O PT e DEM são os únicos partidos que podem ganhar o pleito de 2022 na sucessão do governador Rui Costa, respectivamente com as candidaturas de Jaques Wagner e ACM Neto.
E o PSD do senador Otto Alencar? Se a elegibilidade do ex-presidente Lula não sofrer nenhum revertério, a legítima postulação do dirigente-mor do PSD da Boa Terra será arquivada.
A entrada de Lula no processo sucessório presidencial, além de firmar o nome do também senador Jaques Wagner para a disputa do Palácio de Ondina, faz sua pretensão de governar a Bahia pela terceira vez ficar forte. Não há mais a figura do “poste”, como era chamado o petista Fernando Haddad.
O DEM tem a candidatura natural do ex-prefeito ACM Neto. Wagner tem como principal cabo eleitoral a popularidade de Lula na Bahia. O ex-alcaide suas duas gestões como prefeito de Salvador com repercussão nacional.
São duas vagas a serem discutidas na composição da chapa majoritária, a de vice-governador e Senado. Pelo lado do governismo, tudo caminha, salvo algum acidente de percurso, para três pontos: 1) Rui Costa abrindo mão de disputar a eleição de 2022, permanecendo no cargo até o último dia do mandato. 2) Otto Alencar assumindo a vaga para o Senado buscando sua reeleição. 3) o vice-governador João Leão indicando o filho, o deputado Cacá Leão, como vice de Wagner. Não sei se existe algum impedimento na lei sobre essa indicação.
Se tudo ocorrer como a cúpula do lulopetismo quer, e o PSD de Otto e o PP de João Leão se derem como satisfeitos, o PSB da deputada federal Lídice da Mata vai ser novamente defenestrado da majoritária e, como consequência, o papel de coadjuvante na sucessão estadual. O PCdoB tem o mesmo destino.
Em relação à oposição, que só tem o nome de Neto com condições políticas e viabilidade eleitoral para enfrentar Wagner, a curiosidade fica por conta da posição do DEM diante da sucessão de Bolsonaro. Hoje, neste momento, a campanha de Neto está desnacionalizada, já que o ex-alcaide não sabe ainda para que lado vai. Essa indefinição, que não pode durar por muito tempo, não é aconselhável. Uma parte significativa do eleitorado não gosta dessa incerteza.
Das legendas que podem apoiar ACM Neto, de expressão nacional, só o PSDB é tido como o mais provável. O MDB e o Republicanos são dúvidas. O primeiro, como é reconhecidamente pragmático, já conversa com o PT. O outro, depois da nomeação de João Roma para o ministério do governo Bolsonaro, passa a ser uma gigantesca incógnita.
E o PDT do deputado Félix Júnior? Se ACM Neto quiser contar com o apoio da legenda, terá que abrir o palanque para Ciro Gomes. O pedetismo baiano não pode é apoiar um candidato a governador que peça voto para outro candidato à presidência da República que não seja Ciro. Seria uma imperdoável ingenuidade. Que coisa, hein! Pedir voto para Wagner e este pedindo para Lula. “Negoção”, como gosta de dizer um amigo daqui de Itabuna.
Se Jaques Wagner conta com Lula, ACM Neto tem ao seu lado o forte sentimento de mudança cada vez mais crescente, querendo por um ponto final no PT governando a Bahia. Com o fim do mandato de Rui Costa, completam 16 anos do petismo no poder.
A previsão de que o ex-presidente Lula seja o mais votado presidenciável na Bahia, não pode levar ninguém a dizer que a vitória de Wagner é favas contadas. Esse discurso do “já ganhou” não é bem aceito pela ala do lulopetismo mais lúcida.
No pleito de 2022, quando o assunto é a sucessão do governador Rui Costa, só duas afirmações são inquestionáveis, tendo a unanimidade do governismo e oposicionismo: a candidatura de Jaques Wagner e ACM Neto como o único adversário que pode evitar que o ex-governador volte ao comando do cobiçado Palácio de Ondina.
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Marco Wense é Analista Político