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PP, MDB E A SUCESSÃO ESTADUAL

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A declaração do governador Rui Costa de que ficaria “complicada” a aliança com o PP caso o presidente Bolsonaro se filie a legenda, obviamente para disputar o segundo mandato (reeleição), é merecedora de elogios.

O morador mais ilustre do Palácio de Ondina está sendo sincero com o vice-governador João Leão, jogando limpo. O implícito conselho do petista-mor da Bahia é que Leão procure outro caminho político, que não há nenhuma possibilidade do PP integrar a majoritária da base aliada.

Com efeito, o chefe do Palácio do Planalto condicionou sua ida para o Progressistas a nenhum tipo de acordo com o lulopetismo. Salta aos olhos que o comando nacional do PP não vai ficar ao lado de Leão em detrimento do presidente da República.

A conversa entre o governador e o vice passa a ser o assunto mais importante da sucessão estadual. Como Bolsonaro no PP já é dado como certo, favas contadas, 2 + 2 = 4, a situação do vice é realmente complicada.

Já o MDB dos irmãos Vieira Lima, Geddel e Lúcio, vive o oposto, tendo autonomia para decidir o rumo que a legenda vai tomar no pleito de 2022, se fica com o PT, apoiando o senador Jaques Wagner, ou com o União Brasil com a candidatura de ACM Neto. O ex-governador e o ex-prefeito de Salvador são pré-candidatos ao governo do Estado.

É evidente que o MDB, assentado no bom tempo que dispõe no horário eleitoral e no enraizado pragmatismo, vai reivindicar uma vaga na chapa, seja ela encabeçada por Wagner ou Neto.

Voltando a Leão, o que se comenta nos bastidores é que o governador Rui Costa vai propor ao vice que procure outro abrigo partidário da base aliada. Como contrapartida, além de indicar o vice de Wagner, Leão assumiria o governo por nove meses com a desincompatibilização de Rui, que passaria a ser um dos coordenadores da campanha presidencial de Lula.

Se não houver um entendimento entre Rui e Leão, o vice fica com duas opções:

1) se aproximar de ACM Neto e sair candidato a senador pela majoritária sem precisar deixar o PP.

2) disputar a sucessão estadual pela sigla. Ambas teriam o aval da cúpula nacional do Progressistas. São dois caminhos que enfraquecem Jaques Wagner e, por tabela, a candidatura do ex-presidente Lula.

Vale lembrar que as duas maiores lideranças do PP, Ciro Nogueira e Arthur Lira, respectivamente ministro-chefe da Casa Civil e presidente da Câmara dos Deputados, são aliados de carteirinha de Bolsonaro. Nogueira é o dono do Progressistas.

No mais, concluindo o comentário de hoje, dizer que o governador Rui Costa está sendo transparente com Leão, colocando as cartas na mesa, sendo claro, sem tapeação.

A filiação de Jair Messias Bolsonaro no PP, até agora o mais esnobe e pomposo integrante do Movimento dos Sem Partidos (MSP), enterra a aliança com o lulopetismo da Boa Terra. 


Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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