ENTREVISTA❗ “Itabuna, hoje, arrecada acima de R$ 1 bilhão, mas o sentimento que eu tenho é que a cidade está falida”, dispara ex-vice-prefeito Enderson Guinho

"A política, para mim, é uma vocação. Sair da política quando ela cai na veia, é muito difícil", disse Enderson Guinho em entrevista ao Pauta Blog.

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O ex-vice-prefeito e ex-vereador de Itabuna, Enderson Guinho (UB), conversou com este Pauta Blog sobre o que almeja para os próximos anos, o saldo das últimas eleições e os ensinamentos durante os oitos anos de vida pública.

Confira a entrevista completa ⤵️

Pauta Blog // Além da política, você chegou a exercer outras funções?
Enderson Guinho //Quando fui eleito vereador, eu era funcionário da Nestlé. Sofri um acidente na empresa e fui afastado em 2015, mas, em 2016, eu fui eleito. Pedi desligamento da empresa e comecei a minha atividade dentro da política.

Pauta Blog // Você é apaixonado pela política?
Enderson Guinho // A política, para mim, é uma vocação. Inclusive, desde quando me lancei candidato a vereador em 2016, sempre tinha aquele olhar. A política é o maior meio de caridade porque, com o espírito público, você pode fazer muito. Eu tenho esse olhar e sou apaixonado pela política. Mesmo sem o mandato, a gente vai exercer outras atividades relacionadas à política estadual e nacional, mas, sair da política quando ela cai na veia, é muito difícil.

Pauta Blog // Como fica o seu papel na política nos próximos dois anos?
Enderson Guinho // Eu exerço a presidência do União Brasil em Itabuna, que é um partido de grande representatividade a nível nacional. Nós temos uma liderança estadual com uma força muito grande em Itabuna. Nós vamos fazer uma alteração em toda a executiva filiando novas lideranças políticas em nosso município para fortalecer o partido pensando nos próximos pleitos. Já fui convidado e comunicado pelo partido para disputar em 2026, mas é algo que está em análise. Não está no meu radar, mas, é como eu sempre digo, eu sou grupo e é preciso pensar de forma coletiva sobre o que é bom para o grupo, mas também para não atrapalhar o meu projeto pessoal.

Pauta Blog // A possibilidade de você ser candidato em 2026 surgiu após a viagem para Salvador?
Enderson Guinho // Na minha última conversa com ACM Neto, eu perguntei a ele porque eu já tenho compromisso com o deputado federal Arthur Maia, então eu perguntei sobre quem deveríamos apoiar para estadual. Ele pediu que eu não me comprometesse com nenhum estadual para, mais na frente, a gente analisar. O deputado Luciano, que está na organização da chapa proporcional, disse que quer que eu seja candidato a deputado estadual. Eu expliquei a ele os meus motivos de não querer disputar agora porque estou nesse processo de me reestruturar pensando em 2028, mas estamos praticamente sem representação do nosso grupo político, então, talvez, essa seja a ideia de ACM Neto de ter uma candidatura regional do União Brasil, mas também tenho trabalhado para atrair lideranças políticas para o nosso partido.

Pauta Blog // Qual foi o saldo das Eleições de 2024 para o União Brasil de Itabuna?
Enderson Guinho // Infelizmente, a gente, enquanto partido, saiu um pouco prejudicado desde quando houve o alinhamento de fazer uma pesquisa para escolher o nome do candidato. A gente já sabia que, caso o União Brasil não tivesse candidato, nós perderíamos por não ter o voto de legenda, que poderia eleger mais vereadores, por não ter o número do partido sendo batido na cidade, mas a gente entende que a política de grupo não é feita apenas com uma candidatura do próprio partido porque pode ser, sim, de candidatos aliados, que foi o que aconteceu. A gente conseguiu a reeleição do nosso vereador Danilo da Nova Itabuna, mas a nossa vontade era ampliar o número de cadeiras na Câmara, o que não foi possível. Com a candidatura majoritária, nós já prevíamos que viria um resultado não positivo para o candidato que nós apoiávamos, mas o que a gente esperava era que a postura depois da eleição fosse outra.

Pauta Blog // Você acredita que o deputado Pancadinha está embarcando no grupo do governador Jerônimo Rodrigues?
Enderson Guinho // Aprendi com o deputado Paulo Magalhães que a política é feita de gestos e eu levo isso para a minha vida. Eu acredito que os gestos que o deputado tem dado é de que ele, realmente, vai se aliar ao governo do estado. Eu não posso falar por ele e, até onde eu sei, ACM Neto não foi comunicado sobre essa posição dele de mudar de rumo político, Neto só tem recebido as matérias que têm rolado na imprensa. Não vi o deputado fazer uma publicação sobre esse assunto, mas os gestos dele têm sido de uma postura diferente daquela que ele exerceu nos últimos dois anos de mandato como deputado estadual.

Pauta Blog // ACM Neto ou você tentaram se reaproximar do Capitão Azevedo?
Enderson Guinho // O último contato que eu tive com Capitão Azevedo foi quando ele me entregou a carta de desfiliação do União Brasil. Ele agradeceu pelo tempo que caminhamos juntos na tentativa de colocar o nome dele como candidato a prefeito e me comunicou que não marcharia com ACM Neto em 2026. Se houve um gesto de Neto em tentar se reaproximar dele, eu não fui comunicado, mas acredito que Azevedo soma muito no projeto político, mas a decisão tem que ser dele que passou por todas essa situação que acabou sendo desgastante para a relação política dele com o grupo de Neto. Caso seja solicitado que eu dialogue com ele, posso dialogar, mas eu não soube de nenhuma reaproximação nem interesse dele dialogar com o grupo.

Pauta Blog // Como você avalia o governo do prefeito Augusto Castro?
Enderson Guinho // O prefeito Augusto Castro conseguiu fazer um avanço significativo na infraestrutura do município. A gente tem visto a reforma das praças, a pavimentação asfáltica em alguns bairros, como também obras que Itabuna não via há muito tempo, como a ampliação do Hospital de Base e a reforma do São Lucas. O que eu sempre questiono e questionava desde a época em que era vereador, é com a execução do orçamento do município. Itabuna, hoje, arrecada acima de R$ 1 bilhão, mas o sentimento que eu tenho é que a cidade está falida porque, se o prefeito não tivesse um compromisso eleitoral com o governador e o governador não executasse essas obras no município, Itabuna não teria absolutamente nada. O compromisso do prefeito, hoje, com o que se arrecada no município de Itabuna, é o pagamento em dia da folha dos nossos servidores, mas, não em relação as outras ações. A empresa Biosanear ameaçou parar as atividades por causa de R$ 5 milhões de dívidas. A gente sabe que a empresa de ônibus também pode parar a qualquer momento com o atraso do pagamento. Os fornecedores e prestadores de serviço também têm atraso no pagamento. A gente não vê uma reforma de posto de saúde com recursos próprios. Se a AFYA, pelo programa Mais Médicos, não tivesse realizado essas reformas, não teria nenhuma reforma de posto no município. As escolas e creches têm mais de um ano com obras paralisadas. Isso é desperdício do dinheiro público! Para onde tem ido o que se arrecada nessa cidade? Isso me preocupa porque tem empréstimo de R$ 300 milhões em dois bancos. Quando for pagar esse empréstimo, como vai ficar a saúde financeira do município?.

Pauta Blog // Qual nota você dá para a gestão do prefeito Augusto Castro?
Enderson Guinho // Eu dou uma nota 5 para a primeira gestão por causa dessa questão de organização da imagem que a cidade tem, principalmente no centro. A questão do lixão foi muito importante para a cidade também. As reformas dos hospitais também são importantes, mas a gente espera que funcionem adequadamente porque eu recebo denúncias de que falta até seringa no Hospital de Base. O início da segunda gestão começou muito ruim, a gente tem visto diversos protestos na cidade e não são motivados por política, é o povo! Hoje, a oposição da cidade se calou, mas a gente tem tido um posicionamento da própria população buscando melhorias na educação e em relação à água. A educação entrou na UTI! O prefeito anunciou a construção de uma escola com recursos do governo do estado porque ele não consegue construir sequer uma sala de aula nem reformar as escolas.

Pauta Blog // O que a população pode esperar da sua postura nos próximos anos?
Enderson Guinho // A gente precisa cobrar que as coisas aconteçam! Passei pela Câmara durante quatro anos como vereador e as minhas críticas a Fernando Gomes foram em cima do que realmente estava acontecendo de negativo no município. Eu rompi com o prefeito Augusto Castro em 2022 e as minhas críticas também foram feitas em cima do que estava acontecendo e o desperdício do dinheiro público com a contratação de cargos fantasmas. Eu sei que, no Brasil, é muito difícil a gente ver um político que realmente queira as coisas corretas. A imagem que o cidadão tem do político é que ele tem que ser corrupto mesmo e se envolver com as coisas erradas e aceitar qualquer tipo de proposta. O meu objetivo na política é, dentro dessa vocação que tenho, tentar que o mínimo possa acontecer porque a nossa população merece. A minha postura nesses últimos quatro anos é que, se for bom, nós vamos elogiar, mas, aquilo que não estiver correto, nós vamos denunciar para que seja apurado. A gente espera que a Câmara, embora seja praticamente completa da base municipal, não seja subserviente e possa cobrar melhorias para a população.

Pauta Blog // Qual foi o seu maior ensinamento durante os oito anos de vida pública?
Enderson Guinho // Aprendi o que a Bíblia diz: maldito o homem que confia no homem. Dentro da política, a gente precisa ter muita sabedoria para saber em quem confiar porque, às vezes, aquelas pessoas que você acha que são seus melhores amigos são as que podem te apunhalar pelas costas e passar uma rasteira. Na política, tem que estar esperto e de olhos abertos porque as pessoas não pensam como você. Durante esses quatro anos como vice-prefeito, foi uma experiência muito negativa de relações. Eu pude aprender um pouco sobre como funciona o Poder Executivo, fiquei um ano como secretário de Esportes em uma secretaria sem orçamento, mas a gente conseguiu desenvolver algumas atividades dentro da pasta. Aprendi que é possível fazer, basta ter força de vontade e o compromisso com a coisa pública. Eu ganhei muita experiência nesses oito anos e tenho certeza de que a minha cabeça é outra e essa vontade de servir e fazer pela nossa cidade só aumenta cada vez mais.

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