O Pauta Blog conversou com o presidente do PSD em Itabuna, Alcântara Pellegrini, logo após o anúncio da desistência da pré-candidatura da primeira-dama e secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza, Andrea Castro, à deputada estadual. Pellegrini avaliou o caminho traçado desde a idealização do nome de Andrea como pré-candidata até o anúncio da mudança de planos.
Eleito como presidente do PSD em Itabuna desde 2018, Pellegrini também é secretário de Relações Institucionais e Comunicação da prefeitura de Itabuna e considerado um dos nomes mais ligados ao prefeito Augusto Castro (PSD). Mesmo assim, de acordo com Alcântara, ele foi surpreendido com a desistência da primeira-dama: 📌 “Com muita surpresa, mas com tranquilidade porque acredito muito que a decisão tomada foi a mais acertada. Nós viemos de um governo em ascensão muito grande com relação à proposta que foi colocada e entregue. (…) Nós viemos de um ano em ascensão, mas tivemos a enchente que foi uma catástrofe que atingiu mais de cinco mil famílias. Tudo o que tinha sido planejado em 2021 sofreu um impacto muito grande. No meio do ano passado, Augusto já planejava que Andrea seria a nossa candidata à deputada estadual representando a região. Mas, no momento, sentimos que existem outros problemas além da campanha de Andrea, que é cuidar do povo carente que está sofrendo. Os problemas são muito maiores do que Augusto encontrou, a cidade está muito devastada por causa dos governos passados e, agora, muito pior por conta das cheias, então tem que ter um cuidado com isso. Se a gente tivesse a questão da candidatura de Andrea colocada como segunda opção além da gestão, a gente teria uma fuga do foco de gestão”.
Questionado se a desistência da primeira-dama está ligada à mudança de rota no cenário de sucessão estadual, Pellegrini pontuou que não existe enfraquecimento da base: 📌 “A base aliada continua forte e coesa junto com Otto, Rui e Wagner. Não foi isso! O principal ponto é a gente focar a gestão nas pessoas e na recuperação das vidas das pessoas. Na conversa que Augusto teve com Andrea, ficou bem definido isso. Não foi de última hora, foi uma coisa que vinha sendo pensada logo após a enchente pensando que uma candidatura de Andrea poderia prejudicar muito a condução da gestão e prejudicar a vida das pessoas”.
O Pauta Blog quis saber se o recuo da gestão municipal tem a ver com a provável falta de veia política de Andrea Castro, mas o secretário discordou e disse que não há como fazer essa avaliação: 📌 “A gente só sabe, realmente, se a pessoa tem tino ou não para a política a partir do momento em que ela é diretamente levada a esse ponto. Ela não foi. A gente ia ver a partir de agora como ela ia se comportar. Ela está como secretária porque, até o momento, não pediu demissão nem foi exonerada. Ela faz o trabalho muito bem de gestora como ela é. Como política, a gente não sabe. Infelizmente, não vou saber ainda como ela iria se comportar porque ela não tinha ido diretamente para a campanha”.
Sobre o investimento que foi feito na Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza ao longo da gestão, Alcântara avaliou que o natural era manter o nome da primeira-dama em evidência uma vez que ela seria candidata: 📌 “Toda campanha, quando você pensa no nome, você tem que dar visibilidade mesmo na pré-campanha. Se foi pensado que Andrea seria uma representante nossa na eleição que está por vir, nós tínhamos, claro, que dar visibilidade a isso, até para atrair pessoas para ajudar na campanha. Foi isso que nós fizemos! Colocamos para avaliar para ver até onde a gente podia ir. É assim que faz em todas as campanhas políticas”.
Em relação à matemática dos pré-candidatos ligados ao PSD e à base, Alcântara explicou ao Pauta que a retirada do senador Otto Alencar da pré-candidatura ao governo do Estado implica diretamente nos nomes indicados pela legenda: 📌 “Nós tínhamos planejado que, com Otto, o PSD teria o voto de legenda fortalecido. Nós teríamos, automaticamente, um número maior de candidatos eleitos do PSD. Nesse bolo, Andrea estava dentro, Soane de Ilhéus e poderia vir até o próprio Marcone chegando com a saída, provavelmente, de Rosemberg para a vice-governadoria. Nós poderíamos ter aqui três representantes do Sul da Bahia. Quando Otto bate o martelo para o Senado, automaticamente, o voto de legenda cai e a gente tem a maior dificuldade possível. Esse também foi um dos itens que elencamos como dificuldade. Vale a pena a gente deixar de focar na gestão para fazer a campanha?”.
No período da enchente do Rio Cachoeira, comentou-se bastante sobre a ausência de Andrea Castro nas comunidades atingidas pelo aumento do nível das águas, mas o presidente do PSD itabunense justificou: 📌 “A primeira-dama estava lá. Você não precisa, necessariamente, ir fisicamente. Ela não podia estar em todas as comunidades atingidas. Ela ficou um dia e meio ilhada sem poder sair porque ela estava no Cidadelle em pleno Natal. Augusto saiu no meio da turbulência para ir para as comunidades e ela ficou com receio de sair no jet porque as águas estavam muito fortes. No momento em que ela saiu, ela montou o QG e esse QG deu todo o suporte durante o processo para que as pessoas pudessem ser atendidas”.
Mesmo diante da desistência da secretária em concorrer a uma vaga na Alba (Assembleia Legislativa do Estado da Bahia), o PSD ainda não bateu o martelo sobre o nome que vai substituir o de Andrea. De acordo com Alcântara, as negociações já começaram: 📌 “Eu tenho a opinião de que devemos buscar alguém que tenha consistência política na região, confiança do governo para que possa nos representar e tem que ser um nome de consenso para que a população itabunense também abrace esse nome. Ainda não há um nome. Augusto teve uma conversa importante ontem [segunda, dia 14 de março] com Otto Alencar e a gente espera, dentro dessa conversa, que possamos buscar um nome para fortalecer o PSD em Itabuna e na região que nos represente bem”.