EDITORIAL❗ Vereador Erasmo Ávila utiliza expressão racista para rebater críticas: “Aquela imprensa meio negra vai lá e diz que o painel não está funcionando”

Vereador e presidente da Câmara, Erasmo Ávila não lida bem com críticas e prefere atacar opositores a resolver os problemas da gestão // 📷 Foto Pauta Blog

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Que o presidente da Câmara de Itabuna, Erasmo Ávila (PSD), aparenta estar mais preocupado em puxar o saco do prefeito Augusto Castro (PSD) que, de fato, legislar, nós já sabíamos. O que a gente não imaginava é que ele seria capaz de utilizar uma expressão racista para se defender das críticas feitas ao painel eletrônico que, até hoje, não deu o ar da graça.

Em entrevista ao programa Frequência Política, Erasmo comentou sobre os veículos de imprensa que COBRAM o funcionamento do equipamento que custou R$ 187 mil aos cofres públicos. O vereador ficou visivelmente incomodado com quem ele define como “fiscal de painel”, ou seja, a população não tem o direito de questionar o porquê do aparelho ter sido locado em fevereiro e, após 6 meses, ainda não estar funcionando corretamente.

Em uma declaração vergonhosa, Erasmo utilizou uma expressão racista para desrespeitar o trabalho da imprensa: “A imprensa, muitas vezes, aquela imprensa ‘meio negra’, vai lá e diz que o painel da Câmara não está funcionando”. O que seria uma imprensa “meio negra”, vereador? Acredito que a sociedade precisa de uma boa explicação para que, em pleno século XXI, um político ainda não enxergue essa fala como um problema.

Para que o vereador aprenda, expressões como “lista negra”, “mercado negro”, “ovelha negra”, “a coisa está preta” e tantas outras, não devem mais ser utilizadas sob nenhuma hipótese. O senhor, como legislador, deveria saber que tais frases denotam preconceito racial ao associar acontecimentos e situações negativas à cor negra. Talvez o senhor desconheça a origem dessas falas, mas, com certeza, sabe que, infelizmente, elas são utilizadas para ofender e diminuir como se o negro fosse inferior ou ruim.

Sendo otimista, se o senhor quis dizer que a imprensa é “meio negra” porque o afronta, aponta os erros da gestão e cobra respostas em nome do povo, estamos honrados. Vou além ao dizer que queremos ser uma imprensa COMPLETAMENTE NEGRA e não só pela metade, como o senhor definiu, porque aí estaremos combatendo o racismo em suas mais variadas formas.

A boa notícia é que a IMPRENSA NEGRA existe no Brasil para documentar o debate público das questões envolvendo o negro brasileiro, como a discriminação racial, a recuperação da dignidade, identidade e história desse povo tão sofrido em nossa cultura. A Imprensa Negra Paulista, por exemplo, surgiu entre meados do século XIX e início do século XX, como uma ferramenta de luta e mobilização pelos direitos dos grupos negros após a abolição da escravatura.

Não importa qual é a cor da nossa pele, o que importa mesmo é a diferença que somos capazes de fazer nas vidas das pessoas. Qual é a diferença que o senhor tem feito desde que foi eleito, presidente?

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