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Os pré-candidatos à deputado federal e estadual, independente de partido e do posicionamento ideológico, seja de direita, esquerda ou de centro com suas variantes, estão afinados em um mesmo discurso: o da representatividade política. Uns por convicção. Outros por conveniência eleitoral. Acredito que mais por sinceridade do que por cinismo.

De olho em uma boa votação no sul da Bahia, mais especificamente em Itabuna, pregam o voto regional como necessário. O fortalecimento político é o oxigênio para reivindicar dos governantes soluções para os problemas que afligem a população.

Ninguém, pelo menos em sã consciência, pode ir de encontro à importância de se votar em candidatos regionais. Hoje, citando o exemplo de Itabuna, o prefeito Augusto Castro (PSD) tem que buscar o apoio de parlamentares que não têm nenhuma identificação com o município.

Em priscas eras surgiu a chamada “Bancada do Cacau”. Um movimento que tinha a missão de convencer o eleitorado da importância de votar nos candidatos da região. Até que surtiu efeito. Depois foi se esvaindo, se enfraquecendo e, como consequência, o fim.

O discurso da “Bancada do Cacau” não aguentou interesses maiores, pressões de cima para baixo. Os defensores da iniciativa terminaram sendo cooptados por forças poderosas.

Agora vem a versão 2 da “Bancada do Cacau”, que já começa a ser sabotada por quem não tem interesse no ressurgimento do movimento, com destaque para os candidatos apelidados de “copa do mundo”, que aparecem de quatro em quatro anos dizendo que tem o maior carinho pelo sul da Bahia, principalmente por Itabuna e Ilhéus.

O problema é a tal da “dobradinha”. O candidato à Assembleia Legislativa do Estado apoiando um postulante à Câmara Federal que não tem nenhum vínculo com Itabuna. O discurso da representatividade política vai por água abaixo, passa a ser mentiroso, demagogo e enganador.

Alguns candidatos a deputado estadual, na eleição de 2018, usou esse discurso, mas na calada da noite, sorrateiramente, pediam votos para deputado federal de fora. Hoje, na maior cara de pau, começam a ensaiar a versão 2 da “Bancada do Cacau”. Tudo de mentirinha. Já acertaram o troca-troca de votos com os forasteiros de plantão.

Vale lembrar, até mesmo como forma de fazer uma homenagem, que a expressão “Bancada do Cacau” foi criada pelo saudoso, inquieto e polêmico jornalista Eduardo Anunciação, que na sua conceituada coluna “Política, Gente, Poder” defendia, de maneira entusiasmada, o voto regional.

Portanto, que o eleitor-cidadão-contribuinte fique atento. É um olho no padre, outro na missa, como diz a sabedoria popular.

PS – Faço aqui uma ressalva. Do contrário, estaria cometendo uma injustiça com os deputados que, mesmo não sendo da chamada Região do Cacau, têm ajudado os municípios através de suas emendas e no agendamento dos prefeitos tanto em Brasília como no Palácio de Ondina. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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