Confesso que não achei um título que encaixasse perfeitamente no comentário de hoje envolvendo o presidente Jair Messias Bolsonaro e ACM Neto, ex-prefeito de Salvador.
Mesmo não ficando satisfeito, o intitulei de “Coisas da Política”. São dois assuntos. O primeiro diz respeito ao comportamento do chefe do Palácio do Planalto na pandemia do novo coronavírus. O segundo trata da indecisão do ex-gestor soteropolitano, que é o comandante-mor do DEM nacional, em relação a seu futuro político.
Começando pelo pré-candidato a governador da Bahia, volto a repetir que o democrata precisa de uma bússola para orientar seu rumo político: o que quer, o que pretende fazer, com que forças e grupos políticos pretende se juntar, enfim, buscar um caminho. Disse ontem que esse vai e vem de Neto, essa sua indefinição diante do cenário político, pode prejudicar sua pretensão de ser o morador mais ilustre do Palácio de Ondina, que seu “hibridismo político” vai terminar fazendo com que perca o favoritismo na sucessão estadual decorrente de uma natural fadiga do eleitorado com o petismo, que com o fim do mandato de Rui Costa completará 16 anos de poder na Boa Terra.
ACM Neto tem que tomar uma decisão sobre sua posição diante do governo Bolsonaro. Ficar nessa de cativar os dois lados – bolsonarismo e oposição – é desaconselhável. Vai terminar desagradando a gregos e troianos. Vale lembrar que muitos bolsominions, principalmente os radicais, já chamam Neto de “comunista”.
No outro dia, que é hoje, sexta (12), me deparo com a seguinte declaração do ex-alcaide: “Não teria nenhuma dificuldade de estar ao lado do PSB, PCdoB e PT”. Fica parecendo que Neto está ameaçando debandar para o outro lado para ser melhor tratado pelo presidente Bolsonaro. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o tiro termina saindo pela culatra quando se agrada, simultaneamente, dois diferentes campos ideológicos.
A conclusão sobre ACM Neto é que precisa conversar com seus próprios botões sobre essa insegurança, esse vai-não-vai, sob pena de ficar desacreditado pelos dois lados e, como consequência, o sonho de ser governador virar um pesadelo. Essa sua dubiedade já provoca uma queda nas intenções de voto.
E o presidente Jair Messias Bolsonaro? Continua o mesmo. Quem apostou que mudaria com o aumento do número de óbitos em decorrência da pandemia do cruel e devastador novo coronavírus se deu mal, perdeu dindin. É incrível como o chefe de uma Nação teima em dar declarações desastrosas diante de tantas perdas de vidas humanas.
Tivemos ontem o maior índice de mortes registrado em 24 horas neste ano de 2021. Cerca de 1452 pessoas deram adeus ao planeta terra, totalizando quase 237 mil óbitos pela covid 19.
O presidente Jair Messias Bolsonaro em vez de emitir uma nota ou dar uma declaração para confortar as famílias que tiveram seus entes queridos levados pelo perverso vírus, lança mão de mais uma frieza: “Não adianta ficar em casa chorando, não vai chegar a lugar nenhum”. Para Bolsonaro, morreu, morreu, esqueça os mortos, eles não levantam mais.
Portanto, na Coluna Wense de hoje, um erro político que pode custar muito caro e uma imperdoável insensibilidade com a vida do ser humano.
PS – O dilema de ACM Neto tende a crescer quando as pesquisas apontarem que a rejeição do presidente Bolsonaro segue crescendo no eleitorado baiano.
___________
Marco Wense
Analista Político
*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br