com outros produtos e trazer outras oportunidades para o produtor incluir na sua renda. Antes, tinha a banana apenas para sombreamento e, hoje, já é possível pensar em uma produção de cultura de investimento econômico. Tem o abacaxi, a mandioca, que volta com muita força e está substituindo muita coisa. As frutas, graviola, cupuaçu sem caroço e o açaí. Então, hoje, há uma diversidade muito grande de produção de mudas.
Pauta Blog – Nesse processo de orientação dos pequenos agricultores, o que é importante destacar?
Valdemir José – Nós percebemos que o agricultor familiar está descapitalizado para poder implantar um hectare de cacau e renovar, mas é importante que ele procure algumas políticas públicas através da Bahiater, da Biofábrica, da Secretaria de Desenvolvimento Rural, da própria Seagri, para que ele possa construir um método de substituição dessas plantas antigas com baixa produtividade e manejo também. Não precisa substituir tudo de forma abrupta porque essas plantas antigas ainda têm um certo nível de proteção ambiental e vai dar, inclusive, um nível de conforto às plantas novas quando você for plantando. É importante fazer a substituição por materiais mais precoces, existem alguns com alta produtividade e tolerância, mas o aconselhamento é que comece a substituir.
Pauta Blog – O que esperar da Biofábrica daqui pra frente?
Valdemir José – Estamos melhorando muito a nossa atividade e colocando a Biofábrica em um lugar de crescimento. Hoje, a nossa discussão é manter a produção com uma base orgânica que possa preservar, mas que possa produzir de forma qualitativa e com qualidade e trazer essa inclusão das pessoas. Eu espero que seja possível construir e evoluir bastante.