O ano era 2020. O ex-deputado estadual por dois mandatos, Augusto Castro (PSD), vencia as eleições municipais em Itabuna com 39,5%. O experiente político recebeu 40.868 votos válidos e, com folga, ganhou a chance de ocupar o Centro Administrativo Firmino Alves.
Ao assumir o cargo, em janeiro de 2021, chegou a dizer que o cenário encontrado era bastante diferente do que imaginava. Pior, no caso. Um dos setores mais afetados, claro, era a Saúde, que ainda tentava se equilibrar em meio à pandemia da Covid-19. Doença que, inclusive, acometeu o prefeito e o deixou hospitalizado no Hospital Calixto Midlej Filho entre a vida e a morte antes mesmo de sonhar ser eleito pelos itabunenses.
Parte da população ficou bastante sensibilizada com o drama pessoal de Augusto, que saiu, literalmente, de um leito de UTI para disputar as eleições. É claro que os eleitores esperavam que o prefeito tivesse um olhar mais atento a todas as questões relacionadas à Saúde. Ouso dizer que ainda esperam.
Um dos assuntos principais sempre foi o Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães (HBLEM), unidade de referência na região e responsável por atender pacientes de cerca de 120 municípios. Ao sentar na cadeira do Executivo, o gestor escolheu o médico especialista em Oncologia, Eduardo Kowalski, para assumir o cargo de diretor-presidente da Fasi (Fundação de Atenção à Saúde de Itabuna). Bom nome. Competente, experiente e humano. Kowalski deixou o cargo pouco mais de um ano e meio depois e agradeceu a oportunidade.
Após a saída do médico, o prefeito nomeou a enfermeira Fernanda Ludgero para assumir a função. Ela entrou em agosto de 2021 e saiu em maio de 2022. Com uma postura diplomática, deixou o cargo para ocupar a Secretaria de Governo.
O experiente Roberto Gama – que já havia assumido a presidência da Fasi em 2020 -, foi convocado para retornar à função. Entre a classe médica e demais funcionários que atuam no HBLEM, é quase unânime a preferência pelo nome de Gama. Educado, organizado e cordial. Ficou na função até março deste ano, mesmo com inúmeros protestos contrários à sua saída. A política falou mais alto.
O prefeito Augusto Castro, que já começava a fazer cálculos para as eleições de outubro, “fechou” com o Republicanos municipal e “entregou” a presidência da Fasi para o advogado e presidente da sigla na cidade, José Carlos Trindade. Nada contra. Mas, qual a motivação técnica para a mudança? Por que mexer no que, até então, estava caminhando para dar certo?
Não durou muito a permanência de Trindade. A política, mais uma vez, falou mais alto no gabinete do prefeito e pré-candidato à reeleição. Dessa vez, uma articulação com o senador e líder do seu partido na Bahia, Otto Alencar (PSD), fez com que Augusto nomeasse o ex-prefeito de Itajuípe e ex-jogador de futebol, Marcone Amaral (PSD), para o cargo. Definitivamente, trata-se de uma decisão política. Até onde sabemos, não há comprovação de que Marcone tenha alguma experiência na área da Saúde a ponto de presidir uma fundação tão importante.
Na rede social Instagram, uma leitora deste Pauta Blog fez o seguinte questionamento: “Qual é o currículo técnico que ele possui para ocupar um cargo tão sensível como este? Os caras loteiam até um hospital”.
Em pouco mais de três anos de gestão, o prefeito Augusto Castro já nomeou cinco pessoas para ocupar o cargo. É preocupante, principalmente se avaliarmos os reais motivos que nortearam as decisões do gestor. Em ano eleitoral, muitas coisas boas e ruins podem acontecer, mas o grande problema é que as consequências sempre recaem sobre a população.