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LULA E A SUCESSÃO DE 2022

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabe que a grande maioria do seu eleitorado não liga para as contradições do PT na busca de acordos. Essa considerável fatia de votos está concentrada nos beneficiários do Bolsa Família.

O petismo tem também os seus “lulominions”, que costumam chamar o líder-mor de “Deus Lula”. Quando o assunto é a sucessão do Palácio do Planalto, eles dizem que a polarização é favas contadas, irreversível. De um lado o “Deus Lula”, do outro o “mito”.

Os petistas que não aceitam essa aproximação de Lula com certos políticos não têm força nenhuma. Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, são chamados de ingênuos, sonhadores e até mesmo de babacas.

A prova inconteste de que o agora elegível Lula é de um pragmatismo assustador, adepto do vale tudo para conquistar o poder, de que os fins justificam os meios, é que não há um registro de uma crítica sua a essa turma que hoje está na cadeia ou, em decorrência da impunidade, solta, tomando bons vinhos na beira da piscina de suas mansões, debochando da Justiça. O silêncio de Lula é de quem tem telhado de vidro.

Se Lula tivesse certeza que Cunha, Cabral e companhia Ltda não iriam provocar desgaste na sua tentativa de chegar à presidência da República pela terceira vez, assim que deixassem a cadeia, seriam chamados para o palanque. Um tapete, obviamente de cor vermelha, seria estendido para os honrosos políticos, exemplos de homens públicos. Com efeito, todos esses larápios do dinheiro público, dinheiro meu, seu, nosso, enfim, do povo brasileiro, do cidadão-eleitor-contribuinte já foram aliados de Lula. Pelo andar da carruagem, vão voltar a ter influência em um eventual retorno do líder maior do Partido dos Trabalhadores ao cargo mais importante e cobiçado do Poder Executivo.

O senador Renan Calheiros, emedebista lá de Alagoas, que responde a vários processos, alguns deles no STF, um dos articuladores do impeachment da então presidente Dilma Vana Rousseff, foi convidado para ser uma espécie de coordenador da campanha de Lula no nordeste. A pobre da Dilma não diz nada.

A diferença entre o ex-presidente Lula e o atual, no tocante ao eleitorado, é que Bolsonaro, para manter sua base unida, tem que radicalizar o discurso. Lula não tem essa preocupação, já que 60% dos seus eleitores são despolitizados, quer no aspecto ideológico como de informação.

Concluo dizendo que essa “irreversível” polarização vai sendo enfraquecida à medida que o movimento “Nem Lula, Nem Bolsonaro” vai tomando corpo. Vale lembrar que o antipetismo e o antibolsonarismo caminham a passos largos para atingir 60% do eleitorado. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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