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O RETORNO DE MOURÃO

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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que ficou um bom tempo evitando qualquer tipo de atrito com o chefe do Palácio do Planalto, resolveu mudar de ideia, não no sentido de criar arestas com a autoridade maior do Poder Executivo, mas de expor sua opinião, seu posicionamento diante do que vem acontecendo.

O general, que tem a simpatia de muitos colegas das Forças Armadas, não é bem aceito por uma parcela do bolsonarismo, mais especificamente do chamado “bolsonarismo de raiz”, cuja missão é a defesa do presidente, é defendê-lo mesmo na conta de que 2+2=5.

Os bolsonaristas mais radicais, quando o assunto é Bolsonaro, lembram os petistas em relação a Lula. Milhares deles não acreditam que Lula sabia dos escândalos do seu governo quando então presidente da República. Bolsominions e lulominions são bem parecidos.

Muitos posicionamentos do general Mourão agradam o ministro da Economia Paulo Guedes, principalmente em relação à manutenção do teto de gastos e o equilíbrio fiscal. São dois itens que deixam o Centrão apavorado, já que criam dificuldades para o toma lá, dá cá.

Com o argumento de que está sendo gasto uma dinheirama para enfrentar a gravíssima crise humana e sanitária provocada pela pandemia do novo coronavírus, Mourão defende uma “nova reforma na Previdência”.

No tocante a essa reforma previdenciária, o que se espera é que o aumento na arrecadação seja patrocinado pela parte de cima da pirâmide social, cada vez mais apontando uma perversa injustiça social, com os ricos ficando milionários e os pobres caminhando a passos largos para a miséria, sem ter o que comer, morrendo de fome.

Mourão disse que “a era do dinheiro fácil acabou”, fazendo referência a Argentina, que se encontra em uma situação complicada em decorrência de “uma política econômica alheia ao equilíbrio das contas públicas”.

O presidente Jair Messias Bolsonaro teve muita sorte de ter um vice como Mourão, tido como o ponto de equilíbrio do governo e institucionalmente responsável. Já pensou um vice ao modo Michel Temer, que passou o tempo todo tramando o impeachment de Dilma Rousseff ? Seria um Deus nos acuda, um pega-pega com desastrosas consequências para o Estado democrático de direito.

Concluo dizendo que o general Mourão precisa fazer chegar à Câmara dos Deputados, que aumentou em 170% o limite de despesas médicas na redes privadas, agora com R$ 135,4 mil à disposição dos senhores representantes do povo, que “o dinheiro não está fácil”, que deixem de lado seus interesses pessoais e se preocupem mais com o coletivo, com a agonia do dia a dia das pessoas.

Muitos “homens públicos”, deixando de fora as honrosas exceções, precisam tomar vergonha na cara. 

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Marco Wense é Analista Político

*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br

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