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Imperdível a coluna da jornalista Eliane Catanhêde na edição do Estadão de hoje, 16 de julho de 2021, sobre a nota das Forças Armadas ao senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid-19.

O título, por si só, já chama atenção, provoca uma incontida vontade de ler : “É hora de a cúpula militar concordar com Aziz : os bons das FA devem estar envergonhados”, obviamente se referindo aos militares que estão sendo denunciados no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Veja abaixo, “ipsis litteris”, o que diz a jornalista.

“É hora de o ministro da Defesa e os comandantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército jogarem fora a nota desaforada contra o senador Omar Aziz, presidente da CPI, para concordar plenamente com ele : “Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados”. Se não estão, deveriam…”.

Pois é. A honrosa e imprescindível instituição das Forças Armadas não pode ter sua imagem abalada em decorrência de um governo que jogou as promessas de campanha do então candidato Jair Messias Bolsonaro na sarjeta, mais especificamente duas: o combate à corrupção e uma política sem o toma lá, dá cá.

O que se presencia, infelizmente, descartando logo a política nojenta do quanto pior, melhor, são denúncias e mais denúncias de desvios de dinheiro público e um presidente da República cada vez mais refém do conhecidíssimo Centrão, que fica chantageando o chefe do Palácio do Planalto com uma eventual abertura de um pedido de impeachment.

Vale lembrar que cabe ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP, principal legenda do Centrão, a prerrogativa de desengavetar os pedidos de afastamento, que já passam de 100, e dar início ao processamento do remédio amargo do impeachment.

O país passa por um turbilhão de problemas e uma preocupante desarmonia entre os Poderes da República. Como não bastasse, vem a maior autoridade do Poder Executivo, que deveria dar o bom exemplo, e ameaça não ter eleições em 2022.

No mais, torcer para que os homens públicos tenham juízo. E o presidente da República juízo em dobro. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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Já há no bolsonarismo uma parcela significativa tomada por um desânimo em relação à reeleição do chefe do Palácio do Planalto.

Vale lembrar que depois da redemocratização todos os presidentes conquistaram o segundo mandato consecutivo. Sem dúvida um incontestável sinal de que o cidadão e a cidadã, pelo menos na sua maioria, ficaram satisfeitos com o primeiro governo.

Além desse baixo astral, o nervosismo no staff bolsonarista vai ficando cada vez mais intenso. A rejeição ao presidente Bolsonaro e a seu governo cresce dia a dia. E o que mais preocupa é o fato de que a grande maioria do eleitorado começa a dizer que o combate à corrupção, promessa de campanha do então candidato, é um ledo engano.

Os escândalos envolvendo compras de vacinas, com pedido de propina de um dólar por dose, terminaram jogando uma pá de cal no segundo mandato consecutivo. E ainda tem a CPI da Covid-19, que a cada reunião descobre mais falcatruas com o dinheiro público.

Para complicar, pesquisa da Manhattan Connection aponta que as legendas de centro estão “em cima do muro” sobre o impeachment de Bolsonaro. O levantamento diz também que dos 513 deputados federais, 119 são a favor do afastamento, 78 contra e 319 preferiram o silêncio. Ora, os que não se manifestaram são adeptos fervorosos do pragmatismo. A qualquer momento podem ir para o lado dos que defendem o impeachment ou se juntar com os que são contrários.

As decisões dos pragmáticos, também podendo ser chamados de oportunistas, são assentadas nas pesquisas de intenções de voto e no índice de rejeição ao presidente de plantão. Sempre foi assim. Não é agora que vai ser diferente. Se as consultas mostrarem que Bolsonaro é uma péssima companhia, esses indecisos parlamentares começam a dar os primeiros passos em direção ao remédio amargo do impeachment.

Portanto, ou há uma melhora na imagem do governo, hoje completamente negativa e comprovadamente destroçada, ou vão deixar a maior autoridade do Poder Executivo a ver navios.

A missão do chamado Centrão, do toma lá, dá cá, é ficar com o candidato com mais chances de conquistar o cargo mais cobiçado da República. É evidente que o rompimento não vai ser agora. Ainda há muitas reivindicações a fazer. E o momento é esse, já que o governo está refém do Centrão e sabe que esse agrupamento é o fiel da balança para desengavetar pelo menos um dos vários pedidos de impeachment.

A situação do bolsonarismo é complicada. E o pior é que o ponto que poderia diferenciar do lulopetismo, o discurso do combate à corrupção, vai se tornando cada vez mais frágil. Não à toa que quase 60% do eleitorado, segundo pesquisa publicada pela revista Veja, não querem Lula e nem Bolsonaro.

O bolsonarismo e o lulopetismo estão cada vez mais parecidos, mais especificamente nos escândalos. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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