Josias Gomes, deputado federal licenciado, hoje secretário estadual de Desenvolvimento Agrário, deixou nas entrelinhas, na sua entrevista ao site soteropolitano Política Livre, que o governador Rui Costa dificilmente será o candidato do PT na sucessão presidencial de 2022.
Josias, que já foi dirigente-mor estadual do Partido dos Trabalhadores, disse que a legenda “não deve descartar a possibilidade do governador Rui Costa se lançar candidato à presidência da República”. Essa declaração é a prova inconteste de que o chefe do Palácio de Ondina vem sendo preterido pela cúpula do lulopetismo.
Ora, se vem sendo isolado, escanteado pelo alto comando do PT, sob a batuta de Gleisi Hofmann, é sinal de que o ex-presidente Lula não quer Rui Costa como candidato na sucessão de Bolsonaro, que continua apostando em Fernando Haddad. Quem manda no PT é Lula e ponto final.
Josias também cita Camilo Santana e Wellington Dias, os outros dois governadores do PT, respectivamente do Ceará e Piauí, como opções da sigla para a disputa do maior e mais cobiçado cargo do Poder Executivo.
Josias lembra de Santana e Dias só por uma questão de companheirismo e educação política. Ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que os governadores do Ceará e do Piauí são cartas que não se encontram mais no baralho do lulopetismo, já excluídas do jogo pelo poder. A chance de um deles ser o candidato é zero.
Santana é ligado a Ciro Gomes, que é presidenciável pelo PDT. Só esse bom relacionamento político entre ele e Ciro já é motivo para o lulopetismo defenestrá-lo. Wellington Dias é de um Estado pequeno, que não tem força política suficiente para enfrentar adversários de outros entes federativos mais poderosos.
Outro ponto é que Josias, ao defender o nome do governador Rui Costa, faz referência a sua boa gestão. O que nos leva a uma pertinente pergunta: Por que Fernando Haddad é o queridinho de Lula? E aí não tem como deixar de lembrar que o preferido de Lula foi considerado o pior prefeito da cidade de São Paulo. Politicamente falando, sequer passou para o segundo turno na tentativa de se reeleger. E mais: perdeu em todas as urnas para o tucano João Doria.
Só tem um argumento para justificar esse chega pra lá do ex-presidente no governador Rui Costa: Lula não esqueceu da opinião de Rui de que o PT não poderia condicionar as alianças partidárias à defesa do então movimento “Lula Livre”. A polêmica declaração, que provocou muito alvoroço nas hostes do petismo, foi dada assim que Lula deixou a prisão, sua “moradia” por longos 580 dias.
Josias sabe que se depender da cúpula do lulopetismo, obviamente sob às ordens de Lula, Rui Costa não será candidato ao Palácio do Planalto. Com efeito, tem até gente graúda na legenda defendendo sua permanência no governo até o último dia do mandato.
Concluo dizendo que Fernando Haddad tem um invejável cabo eleitoral, que torce efusivamente para que seja o nome do PT no pleito de 2022 : Jair Messias Bolsonaro.
PS – O melhor caminho para o governador Rui Costa é, sem nenhuma dúvida, disputar o Senado da República. Qualquer outro rumo, até mesmo ser o candidato do PT na sucessão de Bolsonaro, é desaconselhável. A certeza de uma eleição para o Congresso Nacional não pode ser trocada por uma aventura que nem Tarzan toparia.
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Marco Wense
Analista Político
*A análise do colunista não reflete, necessariamente, a opinião de Pauta.blog.br