
Vamos começar pelo lulopetismo, com o senador Jaques Wagner, pré-candidato à sucessão do governador Rui Costa, buscando uma composição na chapa majoritária que não crie fissuras na base aliada.
Toda vez que se fala das legendas que dão sustentação política ao chefe do Palácio de Ondina, quando o assunto é a majoritária, só se lembram do PSD do senador Otto Alencar, o PP do vice-governador João Leão e, obviamente, do PT. As outras siglas sequer são citadas. Algumas são tidas como coadjuvantes. Outras nem isso.
Seria uma imperdoável ingenuidade política não achar que a importância do PSD e PP para o sucesso eleitoral de Wagner é gigantesca. E entre os vários motivos, basta um só como forte argumento: PSD e PP detém o maior número de prefeituras.
O PSB da deputada federal Lídice da Matta é o exemplo que simboliza esse desdém do petismo com as outras agremiações partidárias aliadas. Os socialistas são sempre deixados de lado, já que o entendimento é que o apoio do partido a Jaques Wagner é dado como favas contadas, 2+2 =4.
O freio de arrumação que Wagner pretende dar para evitar um atrito na base aliada é o mesmo do ex-presidente Lula. Ou seja, uma formação majoritária com Otto sendo vice de Wagner e a vaga para a disputa do Senado com João Leão, o que implica na permanência de Rui até o fim do mandato.
Lula, na sua já programada visita a Bahia, terá um jantar com o governador Rui Costa. Na mesa, além de Wagner, os ilustres convidados Otto Alencar e João Leão. Sem dúvida, uma boa oportunidade para se chegar a um denominador comum em relação à composição da chapa.
É evidente que Lula terá uma conversa reservada com Rui. Deve dizer a ele que continue no Palácio de Ondina em nome de uma causa maior: a eleição presidencial. Que Rui ocupará um importante ministério em um eventual retorno do lulopetismo ao poder maior da República até as freiras do convento das Carmelitas sabem. Lula, no entanto, para compensar a desistência do companheiro de disputar o Senado, pode prometer que fará todo empenho para que seja o candidato do PT à presidência da República no pleito de 2026.
Quanto a ACM Neto, o ex-prefeito soteropolitano sabe que as mãos dadas de Wagner, Otto e Leão, tendo Lula como cabo eleitoral, é a pior coisa que pode acontecer para sua legítima e democrática pretensão de governar a Boa Terra. Mas se de um lado Wagner tem Lula, Neto tem como fortíssimo “cabo eleitoral” o sentimento de mudança, afinal, com o término do mandato de Rui, são 16 anos de lulopetismo no comando da Bahia.
A dor de cabeça de Neto não é a sua majoritária, muito menos problemática do que a de Wagner. Seu grande dilema diz respeito à sucessão do Palácio do Planalto. Mais cedo ou mais tarde terá que tomar uma decisão sobre sua posição. Uma significativa parcela do eleitorado não gosta de quem não tem posicionamentos claros, que fica sem saber para que lado vai, atucanadamente em cima do muro.
No tocante à sucessão presidencial, o ex-alcaide de Salvador só tem três caminhos: apoiar uma candidatura própria do DEM, se aliançar com Ciro Gomes (PDT) ou se reaproximar do presidente Bolsonaro. Vale lembrar que Neto é o comandante-mor nacional do DEM, o que faz tornar sua decisão mais significativa.
Bom mesmo para Neto seria o crescimento do ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, presidenciável do DEM, nas pesquisas de intenções de voto. Mas essa possibilidade de Mandetta deslanchar é muito pequena. Quanto a Bolsonaro, Neto deve ter consultas indicando a alta rejeição do presidente e com tendência de crescer mais ainda. A estrada com poucos obstáculos vai ser a que leva a um apoio à candidatura de Ciro Gomes (PDT).
Concluo, sob pena do comentário ficar extenso, com o tradicional “ainda tem muita água para passar por debaixo da ponte”. ![]()
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Marco Wense é Analista Político











