O ex-presidente Lula, na sua visita a Salvador, na próxima quarta, 25, terá um encontro com os partidos da base aliada do governador Rui Costa : PSB, PCdoB, PP, PSD, PODEMOS, AVANTE e, obviamente, o PT.
Mas não é essa conversa com as siglas que dão sustentação política ao chefe do Palácio de Ondina que vem causando expectativa, já que dessa reunião, com tantas testemunhas, não sairá nenhuma novidade. Lula vai cumprimentar os dirigentes partidários e agradecer pelo apoio a Rui Costa. Nada mais.
O encontro que chama atenção, que já provoca várias especulações, burburinhos e disse-me-disse, é o de Lula com Rui Costa, não se sabe ainda se na presença ou não do senador Jaques Wagner.
Lula vai querer saber de Rui sua posição em relação à sucessão estadual, mais especificamente se deseja disputar o Senado. Vai dizer ao petista-mor da Boa Terra que a base aliada precisa ficar unida, que o caminho da união está na sua permanência no governo, concluindo seu mandato até o último dia, o que evitaria uma preocupante fissura na base aliada e, como consequência, uma dificuldade maior para compor a chapa majoritária.
E qual seria a composição ideal para enfrentar ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM? A resposta é a que mais preocupa o ex-gestor soteropolitano: Wagner encabeçando a chapa, Otto Alencar como vice e João Leão disputando o Senado da República.
É evidente que a Rui, como contrapartida pela sua compreensão, pelo entendimento que a causa maior (a eleição de Lula) deve superar a menor (o pega-pega regional), será prometido um importante ministério em uma eventual vitória do presidenciável do Partido dos Trabalhadores.
Lula deve dizer a Rui que sua desincompatibilização, tendo que deixar o governo no mês de abril de 2022, vai colocar o vice-governador João Leão no comando do Estado, lembrando que Leão é do PP, legenda do Centrão e a mais fiel ao presidente Bolsonaro.
Se ACM Neto resolver se reaproximar do bolsonarismo, fazendo as pazes com o ministro João Roma, vai exigir da cúpula nacional do PP, tendo na linha de frente Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil, o apoio de João Leão à sua candidatura ao governo da Bahia.
O cenário político só ficará menos embaçado depois das águas de março fechando o verão de 2022, o que não impede qualquer tipo de especulação, desde que dentro de uma certa lógica. E aí não tem como não lembrar da máxima que diz que “na política tudo é possível”. Salta aos olhos que não é bem assim. Existe a possibilidade de ACM Neto ser o vice de Jaques Wagner? Claro que não.
Vamos ver o que vai acontecer nos encontros de Lula com as lideranças políticas para uma análise mais consistente.
Marco Wense é Analista Político