em dezembro do ano passado, 220 trabalhadores chineses foram encontrados em situação análoga à escravidão e vítimas de tráfico internacional de pessoas

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O Ministério Público do Trabalho ingressou com uma ação civil pública na Justiça do Trabalho contra a montadora de automóveis Build Your Dreams (BYD) e as empreiteiras que prestavam serviços para a empresa. Isso porque, em dezembro do ano passado, 220 trabalhadores chineses foram encontrados em situação análoga à escravidão e vítimas de tráfico internacional de pessoas na obra de construção da planta industrial da BYD em Camaçari.

Todos os 220 trabalhadores entraram no país de forma irregular, com visto de trabalho para serviços especializados que não correspondiam às atividades efetivamente desenvolvidas. No canteiro de obras, os agentes públicos encontraram trabalhadores amontoados em alojamentos sem as mínimas condições de conforto e higiene, com presença de vigilância armada, retenção de passaportes, contratos de trabalho com cláusulas ilegais, jornadas exaustivas e sem descanso semanal.

O MPT pede a condenação da BYD e das outras duas empresas ao pagamento de R$ 257 milhões a título de danos morais coletivos, o pagamento de dano moral individual equivalente a 21 vezes o salário contratual, acrescido de um salário por dia a que o trabalhador foi submetido a condição análoga à de escravo, a quitação das verbas rescisórias devidas, além de cumprir as normas brasileiras de proteção ao trabalho e a não submeter trabalhadores a tráfico de pessoas e trabalho escravo. O órgão requer, ainda, multa de R$ 50 mil para cada item descumprido, multiplicado pelo número de trabalhadores prejudicados.

Em outubro de 2024, o MPT iniciou a apuração das condições de trabalho após o recebimento de uma denúncia anônima. No dia 23 de dezembro, a força-tarefa composta pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Defensora Pública da União, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal, resgatou 163 trabalhadores chineses. Posteriormente, outros 57 operários também foram encontrados em situação análoga à escravidão e vítimas de tráfico de pessoas.

📷 Divulgação MPT
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Na manhã desta segunda-feira (23.dezembro), uma força-tarefa liderada pelo Ministério Público do Trabalho da Bahia resgatou 163 operários que estavam trabalhando em condições análogas à escravidão em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. Além disso, foi realizada a interdição dos alojamentos e de trechos do canteiro de obras da planta onde a montadora de automóveis Build Your Dreams (BYD) está instalando uma fábrica.

Parte dos resgatados permanece em um alojamento, enquanto outro grupo já está em um hotel, mas não poderão trabalhar e terão os contratos de trabalho rescindidos. Os alojamentos e os locais da obra embargados também permanecerão sem atividades até a completa regularização junto aos órgãos que compõem a força-tarefa.

Uma audiência virtual conjunta do MPT e do MTE foi marcada para o próximo dia 26 para que a BYD e a Jinjang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e também para que sejam negociadas as condições para a regularização geral do que já foi detectado. A inspeção, no entanto, ainda prosseguirá com análise de documentos solicitados e não está descartada a necessidade de novas inspeções in loco.

SOBRE AS IRREGULARIDADES

As condições encontradas nos alojamentos revelaram um quadro alarmante de precariedade e degradância. Todos os alojamentos compartilhavam problemas graves de infraestrutura e higiene. Os banheiros, além de insuficientes, não eram separados por sexo, não possuíam assentos sanitários adequados e apresentavam condições precárias de higiene.

As cozinhas funcionavam em condições alarmantes, sem armários adequados para armazenamento de alimentos. Apenas um dos alojamentos possuía um refeitório improvisado, com bancos e mesas de madeira em área semicoberta, ainda assim insuficiente para todos os trabalhadores, forçando a maioria a realizar suas refeições nas próprias camas.

As condições no canteiro de obras também revelaram graves irregularidades. O refeitório no local de trabalho utilizava coolers para servir as refeições, sem garantir condições mínimas de higiene. Os banheiros químicos, apenas oito para aproximadamente 600 trabalhadores, encontravam-se em estado deplorável, sem papel higiênico, água ou manutenção adequada, além de não respeitarem as distâncias mínimas estabelecidas por norma.

Os trabalhadores estavam expostos à intensa radiação solar, apresentando sinais visíveis de danos à pele. Além das condições degradantes, a situação caracteriza trabalho forçado, devido a diversos indicadores constatados durante as inspeções: os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), enfrentavam ônus excessivo para rescisão contratual e tinham seus passaportes retidos pela empresa.
📷 Divulgação MPT

Jobson estava fazendo a manutenção no motor de um equipamento quando uma das peças se desprendeu e bateu na cabeça dele

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O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito para investigar a morte do eletromecânico Jobson Almeida Bispo, vítima de acidente de trabalho na empresa Barry Callebaut, em Itabuna, na semana passada.

De acordo com a Federação Estadual dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação, o trabalhador fazia a manutenção no motor de um equipamento quando uma das peças se desprendeu e bateu na cabeça dele. O eletromecânico foi atendido pelo SAMU e levado para o Hospital Calixto Midlej Filho, onde passou por uma cirurgia, mas não resistiu.

A apuração das circunstâncias do acidente e as medidas de prevenção de acidentes e de gestão de riscos dentro da unidade será avaliada pelo MPT.

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TRAGÉDIA❗ Funcionário da Barry Callebaut morre após sofrer grave acidente de trabalho na fábrica de Itabuna

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Justiça determina pagamento de R$ 200 mil, que serão revertidos para entidades filantrópicas

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A Justiça, que já havia condenado a prefeitura de Feira de Santana a cumprir uma série de normas, determinou, agora, o pagamento de R$ 200 mil a serem revertidos a entidades filantrópicas a serem definidas pelo Ministério Público do Trabalho. A decisão ainda cabe recurso.

A ação, que tramita na 5ª Vara do Trabalho de Feira de Santana (TRT5), foi movida após uma investigação que constatou uma série de atos ilegais envolvendo a coação de trabalhadores a votar, nas eleições de 2022, em determinado candidato ao governo do estado. Foi identificada a circulação de conversas, em aplicativos de mensagens, convocando os terceirizados do município para reuniões de partido político.

O MPT já havia conseguido, em 2022, uma decisão provisória favorável que determinava o cumprimento de diversos itens para assegurar o estado democrático de direito, a liberdade de consciência e expressão, bem como o pluralismo político e o direito de livre escolha nas eleições. A sentença reafirmou os efeitos da liminar e, consequentemente, reconheceu os danos morais em virtude de assédio eleitoral contra os prestadores de serviços.

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MPT foi responsável por resgatar os trabalhadores

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Dois homens em situação de trabalho semelhante à escravidão foram resgatados de uma fazenda localizada em Medeiros Neto, na região extremo sul. As vítimas atuavam na pecuária e cumpriam jornadas exaustivas de trabalho.

De acordo com o Ministério Público do Trabalho, os profissionais não recebiam corretamente e não tinham a carteira de trabalho assinada. Além disso, o alojamento em que eles viviam não tinha banheiro ou chuveiro e apresentava péssimas condições de conservação e limpeza.

Os dois homens receberam auxílio da assistência social do município, onde receberam alojamento, alimentação e suporte de saúde.

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