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O APOGEU DA MENTIRA

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Um verdadeiro festival de mentiras. É o que vem acontecendo na CPI da Covid-19. Até parece que os mentirosos desconhecem a sabedoria popular que diz que “mentira tem perna curta”. Mais cedo ou mais tarde a verdade vem à tona.

Da avalanche de inverdades, a que me chamou mais atenção foi a da médica pediatra Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde. O depoimento da doutora aconteceu ontem, 25, na Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado da República.

Antes de comentar a falta da verdade da “Capitã Cloroquina”, como é apelidada devido a sua intensa defesa em favor do uso do tratamento precoce no combate à Covid-19, vale lembrar, obviamente para os desinformados, que já ultrapassamos a triste marca de mais de 450 mil óbitos. E o pior é que a terceira onda da pandemia, agora mais cruel e devastadora, é fato. No interior de São Paulo, até as farmácias estão sendo fechadas com a decretação do lockdown. Enquanto isso, o presidente Bolsonaro continua não usando máscara e causando aglomerações.

Voltando ao caso Mayra, ao ser questionada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão, se já tinha sido imunizada, a secretária disse que estava esperando passar os 30 dias para vacinar, já que teria sido contaminada pelo novo coronavírus.

“Ainda não. No dia em que minha vacina estava agendada, eu adquiri covid-19”, respondeu a secretária na maior tranquilidade do mundo, sem nenhum constrangimento, sequer ficou com o rosto avermelhado, dando pista de que estava mentindo.

Que coisa, hein! A doutora omitiu que contraiu a doença antes do dia 21 de março, portanto há mais de 60 dias. E aí cabe uma pertinente e oportuna pergunta: Por que a doutora-secretária não que tomar a vacina? Na sequência, uma outra indagação: A doutora quer seguir o presidente, que também não tomou a vacina, já não basta para agradar o chefe a defesa da cloroquina?

Que situação vive o nosso Brasil. Como não bastasse os Poderes da República literalmente em chamas, com uma guerra entre eles, jogando o preceito constitucional da harmonia e independência na lata do lixo, temos um chefe da Nação que teima na irresponsabilidade de continuar dando um chega pra lá no uso da máscara e causando aglomerações, e uma médica que exerce uma importante função na pasta da Saúde passando a impressão que desdenha da vacina.

E assim caminha a humanidade. Ou melhor, o mundo da política. Deixando de fora as honrosas exceções, os senhores governantes parecem mais preocupados com sua sobrevivência política. Lamentável. Triste. Muito triste.

PS – A Organização Mundial da Saúde (ONU) acaba de informar a boa notícia de que a pandemia por Covid-19 sofreu uma retração global de 14%. A maior taxa de redução acontece na Europa. A triste notícia, para nós brasileiros, é que caminhamos em sentido contrário em relação a média mundial. Só Deus na causa, costumam dizer os mais religiosos. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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