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BOLSONARO, CENTRÃO, PANDEMIA E REELEIÇÃO

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Não tem como fugir dos três assuntos que intitulam o comentário de hoje: toma lá, dá cá, pandemia do novo coronavírus e reeleição de Bolsonaro estão interligados.

No último sábado (3), o Brasil ultrapassou a marca de 330 mil mortes. Nas 24 horas foram registrados mais de 1.900 óbitos, o que significa uma média de 2.800 mortes nos últimos sete dias.

A situação fica cada vez mais preocupante. O descontrole é tanto que o Brasil está virando um laboratório de novas cepas do maldito e cruel vírus, que não faz diferença entre os que estão na parte de baixo, na intermediária e na de cima da pirâmide social.

Enquanto isso, com a previsão de 500 mil mortes até que a covid-19 seja controlada com as vacinas, que passam a ser a tábua da salvação, os senhores parlamentares, que deveriam estar pressionando o presidente Bolsonaro a manter o auxílio emergencial em R$ 600, têm o limite de despesas médicas nas redes privadas aumentado em 170%, indo para R$ 135,4 mil.

O absurdo reajuste foi protagonizado por Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados e principal líder do Centrão, hoje aliado de Bolsonaro, como foi dos ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. No frigir dos ovos, a petista e o emedebista terminaram sendo apunhalados pelas costas e, como consequência, a defenestração do Palácio do Planalto com a ajuda do próprio Centrão, cuja participação foi decisiva no sucesso do impeachment.

Costumo dizer que é melhor acreditar na existência da mulher de sete metros que perambulava de minissaia na rodovia que liga Itabuna a Ilhéus, aqui no sul da Bahia, do que no Centrão.

O bolsonarismo, que fez a campanha presidencial de 2018 atacando veementemente o toma lá, dá cá, hoje é refém dele. O editorial deste domingo do Estadão diz que “Bolsonaro vai ter que pedir permissão ao Centrão até para respirar”.

Quando um governo passa a ser dominado por um grupo político, sob ameaça de abertura de um eventual processo de impeachment, se suas reivindicações não forem atendidas, significa o começo de um melancólico fim.

O silêncio do presidente Bolsonaro diante desse escandaloso reajuste é a prova inconteste que a maior autoridade do Poder Executivo está preso ao Centrão, de mãos atadas.

A esperança do segundo mandato consecutivo, via instituto da reeleição, está assentada na elegibilidade do ex-presidente Lula, se vai disputar ou não o pleito de 2022. A torcida no bolsonarismo é que Lula seja o adversário de Bolsonaro no segundo turno. Qualquer outro candidato preocupa, principalmente Ciro Gomes (PDT).

Para o bolsonarismo, o forte, gigantesco e enraizado antipetismo pode ser novamente o maior cabo eleitoral de Bolsonaro. E com Lula na disputa esse antipetismo fica mais inflamado.

PS – Em decorrência dessa disputa cheia de ódio entre o bolsonarismo e lulopetismo, que não cabe mais em um Brasil que precisa de paz e harmonia, do imprescindível diálogo entre as instituições, entres os Poderes da República, é que cresce a cada dia o movimento “Nem Bolsonaro, Nem Lula”. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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