Prefeito Augusto Castro estava apostando as fichas na eleição da primeira-dama, mas matemática política tirou Andrea do páreo

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A guerra é na Ucrânia, mas um míssil político explodiu em Itabuna, impactou a Bahia e vai ficar guardado na história grapiúna com a notícia da desistência da pré-candidatura da primeira-dama, Andrea Castro, à deputada estadual. O fato estrondoso ocorreu na tarde do último dia 14 e o Pauta Blog foi abençoado ao anunciar, com exclusividade, a informação de que a atual secretária municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza não seria mais candidata neste ano.

Quem acha que Augusto Castro (PSD) é apenas um prefeito, está enganado. Em priscas eras, ele chegou a ser publicitário (chegou a ter um escritório), mas a patente de político profissional é a mais apropriada já que, com aposentadoria ou não, são 36 anos de estrada.

O prefeito de Itabuna, ao analisar o cenário friamente, teve que se posicionar diante das eleições de outubro mesmo confirmando, há 30 dias, que a esposa seria, sim, pré-candidata. Para quem respira política durante 24 horas por dia, Augusto teve que movimentar o tabuleiro de forma brusca e o peso era tão grande que foi necessário o consentimento do senador e líder do PSD na Bahia, Otto Alencar.

De supetão, veio o anúncio da retirada da pré-candidatura de Andrea Castro, conhecida pelos íntimos apenas como Dea. A surpresa é que Augusto já tinha “costurado” apoios com dezenas de municípios ao melhor estilo de prefeito “cinquentário-das-cidades-costuradas”. No mundo da política, quem é ágil é tido como um trator para articular, mas, na contramão do que já tinha “tratorado”, vamos aos (possíveis) fatores que motivaram a decisão. Veja:

1️⃣ Ser político profissional não foi bastante e o prefeito, por tabela, precisou se especializar em matemática. Uma conta que, diga-se de passagem, não é para qualquer um! Para quem já foi deputado por duas vezes e suplente por uma vez, existe mais facilidade em acessar os “caminhos das pedras”. Análise 1: a matemática dos caminhos não obteve um denominador para somar.

2️⃣ O prefeito é mestre na leitura política e, com o recuo do senador Otto Alencar para concorrer ao governo do Estado, pode ter chegado à conclusão de que a nominativa não seria boa como estava no script. Análise 2: “Porém, a escolha da chapa majoritária da coalizão governista compromete a composição da chapa proporcional”, elencou Augusto Castro em nota de esclarecimento sobre a desistência. Suponho, também, que Andrea seria candidata pelo PSD e a linha de corte ficou muito alta.

3️⃣ O prefeito mensurou as diversas pesquisas, seja com a intenção de votos da primeira-dama como candidata ou como avaliação da gestão municipal. Um fator de grande peso. Análise 3: Augusto ia cair de cabeça (porque sabe “tratorar” na campanha) e, com isso, a rejeição em Itabuna poderia chegar a um patamar irreversível.

4️⃣ Mesmo após 14 meses de governo, onde todas as forças estavam concentradas e/ou moldadas para turbinar a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza, Augusto enxergou que somente isso não era necessário e recuou para ampliar as ações para as demais secretarias. Análise 4: O prefeito vem garimpando nomes para assumir/trocar/ajudar/oxigenar a gestão.

5️⃣ Agora, vamos ao fator de maior peso, na minha opinião. A primeira-dama, simplesmente, pode não ter se identificado com a locomotiva municipal e admitiu que vai desembarcar do governo para reativar as atividades profissionais na advocacia e no empresariado. Análise 5: Simples, sem aptidão, fica difícil amar a vida pública.

Com larga experiência na política, comenta-se, nos bastidores, que foi uma decisão assertiva do prefeito Augusto Castro. Com essa mudança de planos, o gestor pretende ditar um novo rumo no Centro Administrativo Firmino Alves e, com mais da metade do tempo de gestão pela frente, pode voltar a sonhar com a reeleição.

O que falta para mudar a rota? Pelos conhecimentos e experiências adquiridos na Engenharia Civil, posso afirmar que é planejamento. Planejamento é datar o início e o final da obra e/ou ação. Não é falar por falar do planejamento, mas, sim, concretizar.

UMA RECEITA SIMPLES QUE PODE AJUDAR O PREFEITO DE ITABUNA:
a) Reunir-se com os secretários municipais uma vez por mês e acolher as sugestões deles, pois são visões importantes e de quem quer ajudar a gestão. Além de ter mais acesso à cidade, ouvindo lideranças, caminhando ou estudando o tema;

b) Cobrar um planejamento de cada pasta e quais ações (datadas!!!) vão efetuar naquele mês. Avaliar as ações com cada secretário e seguir um checklist do que foi atendido ou não dentro do prazo proposto;

c) Dar autonomia ao secretariado.

Resumindo, dá um trabalhão e tem que ser bom de Excel (para usar uma metodologia simples: baseline). E, claro, essa receita é (apenas) um pitaco, mas pode trazer bons resultados.

A partir de agora, o prefeito vai correr para emplacar um nome novo como pré-candidato a deputado estadual com o intuito de desbancar os favoritos que estão em jogo (deputado estadual e federal) e que não são do grupo político ao qual ele pertence.

Para quem está fora do barco e, realmente, estamos, vamos sentar e observar os movimentos gerenciais e políticos do prefeito de Itabuna.

Matheus Vital é editor de Política do Pauta Blog. Envie a sua sugestão de pauta: matheus@pauta.blog.br

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