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O dinheiro público vem sendo tratado como se fosse algo privado, que se gasta sem precisar dar satisfação, que quando questionado tem a seguinte resposta : “o dinheiro é meu, faço com ele o que quiser, não é da sua conta”.

Os senhores parlamentares, deixando de lado as honrosas exceções, infelizmente pouquíssimas, arrumaram um jeitinho para gastar o dinheiro do cidadão e da cidadã, do eleitor-contribuinte sem precisar prestar contas.

Que coisa, hein! Sai o tal do “orçamento secreto” e entra a tal das “emendas em cheque branco”. Os recursos enviados para os governos estaduais e prefeituras podem ser usados em qualquer área e sem nenhuma fiscalização federal.

Pois é. Se gasta como quer e sem definição de critérios e prioridades. É do jeito que o diabo gosta, como diz a sabedoria popular. No comentário de hoje, é o diabo da impunidade, cada vez mais ousado e desafiador, se alimentando do que mais gosta: o dinheiro dos cofres públicos.

As emendas em “cheque branco”, que em 2020 chegaram a R$ 621milhões, saltaram para quase R$ 2 bilhões em 2021. Por trás de toda essa dinheirama, o objetivo de afastar a possibilidade de abertura de um pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro. Em vez do cafuné ser com os dedos, se faz com a liberação de recursos.

E tem mais: o Congresso Nacional retirou o poder de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) para esses recursos. Repito: tudo como o diabo da impunidade gosta.

E tem mais: Os senhores parlamentares das duas Casas Legislativas, o Senado da República e a Câmara dos Deputados, diminuíram as verbas do imprescindível Censo Demográfico em quase R$ 2 bilhões. Ou seja, tiraram dinheiro do Censo para fazer o toma lá, dá cá.

O Censo Demográfico é de uma importância gigantesca. Através dele se faz um retrato de como vive os brasileiros, ajudando assim a definir as políticas públicas para melhorar a vida das pessoas.

E o pior é que quando um governo chega ao ponto de ficar refém do Centrão, a esperança de um futuro melhor vai para a sarjeta.

O dinheiro nosso, do povo brasileiro, precisa ser tratado com mais respeito e lisura. Que os senhores políticos, falo dos malandros, tenham vergonha na cara.

PS – Duas manchetes do Estadão chamaram à atenção hoje. Uma relacionada ao mundo político, a outra à economia. A da política: “Ministro da Defesa faz ameaça e condiciona eleição de 2022 ao voto impresso”. A da economia: “Custo de materiais de construção tem alta recorde e afeta reformas e construtoras”. Ambas preocupantes. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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