A ala pragmática e mais fisiológica do DEM começa a dizer que a posição de ACM Neto, presidente nacional da legenda, diante da sucessão do Palácio do Planalto, vem provocando a debandada de lideranças para outras agremiações partidárias.
O ex-alcaide de Salvador já disse que o DEM não vai tomar o caminho do extremismo, seja com Bolsonaro, que busca sua reeleição, ou com o petista-mor Lula, que quer retornar ao cargo mais cobiçado do Poder Executivo.
Essa decisão de não pegar a estrada dos extremos, do radicalismo e do confronto do ódio, está afastando da sigla os que fazem política de olho nas pesquisas de intenções de voto, os que ficam esperando quem está melhor colocado nas enquetes para encostar.
Todos que estão deixando o demismo, com algumas poucas exceções que envolvem as arrumações regionais, o fazem por oportunismo político. São defensores de que o DEM tem que deixar duas portas abertas, uma para Jair Messias Bolsonaro e a outra para Luiz Inácio Lula da Silva.
Não existe “crise de identidade” no DEM, como alegam os parlamentares que apoiam a possibilidade de apoiar Bolsonaro ou Lula. Ora, ACM Neto já decidiu que não quer nem um e, muito menos, o outro. “Óbvio que não vou cogitar apoiar de um extremo a outro”, disse o ex-gestor soteropolitano. Portanto, essa alegação de “crise de identidade” não passa, como já disse no parágrafo anterior, de oportunismo.
Olhe, caro e atento leitor, ainda vou mais longe. Se no segundo turno a disputa for entre Bolsonaro e Lula, e se tiverem empatados, com qualquer um podendo ganhar, os oportunistas de plantão vão ficar em cima do muro, esperando o resultado. Depois é só dizer que apoiaram o vitorioso, que só não fizeram abertamente por causa da decisão do partido.
Neto diz que o DEM “está sofrendo ataque especulativo dos que têm inveja”. Lembra que a sigla cresceu na comparação entre as eleições de 2020 e 2016, elegendo 464 prefeitos contra 268 do pleito anterior e 49% a mais de vereadores.
É evidente que ACM Neto não pode só ficar na simpatia com o movimento “NEM LULA, NEM BOLSONARO”. Antes das águas de março fechando o verão de 2022, vai ter que decidir o seu candidato à presidência da República.
Marco Wense é Analista Político