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Manuel Leal de Oliveira

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Manuel Leal de Oliveira foi uma figura ímpar do Sul da Bahia. Eclético e desinibido, sempre esteve presente nas mais diversas ocasiões relevantes da política e da economia regional. Morou um tempo na Guanabara e São Paulo. Na capital carioca, trabalhou nos jornais Última Hora e Jornal do Commércio. Após tirar a “sorte grande” na Loteria Federal, volta a Itabuna.

Já em terras grapiúna, Manuel Leal adquire, com os recursos da premiação, uma fazenda em Firmino Alves (ex-Itamirim), onde por muito tempo ocupou cargos e a presidência do Sindicato Rural. Como sindicalista patronal rural, demonstrou prestígio e fez parte da diretoria do outrora Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau-CCPC), chegando a ocupar cargos importantes, como a Secretaria.

Foi sócio de alguns empreendimentos, entre eles uma fábrica de balas e uma indústria de química que fabricava água sanitária e alvejante: a Alvex. Usando sua experiência adquirida na área de marketing dos jornais do Rio de Janeiro, promoveu uma revolução na comunicação de Itabuna, junto com o jornalista Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho, ao promover o lançamento do produto utilizando o teaser.

Manuel Leal possuía verve afiada e uma facilidade incrível de fazer amigos – desafetos também –, tornando uma pessoa importante na sociedade regional. Foi fiscal da Prefeitura de Itabuna e, em seguida, nomeado fiscal do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários (IAPC), que mais tarde se tornou o Instituto Nacional de Previdência Social (INSS), após a unificação do sistema.

Vida estabilizada – cacauicultor, empresário, funcionário público –, Manuel Leal sempre teve uma grande paixão: o jornalismo. Ainda estudante do Colégio Divina Providência, fundou o polêmico jornal A Terra, que lhe tornou ainda mais conhecido. Logo depois criou o Tribunal Regional, que fizeram história ao falar abertamente do cotidiano, da economia e da política, sempre com uma linguagem afiada, o que não agradava os poderosos.

Desde estudante que era considerado comunista, embora se relacionasse perfeitamente e com destaque com pessoas das mais diversas classes sociais e ideologias, seus amigos e de sua família. De vez em quando um comunista famoso procurado pela polícia era abrigado em sua casa ou fazenda, com todas as honras e mesuras que merecia, a pedido dos tantos amigos.

Em 1987, junto com o escritor e jornalista Hélio Pólvora, Manuel Leal funda os jornais Cacau Letras e A Região, dois jornais elaborados com esmero e que – de cara – ocuparam o merecido lugar na comunicação estadual. E A Região conseguiu chegar ao clímax, influenciando o pensamento e a política regional. E o jornal passou a ser aguardado aos sábados pelo conteúdo altamente polêmico.

Além de Hélio Pólvora, passaram pelo A Região editores e repórteres da mais alta linhagem do jornalismo sulbaiano, mantendo, sempre, o tom “manuelino” que fez história na comunicação regional. Algumas semanas a tiragem de 5 mil exemplares era insuficiente para atender aos ávidos leitores e a gráfica tinha que se desdobrar para aumentar o número de exemplares.

Lembro-me quando editor de A Região – junto com Daniel Thame – inovar na diagramação do jornal, modificando, inclusive, a primeira página para aproveitar uma grande notícia de última hora. Não raro, jornal na gráfica, nos livrávamos das chamadas da primeira página, substituindo-a por um tijolão de três laudas e uma foto de um fato que não poderia deixar de ser publicado.

Com todas essas atividades, Manuel Leal nunca deixou de ser o fiscal do INSS, fiscalizando empresas das cidades baianas. Numa dessas viagens tinha como motorista o seu fiel escudeiro José Emanoel Aquino, o conhecido “Cambão”. Ao se aproximar do posto da Polícia Rodoviária Federal, em Itamaraju, o policial fez o sinal para o veículo em que viajavam parar para fiscalização.

Assim que o policial se aproximava do carro, Manuel Leal sacou do bolso da camisa uma carteira de couro com as armas da República contendo sua carteira funcional do INSS, e brandiu:

– Fiscal federal do INSS. Estou a serviço! – exclamou.

Tranquilo, o policial rodoviário não se intimidou com a carteirada e retrucou em quente:

– E o senhor quer dizer que eu estou aqui brincando, não é…Favor passar os documentos do veículo e do condutor – pediu.

Como não estava acostumado a ser retrucado com veemência, Manuel continuou a viagem até Medeiros Neto sem dar uma palavra com seu amigo “Cambão”.

Manuel Leal foi assassinado após uma denúncia feita pelo jornal A Região. Hoje o jornal é mantido na forma digital pelo seu filho, o jornalista Marcel Leal. 


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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José Augusto Ferreira Filho tomará posse como venerável mestre da Loja Maçônica Acácia Grapiúna

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As Lojas Maçônicas de Itabuna filiadas à Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (GLEB) realizarão Sessões Magnas para empossar os Veneráveis Mestres eleitos no final de maio passado. A solenidade de posse será presidida pelo Grão-Mestre Arlindo Alves Pereira Neto, atendendo o protocolo de recomendações de segurança instituído pelo Ministério da Saúde.

Os novos Veneráveis a serem empossados no dia 1º de julho são José Augusto Ferreira Filho (advogado e servidor municipal) – Loja Maçônica Acácia Grapiúna; Paulo Alves Dantas (empresário) – Loja Maçônica Areópago Itabunense; Antônio Pimenta Neto (professor), reeleito ao cargo – Loja Maçônica Construtores do Templo; e Panagiotis Gerogiannis (empresário) – Loja Maçônica Areópago Grapiúna. Os mandatos são para o período 2021/2022.

Na Loja Maçônica 28 de Julho foi reeleito o Venerável Mestre Rafael Gama Moreira, cuja reassunção está confirmada para a segunda-feira (14-06), em Sessão Magna presencial, na qual serão adotados todos os protocolos de segurança; já o Venerável Mestre da Loja Maçônica Antônio Costa, José Joel Pereira Macedo, será empossado em data ainda a ser agendada. Os dois mandatos são para o período 2021/2023.

Atualmente existem em Itabuna seis Lojas Maçônicas: quatro filiadas à Grande Loja do Estado da Bahia (GLEB) – Loja Maçônica Areópago Itabunense, Loja Maçônica Acácia Grapiúna, Loja Maçônica Construtores do Templo e Loja Maçônica Areópago Grapiúna. As outras duas – Loja Maçônica 28 de Julho e Antônio Costa, são filiadas ao Grande Oriente do Brasil (GOB).

Para o Venerável Mestre eleito da Loja Maçônica Acácia Grapiúna, José Augusto Ferreira Filho, com a pandemia ampliaram-se os desafios da Maçonaria Universal, o que não é diferente em Itabuna. “Nossa missão é empreender esforços para transpormos as dificuldades impostas pela nova ordem internacional – como sempre fizemos –, em busca de construirmos uma sociedade mais justa”.

Para o Venerável José Augusto Ferreira, diante do novo cenário criado pela pandemia, em que não são recomendados os encontros presenciais, os maçons continuam se reunindo de modo virtual para que possam ouvir e analisar as demandas da sociedade. Na opinião do novo Venerável, cada vez mais os maçons de todas as lojas estão interagindo no sentido de contribuir com uma vida melhor à humanidade. 


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Mário Alexandre e Alisson Mendonça

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Campanha política de 2010 para eleger presidente, senadores, deputados federais e estaduais e governador. Em Ilhéus, a base aliada de Dilma Rousseff e Jaques Wagner transbordava de adesões, mas como política é uma arte que requer muita astúcia, algumas lideranças, para garantir prestígio, seja qual for o resultado das urnas, dão uma no cravo e outra na ferradura.

Bastante precavida, a deputada estadual Ângela Sousa formou dobradinha com alguns deputados federais – alternando as cidades –, sendo que em Ilhéus o acordo foi fechado com o deputado federal Geraldo Simões e, apesar do seu partido pertencer à coligação que tinha como candidato a governador Geddel Vieira Lima, fez campanha para Dilma e Jaques Wagner.

Já o vice-prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, filiado ao PSDB, “armou seu barraco” na campanha de José Serra e Paulo Souto, pulando a cerca – por motivo justo – quando se tratava dos votos que teria que dar à mãe, Ângela Sousa, e a Geraldo Simões, além dos candidatos a senadores Lídice da Mata e Walter Pinheiro. Tudo era permitido legalmente, embora não recomendado pela ética.

Mesmo com os candidatos diferenciados, o vice-prefeito Marão não contava conversa e, com a mesma disposição que organizava e participava das caminhadas de Serra e Souto, não dispensava os “arrastões” de Dilma e Wagner que tinha a participação de Ângela Sousa. Para ele, o principal era mostrar serviço e ficar bem com todas as coligações, num sinal de esperteza eleitoral.

Médico dos mais conhecidos e conceituados, Mário Alexandre, pela disposição que sempre apresentava, entusiasmava tanto os participantes das caminhadas quanto os moradores ou transeuntes, tratando todos pelos nomes. Pródigos nos abraços, perguntava pela família e pedia o voto para a coligação de sua mãe, a deputada Ângela Sousa, e depois para os candidatos da coligação tucana.

E com essa profusão de coligações, em que adversários políticos e coligados se misturam, o barco navegou bem durante toda a campanha eleitoral, fazendo com que todos se juntassem na hora de trabalhar a população de determinado bairro. Uma turma descobria a tendência eleitoral dos moradores de determinadas casas, que eram visitadas primeiro pelos cabos eleitorais ligados aos candidatos daquela família.

E foi uma tática que deu certo. Na reta final da campanha, numa dessas caminhadas realizada no bairro do Pontal, tudo corria tranquilamente e a adesão dos moradores era praticamente total, para delírio das lideranças. Foi aí, então, que aconteceu um fato insperado, digno da esperteza política e que mereceria uma rigorosa apuração dos fatos praticados por uma das coligações.

Numa das turmas, o vereador petista licenciado e secretário da Indústria, Comércio e Planejamento Municipal, Alisson Mendonça, após ter se refrescado do sol quente com alguns goles de cerveja, sente vontade de ir ao banheiro e, passando em frente à casa de um amigo, pede licença para satisfazer suas necessidades fisiológicas. Ao sair, se depara com uma paisagem totalmente diferente da que deixou. Todas as propagandas da coligação petista, coladas anteriormente estavam cobertas pelos cartazes dos candidatos da coligação PSDB-DEM.

Atônito, Alisson, que tinha ficado pra trás, ligou ao celular para um “companheiro” que ia à frente comandando a colagem das propagandas da coligação petista para se inteirar da rápida mudança ocorrida:
➖ Nosso pessoal não está fazendo a “colagem”? – perguntou.
➖ Você está gozando de minha cara, claro que sim, qual é o problema – retrucou.

Foi aí que a turma que ia à frente parou de caminhar e Alisson, que ia atrás, se encontraram e presenciaram a turma da campanha de José Serra e Paulo Souto, coordenados por Mário Alexandre, colando os cartazes de sua coligação, justamente em cima dos cartazes da coligação petista. Se entreolharam encabulados como sinal de que estariam se entendendo bem e nada mais foi dito, apenas os sorrisos amarelos.

Na caminhada, a partir do dia seguinte, não mais foi visto o vice-prefeito Marão na caminhada da coligação petista. Os cuidados foram redobrados, com uma turma à frente colando os cartazes e uma turma tomando conta da retaguarda. 


Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado

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