Era uma vez um governador que foi eleito graças à boa vontade do antecessor. Traduzindo, Rui Costa (PT) foi eleito no primeiro mandato com muito esforço do, hoje senador, Jaques Wagner (PT). Costa não era TÃO conhecido na época a ponto de se tornar a maior autoridade da Bahia, mas foi escolhido pelo povo para governar. Mérito para os dois petistas.
Costa foi vereador de Salvador em 2004 e, em 2010, foi eleito deputado federal. Daí em diante, se apossou, democraticamente, do Palácio de Ondina, onde permanece até os dias de hoje.
Por que tantos rodeios? Esqueça os rodeios porque a palavra correta é “correria”. Adjetivo esse associado ao governador Rui Costa para dizer que ‘faz e acontece’. Podem até publicizar dessa forma, mas, no momento atual, o excelentíssimo vem deixando a desejar e não faz jus à expressão.
Vamos aos fatos:
A última vez que Rui Costa pisou em solo grapiúna foi no dia 6 de dezembro de 2021, quando lançou a obra de duplicação da rodovia entre Ilhéus e Itabuna, a BA-649. Depois, tomou várias xícaras de chá de sumiço.
Quando a enchente do Rio Cachoeira afetou milhares de famílias itabunenses, Rui não deu o ar da graça na cidade. Instalou uma base em Ilhéus e ficou por lá, de onde seguiu para vários municípios, exceto para a cidade vizinha. Uma atitude bastante questionável para quem teve 63,12% de votos em Itabuna na reeleição e se intitula como “o governador mais votado da história da Bahia”.
A sensação de abandono tem aumentado entre os prefeitos. Estive, recentemente, em um munícipio onde o prefeito é da base de Rui, mas está ‘pê da vida’ com as atitudes do gestor estadual. Segundo ele, a cidade foi esquecida pelo governo do estado até porque, até o momento, não recebeu um alfinete de obra por lá. O prefeito está na bronca e o rompimento é iminente. Trarei a notícia assim que acontecer.
Pelos fatos narrados, a visão do correria é a seguinte: “Sei do problema, não nego, mas, faço quando quiser”. Traduzindo em miúdos, Rui Costa está com o freio de mão suspenso e “de mal” com Itabuna. Ou seria com o prefeito Augusto Castro (PSD)?.
Nesta semana, inclusive, o Chefe do Executivo itabunense declarou ao Pauta Blog que está aguardando uma vaga na agenda do governador para, finalmente, inaugurar a obra de revitalização da Avenida Manoel Chaves. Segundo o gestor, a obra foi viabilizada em uma parceria entre os governos municipal e estadual e, por isso, precisa da presença de Rui para entregar a novidade à população.
Recentemente, mesmo que de longe, Rui prometeu R$ 10 milhões para a recuperação asfáltica da cidade e 1.100 habitações para os desabrigados pela enchente. É o bastante? Enquanto isso, segundo um tradicional petista e aliado do governador, Ilhéus já está na casa dos 500 milhões em investimentos.
É possível que o cenário de sucessão estadual esteja tirando o sono do gestor estadual a ponto dele “esquecer” que vai ser destituído do cargo APENAS quando outro for eleito. Sendo o aliado Wagner ou não, fato é que Rui deveria tentar encerrar o mandato de cabeça erguida e com a popularidade em alta. Não parece ser o caso já que, nesta semana, uma reunião entre petistas e o ex-presidente Lula para tentar delinear a chapa majoritária na Bahia pode não ter terminado do jeito que ele esperava.
Excelentíssimo Rui Costa, calce a sandália da humildade e venha visitar Itabuna. Mas, se for para trazer essas perfumarias, fique onde está. Apareça com recurso$!
Matheus Vital é editor de Política do Pauta Blog.
E-mail: matheus@pauta.blog.br