Muitos leitores se queixando da modesta Coluna Wense, dizendo que só de “caju em caju” comenta sobre o título acima, dando preferência à sucessão presidencial e as críticas ao governo Bolsonaro.
Wense, vamos falar sobre Augusto Castro, como ele vai se comportar no pleito de 2022. É o pedido que mais ouço das pessoas que acompanham as análises sobre o movediço e traiçoeiro mundo da política.
Comentar política não é fácil. Afinal, mexe com quem está no poder ou pretende conquistá-lo. Cutuca os que se acham poderosos, que não aceitam qualquer comentário negativo e nem mesmo um bom, oportuno e pertinente conselho. “Tem que ter couro de crocodilo”, dizia o saudoso jornalista Eduardo Anunciação na sua conceituada coluna no Diário Bahia.
Abro um parêntese para dizer, mais uma vez, que não sou nada relacionado aos meios de comunicação. Escrevo porque gosto e sem nenhuma contrapartida. Confesso que não consigo ficar um só dia sem escrever. Tem gente que fica com dor de cabeça em decorrência do stress. Eu quando não escrevo, mesmo que não seja para publicar.
Voltando à política, onde os menos espertos conseguem beliscar azulejo, não tem como deixar o governo Bolsonaro de lado. A última notícia desastrosa é o bloqueio de R$ 5 bilhões de verbas da ciência e tecnologia, o que vai prejudicar os estudos sobre a covid-19. Enquanto isso, se cria um tal de “orçamento secreto” de R$ 3 bilhões para atender o toma lá, dá cá, dos senhores parlamentares em troca de apoio no Congresso Nacional.
O site da Uol Notícias, na edição de ontem, sábado, 19, traz uma matéria sobre a vacina Coronavac e sua eficácia em 97% para casos graves. Mas o que chamou atenção foi a suspeita de que o ministério da Saúde tem um plano para “abandonar o uso da Coronavac no Brasil”.
Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que a questão é política, já que o instituto Butantan é ligado ao governo de São Paulo, que tem o atual chefe do Executivo, João Doria, como pré-candidato do PSDB à presidência da República em 2022. Portanto, a politicagem em detrimento da vida do ser humano. Vale lembrar que atingimos a triste marca de mais de meio milhão de mortos pela cruel, devastadora e impiedosa covid-19.
No tocante ao alcaide Augusto Castro, o gestor só vai tomar uma posição ou emitir qualquer opinião sobre as sucessões estadual e nacional lá para o mês de março ou abril de 2022. Não interessa ao governo municipal ficar criando atritos desnecessários com grupos políticos.
Reafirmo que Augusto vai se comportar de acordo com a orientação do senador Otto Alencar, presidente estadual da sua legenda, o PSD. O parlamentar espera a decisão do lulopetismo sobre o imbróglio na arrumação da chapa majoritária encabeçada pelo petista Jaques Wagner.
Outro problema que, mais cedo ou mais tarde, Augusto terá que enfrentar, diz respeito ao vice-prefeito Enderson Guinho, que foi eleito vereador pelo PDT, depois se filiou ao Cidadania e agora virou demista, aliado de primeira hora de ACM Neto, dirigente-mor nacional do Partido do Democratas (DEM).
É evidente que o discurso agora é de que não há problema nenhum com o vice-prefeito. Não interessa a ambos criar arestas neste momento. Mas lá na frente, na efervescência da campanha, com o vice sendo candidato a deputado federal e pedindo votos dentro da prefeitura para ACM Neto, postulante ao governo da Bahia, os atritos serão inevitáveis. Vale ressaltar que a primeira-dama, Andrea Castro, é candidata à Assembleia Legislativa (ALBA) em dobradinha com Paulo Magalhães, que vai atrás da sua reeleição para à Câmara Federal. O ex-carlista de carteirinha é do mesmo partido do prefeito de Itabuna.
Outro ponto que não pode passar despercebido, e que já causa uma certa preocupação entre os correligionários mais próximos do prefeito, é que uma eventual vitória de ACM Neto na disputa pelo Palácio de Ondina, vai oxigenar a pretensão do vice de ser candidato a prefeito de Itabuna na sucessão de 2024, o que pode prejudicar o sonho de Augusto de quebrar o tabu do segundo mandato consecutivo, já que nenhum chefe do Executivo conseguiu se reeleger na história política de Itabuna.
Concluo dizendo ao caro leitor que vou comentar mais sobre a política municipal. De quatro análises, vou reservar uma para o comportamento de Augusto Castro diante das eleições de 2022.
PS – Assim que soube da intenção do governo federal em boicotar a vacina Coronavac, o diretor do conceituado instituto Butantan, Dimas Covas, em tom de desabafo e revolta, disse que tudo não passava de “um ataque combinado contra a vacina por parte dos negacionistas”. Que coisa, hein! Diante de mais de 500 mil óbitos, a manchete da politicagem nos jornais. Coitado do nosso Brasil.
Marco Wense é Analista Político