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OU JUÍZO OU O IMPREVISÍVEL

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A sabedoria popular nordestina costuma usar a expressão “bagaceira no caminho da feira” quando há uma confusão, uma situação que se não for contornada termina ficando incontrolável.

É o caso deste momento que passa o governo Bolsonaro. Disse ontem que a crise que toma conta do Palácio do Planalto não pode ser vista como “mais uma” do bolsonarismo, que ela é muito preocupante e merecedora de toda atenção. Não é uma “crisezinha”.

E mais (1) : não envolve só a pessoa de Fernando Azevedo e Silva, com sua demissão do ministério da Defesa, e nem o fato dele ser general do Exército. Pazuello também era general e foi demitido da pasta da Saúde.

E mais (2) : o imbróglio diz respeito aos segmentos das Forças Armadas – Exército, Aeronáutica e Marinha – que não concordam com a politização dos quartéis e, muito menos, com rompantes autoritários e iniciativas que vão de encontro aos preceitos constitucionais que enumeram o papel das Forças Armadas no Estado democrático de direito.

Não satisfeitos com o poder que tem o presidente da República, os bolsonaristas querem mais. Ora, ora, mais poder do que ter a prerrogativa de destituir três comandantes das Forças Armadas, três generais sem dar nenhuma explicação ?

Vem o Major Vitor Hugo, líder do PSL na Câmara dos Deputados, e apresenta, em caráter de urgência, um Projeto de Lei para dar mais poderes a Bolsonaro com a decretação da chamada Mobilização Nacional, que abre brecha para que as Polícias Militares de todo país fiquem subordinadas ao governo federal.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já avisou que não vai admitir atitudes de rupturas na democracia. “Nós temos de conter qualquer tipo de lei, projeto de lei ou iniciativa legislativa que contrarie a Constituição Federal”, disse o parlamentar.

Conversando com meus botões, fico a imaginar o que passa pela cabeça de lideranças de outros países sobre o Brasil. A imagem deve ser a pior possível. Em plena crise da pandemia, caminhando para ceifar a vida de 400 mil seres humanos, fica o país nessa guerra política e ideológica com as vacinas e, agora, com esse pega-pega do presidente com as Forças Armadas.

Que coisa, hein! Até quando esse estado de desesperança vai permanecer ? Até quando os senhores “homens públicos”, deixando de fora as honrosas exceções, vão continuar pensando mais na sua sobrevivência política do que na vida das pessoas?

Do jeito que caminham as coisas, com a política partidária na frente da agonia do dia a dia do eleitor-cidadão-contribuinte, com o olhar mais direcionado para a sucessão presidencial de 2022, a expressão “bagaceira no caminho da feira” vai ficar cada vez mais atual.

PDT, CIRO E A SUCESSÃO ESTADUAL

O PDT da Bahia, sob a batuta do deputado federal Félix Júnior, mais cedo ou mais tarde, tendo como prazo limite o mês de abril de 2022, terá que se posicionar na sucessão estadual, colocando a candidatura de Ciro Gomes como ponto principal.

Como o PT terá seu presidenciável, seja o ex-presidente Lula ou outro petista, o PDT caminha para uma coligação com o DEM e, como consequência, o apoio a ACM Neto na disputa pelo comando do Palácio de Ondina, indicando o candidato a senador na chapa majoritária, já que a vice será do Republicanos ou do PP se a legenda sair da base aliada do governador Rui Costa. Correligionários mais próximos de Félix gostaram da possibilidade dele integrar a majoritária.

Outra hipótese, essa considerada muito difícil de acontecer, é o senador Otto Alencar, dirigente-mor do PSD, sair candidato a governador com o apoio do PDT. Uma coisa é certa: seja com Neto ou Otto, a condição é apoiar Ciro Gomes.

O que não tem cabimento é fazer campanha para um candidato a governador que vai pedir voto para outro presidenciável. Ciro é a prioridade.

Do contrário, é melhor ter candidatura própria, filiando Guilherme Bellintani, presidente do Esporte Clube Bahia, e lançá-lo na disputa pelo governo do Estado. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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